Legendarium

Ainulindalë, a cosmogonia da mitologia de Tolkien

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RESUMO:

No princípio havia Eru, o Deus único. Ele é a própria eternidade, embora os parâmetros humanos sejam limitados para ele, pois é o “tudo simultâneo”, ou o “primeiro motor imóvel”, “causa das causas”, “O que é”.

O Nada não pode ser absoluto. Não é possível que o Nada crie algo, pois se gerasse algo  não seria um Nada e sim alguma coisa. Por isso Eru é a existência em essência do qual emana tudo o que existe. Além disso, não existe a noção de tempo para Eru, pois ele é imutável e sempre existiu.

Além de ser imutável, imóvel, eterno, o Deus único também é a inteligência eterna, da qual deriva tudo aquilo que é abstrato em ideias e razão. Dessa forma, é um ser onisciente por excelência.

A partir do pensamento de Eru são criados os Ainur. Os Ainur são limitações de esferas do pensamento de Eru. Cada um deles consegue realizar algo ou agir conforme sua fração do pensar de Eru e aprendem mais escutando os outros Ainur que têm frações do pensar diferentes.

No momento em que se cria os Ainur surge a noção daquilo que existe e inexiste. Daquilo que é criado por Eru e daquilo que não foi criado. Nesse ponto ocorre a primeira possibilidade de noção de tempo, pois algo que é criado uma vez tem o seu ponto de início do movimento no tempo. Porém, a noção de tempo é a relativa aos Ainur e não relativa aos humanos, por isso é de difícil de ser estabelecida nesse momento.

Uma vez que os Ainur são fragmentos do pensar de Eru, logo eles podem também pensar, raciocinar e imaginar. Tudo isso é possível graças ao fato de serem inspirados com a Chama Imperecível, a essência da criação de Eru.

Eru propõe temas musicais aos Ainur, a fim de que eles o alegrassem. Os temas musicais surgem da criatividade de Eru e narram uma história cosmogônica, ou seja, a origem do universo. Cabe aos Ainur imitar o que foi indicado, a partir do que tem disponível em sua inteligência limitada.  Os Ainur cantam e chegam a uma harmonia conforme sua compreensão mais profunda do pensamento de Eru.

Vendo que o que foi feito, Eru indica um novo tema, desta vez mais poderoso. Os Ainur apresentam uma música magnífica que encanta a todos. Foi uma música tão bela que jamais ocorreu outra semelhante, pois todos estavam em harmonia com o tema de Ilúvatar. Dizem entre os elfos que no fim dos tempos haveria outra música que seria maior e mais bela do que essa primeira.

Contudo, Melkor, um Ainur de grande poder, começou a projetar suas próprias ideias e a desejar ser o criador, por si mesmo, sem seguir o tema proposto por Eru. Melkor acreditava que poderia também criar algo se tivesse posse da Chama Imperecível. Perambulando pelo Vazio ele procurou a Chama Imperecível, mas não a encontrou.

Melkor inicia a Dissonância da música, e muitos dos Ainur começam a afinar suas músicas ao que ele havia proposto e não mais conforme Ilúvatar inicialmente havia indicado.

O resultado da Dissonância de Melkor foi a primeira guerra sonora entre os Ainur. Vendo as tempestades que estavam acontecendo, Ilúvatar se pronunciou e encerrou a primeira música.

Ilúvatar apresentou um novo tema, semelhante ao anterior, porém com certas diferenças. Porém, Melkor permaneceu com sua Dissonância e ocorreu uma segunda guerra sonora, ainda mais violenta que a primeira e Melkor acabou dominando a Música.

Mais uma vez Ilúvatar intervém e cessa a música. Propõe um Terceiro Tema, nele havia uma diferença significativa em relação aos anteriores, pois haviam duas músicas distintas que depois se relacionavam para formar algo belo. Derivado desse terceiro Tema surgiu a Grande Música.

A Grande Música tem como base no Terceiro Tema Musical, possui duas músicas diferentes, sendo uma música profunda, vasta e bela e a outra música alta, fútil e repetitiva. A segunda música tenta abafar a primeira, mas essa adota as notas mais triunfais para formar um novo arranjo solene.

Novamente Ilúvatar intervém e cessa a Grande Música com um Acorde poderoso. Ele apresenta aos Ainur uma imagem conforme o que constava na Grande Música. Os Ainur se maravilham com essa imagem e com sua luz, cores e estilos. Nessa Visão os Ainur conseguem ver boa parte do que acontece com o mundo desde sua criação até pouco antes do Dominio dos Homens em Arda. Eles se encantam com o surgimento dos Filhos de Ilúvatar, que não estavam mencionados no Terceiro Tema, pois eles eram uma criação genuína do próprio Ilúvatar e por isso eram seus filhos. Os primogênitos (elfos) e os sucessores (os humanos).

Ilúvatar então dá existência a essa visão dizendo: “Ëa! Que essas coisas existam!”. Foi então que o mundo passou a existir concretamente e não mais era parte da imaginação dos Ainur.

Alguns deles se maravilharam e desejavam habitar naquele mundo criado. Aqueles que fossem para lá teriam que estar vinculados aos poderes do mundo até os fins do tempo. E assim aconteceu de surgir os Valar, os poderes do Mundo. Eram poderosos entre os Ainur que tiveram um grande papel nas músicas.

Ao chegarem no mundo os Valar perceberam que a situação não era como haviam imaginado. Eles estavam no início dos tempos e nada ainda havia sido criado. Então tiveram que moldar todas as coisas do universo e por último criaram Arda (a terra) onde os Filhos de Ilúvatar iriam habitar.

Melkor vendo a criação de Arda, a cobiçou e disse que seria o seu Reino. Foi então que Manwë e outros Ainur travaram luta contra Melkor, que fugiu. O mundo foi então sendo feito e os Valar tomaram formar que estivessem relacionadas com aquilo que mais se aproximavam. Melkor também tomou uma forma e desde então começou sua batalha contra os Ainur. E quando um dos Valar montava algo, Melkor destruía e nesse ciclo o mundo foi sendo formado.

PERSONAGENS:

 

Eru Ilúvatar: o Deus único do Legendarium de Tolkien. Ele é o criador de tudo e o único capaz de criar a partir do Nada, por ser o único que tem a Chama Imperecível.

Ainur: os sagrados, nascidos do pensamento de Eru, são como se fossem os Anjos na Religião Cristã.

Melkor: é o ainur que traz a dissonância nas músicas dos Ainur. Ele cobiça o poder e domínio de Arda e dos Filhos de Ilúvatar. Seria o equivalente a Lúcifer na Religião Cristã.

Ulmo: o Valar relativo às substâncias liquidas (água e ao Mar)

Manwë: o Valar relativo às substâncias gasosas (Ar e ao Céu).

Aulë: o Valar relativo às substâncias sólidas (metais, terra, pedras).

Filhos de Ilúvatar: são os elfos (primogênitos) e homens (sucessores), surgiram com o Terceiro Tema Musical, sendo uma criação do próprio Ilúvatar e de nenhum dos Ainur.

Eldar: é outro nome para o povo dos Elfos.

Valar: são os Ainur que se vincularam à criação, tomando forma derivada do seu conhecimento e habitando o mundo.

 

PALAVRAS-CHAVE:

 

Temas Musicais: são temas criados por Ilúvatar e que ele apresenta aos Ainur para serem cantadas. São como se fossem histórias narradas de como o Universo surgiu, formam o drama cosmogônico.

Temas Musicais iniciais: é o primeiro tema musical indicado por Ilúvatar e que o alegrou, por ter sido harmônica. Sua força ainda não era poderosa, pois Ilúvatar logo em seguida apresenta um tema mais poderoso.

Tema poderoso (Primeiro Tema Musical): é o segundo tema musical indicado por Ilúvatar contendo imagens ainda mais grandiosas e esplêndidas do que havia revelado até então.

Música Magnífica: é a música feita pelos Ainur a partir do Tema Poderoso indicado por Ilúvatar. Nessa música os Ainur podem usar seus próprios recursos e pensamentos. A música e o eco da música saíram para o Vazio e o preencheu.

Música majestosa (Tema Musical do fim dos tempos): será a música feita após o final dos tempos, onde os temas de Ilúvatar serão desenvolvidos com perfeição e irão adquirir Existência no momento em que ganharem voz, pois todos compreenderão o pensamento de Ilúvatar e este concederá o fogo secreto.

Chama Imperecível: está com Ilúvatar. É o poder de criatividade, de autoria. É com a Chama Imperecível que Ilúvatar concede existência às coisas. Também pode ser simbolizado como o Espírito Santo da religião Cristã.

Fogo Secreto: o mesmo que Chama Imperecível.

Dissonância: é o resultado do pensamento próprio de Melkor entrelaçado com sua música. O pensamento de Melkor era diferente dos outros Ainur, pois não estava em harmonia com o tema de Ilúvatar. A Dissonância provoca desanimo em alguns dos Ainur, e alguns passam a afinar sua música à de Melkor.

Primeira Guerra Sonora: é o embate sonoro entre aqueles que seguem a dissonância de Melkor e aqueles que seguem o tema inicial de Ilúvatar. Foi finalizado quando Ilúvatar se ergueu pela primeira vez e fez surgir o Segundo Tema Musical.

Tema poderoso renovado (Segundo Tema Musical): Ilúvatar apresenta o tema semelhante ao anterior, porém diferente, com uma nova beleza. Resultado do levantar da mão esquerda de Ilúvatar.

Segunda Guerra Sonora: mais violenta que a primeira e os Ainur que cantavam de acordo com Ilúvatar ficaram consternados e não cantaram mais. Melkor pôde dominar.

Terceiro Tema Musical: surge a partir da severidade de Ilúvatar, com duas músicas diferentes. Resultado do levantar da mão direita de Ilúvatar.

Grande Música: com base no Terceiro Tema Musical, possui duas músicas diferentes: 1.Uma música profunda, vasta e bela e a 2. Uma música alta, fútil e repetitiva. A segunda música tenta abafar a primeira, mas essa adota as notas mais triunfais para formar um novo arranjo solene.

Acorde de Ilúvatar: é um som mais alto que o firmamento e mais profundo que o abismo. Emitido por Ilúvatar ao levantar as duas mãos. Cessa a Grande Música.

Visão de Ilúvatar: não mais apenas como um som, Ilúvatar revela aos Ainur a imagem do novo mundo com base na música cantada no Terceiro Tema Musical. A imagem não existe concretamente ou materialmente, por isso está no Vazio, mas não faz parte dele. A Visão consiste em ver o mundo e como ele se desenvolve no tempo.

Luz e cores: foram percebidas pela primeira vez na Visão do mundo. Os corações dos Ainur se alegraram com a luz, e seus olhos enxergaram muitas cores.

Eco da Música dos Ainur: os elfos acreditam que na água ainda vive o eco da Música dos Ainur, são as vozes do Oceano.

Trevas: foi notado pelos Ainur pela primeira vez quando a Visão do mundo cessou.

Primeira Batalha: foi a primeira batalha entre os Valar contra Melkor pelo domínio de Arda. Na tentativa de livrar a terra de Melkor antes que os Filhos de Ilúvatar chegassem.

 

5 comentários em “Ainulindalë, a cosmogonia da mitologia de Tolkien”

  1. Corri para ler esse cápitulo antes de ver o video.. muito bom por sinal… apesar de estarmos bem no início, legal a ideia de digerirmos o livro com doses homeopática.. estarei neste caminho até o fim das eras.

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  2. Parabéns pela iniciativa. Estou iniciando agora no universo de Tolkien e lendo o Silmarillion pela primeira vez. Estes resumos e os vídeos estão me ajudando muito. Muitíssimo obrigada ♥

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