Legendarium

A Autoria ficcional no Legendarium de J.R.R. Tolkien

 

Antes de ler o artigo se inscreva em nosso canal no youtube para incentivar o site AQUI. Você pode baixar o áudio completo desse texto clicando AQUI 

————————————————-

by Eduardo Stark

O professor J.R.R. Tolkien utilizou em seus livros uma técnica conhecida como “Story within a Story” (História dentro de uma história), também chamada Mise em Abyme. Nesse recurso literário o autor escreve o livro e este é como se fosse parte da própria história que relata. Existe a figura do autor ficcional, um personagem que faz parte daquele universo, mas que ao mesmo tempo é autor das mesmas histórias que testemunhou ou que anotou os seus relatos. (Veja mais sobre a ténica Mise em Abyme AQUI).

Ao escrever suas obras Tolkien não apenas narrou as histórias com o ponto de vista do autor, como a maioria dos romances, no chamado narrador onipresente e onisciente. O que ele pretendia era que cada uma de suas histórias fossem também manuscritos ou registros daquele período dentro do próprio mundo.

Nesse sentido, existem dois grandes planos para se entender as obras e sua autoria: O Mundo Primário e o Mundo Secundário. O Mundo primário é o nosso mundo e nossa realidade, onde evidentemente o autor dos livros é apenas J.R.R. Tolkien. Enquanto que no Mundo Secundário, as histórias narradas teriam seus próprios autores ficcionais.

Em várias passagens dos livros O Hobbit e O Senhor dos Anéis, Tolkien demonstrou que o Legendarium era um passado mitológico de nosso próprio mundo. Isso quer dizer que existe, dentro da fantasia, uma linha temporal que liga a quarta era do sol da Terra-média (o final de o Senhor dos Anéis) e a nossa época pós-segunda guerra mundial. (veja mais em nosso artigo AQUI).

O professor Tolkien se coloca como um estudioso que encontrou registros históricos em línguas diferentes. Dentro de seu mundo secundário ele seria um tradutor dessa obra. Isso é demonstrado, por exemplo, na edição do Hobbit publicada em 1937. Existem runas nas partes superiores e inferiores da dustcover que informam que o livro é um compilado feito por Tolkien a partir das memórias escritas por Bilbo Bolseiro:

“O Hobbit ou Lá e de Volta Outra Vez; Sendo o registro de um ano da jornada feita por Bilbo Bolseiro da Vila dos Hobbits; compilado a partir de suas memórias por J.R.R. Tolkien; e publicado pela George Allen & Unwin Ltd”.

Outro exemplo está no frontispício de O Senhor dos Anéis, que informa ser o livro uma tradução de J.R.R. Tolkien a partir dos manuscritos do Livro Vermelho do Marco Ocidental. Conforme pode ser lido a seguir:

“O Senhor dos Anéis traduzido do Livro Vermelho do Marco Ocidental por John Reuel Tolkien. Aqui está contada a história da Guerra do Anel e do Retorno do Rei conforme vista pelos hobbits.”

Dessa forma, tanto O Hobbit quanto O Senhor dos Anéis, são relatos dos próprios protagonistas das histórias. Que apresentam sua visão da Guerra do Anel. Em síntese, existem duas formas de se analisar a autoria do Senhor dos Anéis e o Hobbit:

·Autor Real (Mundo Primário): J.R.R. Tolkien autor do Senhor dos Anéis e o Hobbit, que escreveu suas obras entre 1930 a 1955.

·Autor Ficcional (Mundo Secundário): Bilbo Bolseiro autor do Hobbit. Frodo, Sam e outros como autores de O Senhor dos Anéis, que somado a outros volumes formam o Livro Vermelho, escrito no final da Terceira Era e início da Quarta Era do Sol na Terra-média. Que por sua vez foi traduzido do Westron para o Inglês por J.R.R. Tolkien na Sétima Era do Sol.

 

No inicio de O Senhor dos Anéis, A Sociedade do Anel, Livro I, em “Notas sobre o Registro do Condado” existe o relato sobre como se formou o Livro Vermelho a partir dos relatos dos Hobbits e com acréscimos de alguns humanos. Além disso, é citado que a cópia do humano Findegil é a única que:

“contém todas as “Traduções do Élfico” feitas por Bilbo. Esses três volumes foram considerados um trabalho de grande habilidade e erudição durante o qual, entre 1403 e 1418, ele usou todas as fontes disponíveis em Valfenda, tanto vivas quanto escritas”.

Bilbo Bolseiro passou quinze anos em Valfenda fazendo anotações com os relatos dos próprios elfos e fazendo traduções dos manuscritos. Certamente o Hobbit teve diálogos interessantes com os mais renomados estudiosos de Valfenda que se encontravam naquele local, dentre eles Elrond e talvez Glorfindel. Quanto a essas “fontes escritas” disponíveis em Valfenda, que Bilbo teve acesso, O Senhor dos Anéis não trata com detalhes de quem seriam seus autores ou o que tratavam propriamente.

Essas chamadas “Traduções do Élfico” são presumivelmente[1] o próprio Silmarillion com os grandes contos de Beren e Lúthien, Os Filhos de Húrin e A Queda de Gondolin, dentre outros textos. Assim, pode-se resumir da seguinte forma:

·Autor Real (Mundo Primário): J.R.R. Tolkien autor dos textos de O Silmarillion, Os Filhos de Húrin, Beren e Lúthien, A Queda de Gondolin e outros textos sobre o Legendarium não publicados durante sua vida. Postumamente os principais textos foram publicados com edição de Christopher Tolkien.

·Autor Ficcional (Mundo Secundário): O Silmarillion, Os Filhos de Húrin, Beren e Lúthien, A Queda de Gondolin e outros textos são traduções e complementos feitos por Bilbo Bolseiro a partir dos manuscritos e relatos antigos. Que por sua vez foi traduzido do Westron para o Inglês por J.R.R. Tolkien na Sétima Era do Sol e publicado postumamente por Christopher Tolkien.

Assim, o Silmarilion apresenta a versão das histórias que trata dos elfos, enquanto que no Hobbit é uma visão mais humana (hobbitesca), culminando com o Senhor dos Anéis que reúne materiais tanto das histórias élficas quanto hobbitescas e humanas propriamente.

Tolkien deixa clara essa forma de entender sua obra quando afirmou em uma de suas cartas: “Assim como presume-se que as Lendas elevadas do início sejam a visão das coisas através de mentes Élficas, a história intermediária do Hobbit assume um ponto de vista praticamente humano — e a última história combina-os”. (Carta 131, para Milton Waldman, de 1951).

Desso modo, a Autoria real, ou do mundo primário, parece obvia pela simples constatação da realidade e dos fatos da vida e obra de Tolkien. Contudo, no mundo secundário há uma maior dificuldade em definir quais seriam os autores dos relatos élficos, quais seriam esses manuscritos que Bilbo teve acesso e que usou como fonte para suas traduções.

Ausência de autoria ficcional dos livros póstumos de Tolkien

Entre os anos de 1914 a 1973, o renomado escritor J.R.R. Tolkien dedicou boa parte de seu tempo escrevendo sua própria mitologia que pudesse dedicar a Inglaterra e que incluísse aspectos de línguas artificiais. A esses escritos deu-se o nome de legendarium, o conjunto de histórias do seu mundo imaginário.

Durante sua vida Tolkien publicou pouco material relacionado ao seu legendarium. Basicamente foram O Hobbit (1937), O Senhor dos Anéis (1954-1955), As Aventuras de Tom Bombadil (1962) e Road Goes Ever On (1968)[2] e concedeu algumas entrevistas em que comentava sobre seus livros.

Tolkien acabou falecendo em 1973 deixando centenas de manuscritos com diversos rascunhos de suas obras. Eram prateleiras cheias de cartas, desenhos, poemas, capítulos inacabados, esquemas, mapas etc.

Grande parte desse material foi editado por Christopher Tolkien, filho do autor e herdeiro literário. Os principais livros são O Silmarillion, Beren e Lúthien, Contos Inacabados e Os Filhos de Húrin. Além dessas obras também foi publicada a série de doze volumes chamada A História da Terra-média.

Contudo, nenhuma dessas obras apresenta indicativos de seus autores ficcionais, tal como havia acontecido em O Hobbit e O Senhor dos Anéis. Em Beren e Lúthien e Os Filhos de Húrin o editor não colocou nenhum frontispício, enquanto no Silmarillion e Contos Inacabados.

No frontispício do livro O Silmarillion, onde deveria estar o nome dos autores ficcionais, Christopher Tolkien escreveu o seguinte:

The tales of the First Age when Morgoth dwelt in Middle-Earth and the Elves made war upon him for the recovery of the Silmarils,

Os contos da Primeira Era, quando Morgoth habitava na Terra-Média e os Elfos fizeram guerra contra ele para a recuperação das Silmarils,

to which are appended the downfall of Númenórë and the history of the Rings of Power and the Third Age in which these tales come to their end

aos quais estão anexadas a queda de Númenórë e a história dos Anéis de Poder e da Terceira Era em que estes contos chegam ao fim.

Enquanto que no livro Contos Inacabados, no frontispício está escrito: “Neste livro de contos inacabados de John Ronald Reuel Tolkien, que foi compilado por Christopher Reuel Tolkien, seu filho, são relatadas muitas coisas dos homens e elfos em Númenor e na Terra Média”.

Assim, no Silmarillion publicado e outras obras póstumas, Christopher Tolkien optou por não mencionar o nome de seu pai como um tradutor dos manuscritos, diferente do que ocorreu em O Senhor dos Anéis e o Hobbit. Ele se ateve apenas a indicar os textos que compõem o livro e não mencionar autores ficcionais.

A autoria ficcional no Silmarillion e o erro de Christopher Tolkien

O Silmarillion editado por Christopher Tolkien, não pode ser entendido como um livro único propriamente, pois ele se divide em diversos relatos que podem ser lidos de forma separada sem grande comprometimento.

Tal como na Bíblia existem vários livros distintos reunidos em um único volume, os escritos dos elfos e humanos estão assim dispostos em ordem cronológica: Ainulindalë, Valaquenta, Quenta Silmarillion, Akallabêth e Dos Anéis de Poder e da Terceira Era.

No Ainulindalë e no Valaquenta estão os relatos sobre os Valar e a criação de Arda. No Quenta Silmarillion são narradas as histórias da luta dos elfos contra Morgoth, focando especialmente nas aventuras relacionadas às Silmarils, pedras encantadas moldadas por Fëanor. Colocado junto com esses textos está o Akallabêth que narra as histórias dos reis dos homens que habitavam a ilha de Númenor e a sua drástica destruição. E por último, há um pequeno relato sobre a Terceira Era e como a luta dos elfos contra o mal na Terra Média se encerrou com a destruição de Sauron, o último senhor do escuro.

Essa foi a ideia do Tolkien. De que O Silmarillion seria uma reunião de escritos dos elfos e humanos sobre os tempos antigos. Conforme Christopher Tolkien informa no seu prefácio do Silmarillion:

“…meu pai veio a conceber O Silmarillion como uma compilação, uma narrativa sucinta e abrangente, feita muito tempo depois, a partir de fontes de grande diversidade (poemas, crônicas históricas e narrativas orais), que sobreviveram numa tradição secular” (O Silmarillion, Prefácio de Christopher Tolkien).

Entre a publicação do Silmarillion em 1977 até a publicação do livro ‘As Cartas de J.R.R. Tolkien’ em 1981, não havia material suficiente para determinar quais seriam os autores ficcionais dos textos que seriam parte do compilado do Silmarillion, no mundo imaginário.

Christopher Tolkien com seu tradicional cachimbo Hobbbitesco.

No ano seguinte, o autor Tom Shippey publicou o livro “The Road to Middle-earth: How J. R. R. Tolkien Created a New Mythology” (A Estrada para a Terra-média: Como J.R.R. Tolkien Criou uma Nova Mitologia). Nessa obra, Shippey discute temas relacionados a origem do legendarium de Tolkien e apresenta suas considerações. Ele chega a tratar sobre a profundidade do Silmarillion e a necessidade de se ter as “camadas” tal como existe em O Senhor dos Anéis.

Na tentativa de definir os autores ficcionais do Silmarillion, Shippey assumiu que os próprios textos poderiam “ser supostamente escritos por Homens, de diferentes períodos, pesquisando pelas eras os vastos rumores dos quais a verdade sabiam apenas em parte.” (The Road to Middle-earth, p.230). [3]

Nesse raciocínio, Tom Shippey faz uma analogia com manuscritos reais, e complementa sua ideia dizendo que:

“O Silmarillion poderia então se tornar parecido (por exemplo) com “A Saga do Rei Heidrek, o Sábio”, escrita posteriormente mas preservando intensamente os fragmentos dos versos dos quais muito do tempo antigo foi perdido, então até mesmo em questão editorial poderia reforçar o efeito de antiguidade e escuridão…” (The Road to Middle-earth, p.230).[4]

Com a publicação dos doze livros da série História da Terra-média, editados por Christopher Tolkien, fica claro que a autoria ficcional é muito mais complexa do que Shippey poderia imaginar e suas suposições não poderiam ser consideradas. Inicialmente, nos Livros dos Contos Perdidos as histórias era escritas com base em relatos dos próprios elfos que foram testemunhas de alguns dos fatos e não apenas conhecedores de rumores em parte verdadeiros.

Embora Shippey não tenha acertado na sugestão do autor ficcional, a ideia da necessidade dela para que a obra tivesse uma maior profundidade foi levada em consideração por estudiosos da época e até mesmo pelo Christopher Tolkien.

Na tentativa de responder aos comentários de Tom Shippey, logo no primeiro livro da série História da Terra-média, no Livro dos Contos Perdidos primeira parte, Christopher Tolkien apresenta explicações de ter omitido a autoria ficcional do Silmarillion e as camadas das histórias.

Christopher Tolkien reconhece que a ausência de camadas no Silmarillion foi um erro, porém justificável naquela época. Conforme ele reconheceu expressamente: “A obra publicada não tem nenhuma ‘camada’, nenhuma sugestão do que é ou como veio a ser dentro do mundo imaginário. Agora penso que isso tenha sido um erro”[5]

O tema da autoria ficcional dos relatos do Silmarillion é um dos mais complexos do legendarium, pois Tolkien mudou de diversas formas suas histórias nesse ponto. Isso acabou levando Christopher Tolkien a evitar qualquer menção do tipo no Silmarillion e obras póstumas do legendarium.

O modo original, em O Livro dos Contos Perdidos, no qual um Homem, Eriol, após uma grande viagem pelo oceano, chega até a ilha onde os Elfos habitam e aprende sua história de seus próprios lábios, gradualmente foi descartada. Quando meu pai morreu em 1973, “O Silmarillion” estava em um estado característico de desordem: as partes mais antigas muito revisadas ou reescritas largamente, e as partes finais deixadas do mesmo jeito que estavam há vinte anos. Mas nos últimos escritos, não há vestígio ou sugestão de qualquer “técnica” ou “camada” no qual deveria ser configurado. Eu acho que, no final, ele concluiu que nada serviria, e não seria mais dito além de uma explicação de como veio a ser registrado, dentro do mundo imaginado. (The Book of Lost Tales, part 1)[6]

Quanto a afirmação de que “nos últimos escritos, não há vestígio ou sugestão de qualquer “técnica” ou “camada” no qual deveria ser configurado” isso não é inteiramente verdadeiro, já que conforme os outros onze livros seguintes da série História da Terra-média foram sendo publicados, ficou demonstrado que há textos tardios que contém a técnica.

Como exemplo há diversas passagens em que são mencionados os autores ficcionais em manuscritos posteriores a publicação de O Senhor dos Anéis como os Anais de Aman (The Annals of Aman, in Morgoth’s Ring, p.48 e p.64-65), Anais Cinzentos (The Grey Annals, in War of the Jewels, p.5), o prefácio de Os Filhos de Húrin, (The War of the Jewels p.310-313), menções datadas de janeiro de 1960 (The People of Midde-earth, p.396 e 404), dentre outras.

Dessa forma, a ideia de ter autores ficcionais parece ter se mantido na mente de Tolkien em diversos materiais posteriores. Contudo, no final de sua vida, o autor estava bastante preocupado com aspectos mais abstratos de sua obra, conforme Christopher Tolkien disse: “Em seus textos tardios, a mitologia e a poesia cederam espaço a preocupações teológicas e filosóficas, motivo pelo qual surgiram incompatibilidades de tom”.(O Silmarillion, Prefácio de Christopher Tolkien).

Como o material implicava em análises profundas e para evitar que ocorresse contradições, o editor preferiu omitir quase tudo relacionado a autores ficcionais diretamente. O que demonstra certa prudência, pois a omissão não implica necessariamente em um erro ativo, que dificilmente seria revertido. O ato de omitir os autores ficcionais não prejudica a ideia de que os textos foram assim desenvolvidos.

Em comentário Christopher Tolkien lamenta não ter incluído a ideia de uma nova camada no Silmarillion. Isso por que ele deveria primeiramente presumir que as “Traduções do Élfico” feitas por Bilbo eram de fato o Silmarillion e assim, seriam parte do Livro Vermelho do Marco Ocidental na cópia de Findegil. Porém, o editor preferiu não tornar definitivo na obra algo que ele estava presumindo e não que o próprio Tolkien havia colocado.

Foi nesse sentido que Christopher Tolkien expressou:

Também assumi que os “livros da tradição” que Bilbo deu para Frodo põem um fim a questão: eles eram ‘O Silmarillion’. Mas, além da evidência citada aqui, até onde eu sei, não há nenhuma outra declaração sobre este assunto em qualquer lugar nos escritos de meu pai. E de forma errada, como agora penso, fiquei relutante em ultrapassar o limite e tornar definitivo o que eu apenas presumi (The Book of Lost Tales, Part I, p.6).[7]

Se levado em conta a afirmação de Christopher Tolkien e outros especialistas que afirmam ser as Traduções do Élfico de Bilbo Bolseiro o próprio Silmarillion, deveria existir um novo frontispício no Silmarillion. Agora incluindo o título do livro e o próprio tradutor. A título de exemplo poderia ser lido assim:

O Silmarillion, traduzido do Livro Vermelho do Marco Ocidental por John Reuel Tolkien. Contem os contos da Primeira Era, quando Morgoth habitava na Terra-Média e os Elfos fizeram guerra contra ele para a recuperação das Silmarils, aos quais estão anexadas a queda de Númenórë e a história dos Anéis de Poder e da Terceira Era em que estes contos chegam ao fim.

Contudo, embora tenha declarado seu lamento quanto a omissão, na segunda edição do Silmarillion publicada em 1999 pela editora HarperCollins, não há qualquer menção sobre o tema no prefácio.

NOTAS: 

[1] Conforme Christopher Tolkien concluiu no Livro dos Contos Perdidos (The Book of Lost Tales, Part I, p.6) e também Christina Scull e Wayne Hammond (The Lord of the Rings A Reader’s Companion, p.41) e Robert Foster (The Complete Guide To Middle-earth).
[2] A Estrada em Frente Vai Seguindo – livro ainda inédito no Brasil.
[3] “being supposedly written by Men, of different periods, looking back across the ages to vast rumours of whose truth they knew only part” (The Road to Middle-earth, p.230).
[4] “The Silmarillion might then have come to look like (for exemple) The Saga of King Heidrek the Wise, written late but preserving intensely moving fragments of verse from some much older time now lost; even the editorial matter would then reinforce the effect of age and darkness…” (The Road to Middle-earth, p.230).
[5] “The published work has no  ‘framework’, no suggestion of what it is and how (within the imagined world) it came to be. This I now think to have been  an error” (The Book of Lost Tales, part 1,)
[6] The original mode, that of The Book of Lost Tales, in which a Man, Eriol, comes after a great voyage over the ocean to the island where the Elves dwell and learns their history from their own lips, had (by degrees) fallen away. When my father died in 1973 ‘The Silmarillion’ was in a characteristic state of disarray: the earlier parts much revised or largely rewritten, the concluding parts still as he  had left them some twenty years before; but in the latest writing there is no trace or suggestion of any ‘device’ or ‘framework’ in which it was to be set. I think that in the end he concluded that nothing would serve, and no more would be said beyond an explanation of how (within the imagined world) it came to be recorded. (The Book of Lost Tales, part 1)
[7] So also I have assumed: the ‘books of lore’ that Bilbo gave to Frodo provided in the end the solution: they were ‘The Silmarillion’. But apart from the evidence cited here, there is, so far as I know, no other statement on this matter anywhere in my father’s writings; and (wrongly, as I think now) I was reluctant to step into the breach and make definite what I only surmised. (The Book of Lost Tales, Part I, p.6).

 

BIBLIOGRAFIA UTILIZADA:

 

TOLKIEN, J.R.R. O Silmarillion, Martins Fontes, São Paulo, 1999.

_______________ O Hobbit, Martins Fontes, São Paulo, 1995.

_______________O Senhor dos Anéis: A Sociedade do Anel, Martins Fontes, São Paulo, 1994.

_______________ Contos Inacabados de Númenor, Martins Fontes, São Paulo, 2002.

______________ The Book of Lost Tales, part 1, HarperCollins, London, 1984.

SHIPPEY, TOM. The Road to Middle-earth: How J. R. R. Tolkien Created a New Mythology. HarperCollins, London, 2001.

4 comentários em “A Autoria ficcional no Legendarium de J.R.R. Tolkien”

  1. Excelente matéria. Tolkien foi habilidoso ao escrever uma “história dentro da história”, em seus livros originais. Talvez Christopher Tolkien tenha razão ao fazer o fez com os livros póstumos.

    Curtir

Deixe um comentário