Ronald Kyrmse

A Carta de Thorin para Bilbo traduzida por Ronald Kyrmse

bilbo

O especialista em Tolkien e tradutor dos livros no Brasil, Ronald Kyrmse nos presenteia com uma tradução interessante. Trata-se da carta de Thorin para Bilbo Bolseiro

A carta foi originalmente estudada por Taum J.R. Santoski, que auxiliou o Christopher Tolkien na série the History of Middle Earth, e decidiu depois realizar trabalho similar com os manuscritos do Hobbit. Contudo, Santoski acabou falecendo e o trabalho foi continuado por John Rateliff que publicou a carta primeiramente no livro The History of the Hobbit. Em 2012, a carta foi republicada no livro The Art of the Hobbit de Christina Scull e Wayne Hammond.

Essa carta (também chamada por alguns de contrato), estabelece os termos propostos por Thorin ao jovem ladrão hobbit. No filme vemos um longo rolo manuscrito, com uma série de regras. Ao contrário disso, a forma original do professor Tolkien preferiu apresentar duas singelas páginas com letras em tengwar.

Segundo Ronald Kyrmse “Com sua habitual atenção aos detalhes, Tolkien nos deixou um facsímile da carta-contrato de Thorin para Bilbo (em tengwar)”.

O tradutor alerta que a tradução que se segue não está “necessariamente congruente com o que está publicado em “O Hobbit””. Por isso é uma tradução diferenciada e merece nossa atenção.

Abaixo segue a transcrição em inglês e a tradução de Ronald Kyrmse.

– – – – –

Thorin and Company to Burglar Bilbo

Greeting!

For your hospitality our sincerest thanks, and for your offer of professional assistance our grateful acceptance. Terms: cash on delivery, up to and not exceeding one fourteenth of total profits (if any); all travelling expenses guaranteed in any event; funeral expenses to be defrayed by us or our representatives, if occasion arises and the matter is not otherwise arranged for.
Thinking it unnecessary to disturb your esteemed repose, we have proceeded in advance to make requisite preparations, and shall await your respected person at the Green Dragon Inn, Bywater, at 11 a.m. sharp. Trusting that you will be _punctual_,
We have the honour to remain

Yours deeply
Thorin & Co.
– – – – –
Thorin e Companhia ao Ladrão Bilbo
Saudação!
Por sua hospitalidade nossos mais sinceros agradecimentos, e por sua oferta de assistência profissional nossa grata aceitação. Termos: numerário contra entrega, até e não acima de um quatorze avos dos lucros totais (se houver); todas as despesas de viagem garantidas em qualquer caso; despesas funerais a serem custeadas por nós ou nossos representantes, caso surja a ocasião e o assunto não seja resolvido de outra maneira.
Crendo ser desnecessário perturbar seu estimado repouso, prosseguimos antecipadamente para fazer os preparativos necessários, e aguardaremos sua respeitada pessoa na Taverna do Dragão Verde, Beirágua, às 11 da manhã precisamente. Confiando em que será _pontual_,
Temos a honra de permanecermos
Profundamente seus
Thorin & Cia.

cartathorinabilbo

Ronald Kyrmse

Concordância entre os calendários da Terra-média – Por Ronald Kyrmse

Endóreva Astanótië

[Contagem dos Meses da Terra-Média, em Quenya]

Ronald Kyrmse é membro da Tolkien Society e do grupo de estudos dos idiomas élficos "Quendili", estudioso de Tolkien há mais de 30 anos e membro fundador do primeiro grupo de entusiastas tolkienianos do Brasil, tendo colaborado como consultor ou tradutor em quase todas as publicações de Tolkien no Brasil.
Ronald Kyrmse é membro da Tolkien Society e do grupo de estudos dos idiomas élficos “Quendili”, estudioso de Tolkien há mais de 30 anos e membro fundador do primeiro grupo de entusiastas tolkienianos do Brasil, tendo colaborado como consultor ou tradutor em quase todas as publicações de Tolkien no Brasil.

Por: Ronald Kyrmse.

Publicado em: 15/07/2016.

Publicado [no original em inglês] em Quettar, o Boletim da Comunidade Linguística da Tolkien Society, Nº 21 (1984).

middleearth calendar

A principal fonte de informações sobre os calendários da Terra-Média é o Apêndice D da tradução do Livro Vermelho do Marco Ocidental feita pelo Prof. J.R.R. Tolkien. Foi dali que se extraíram as citações abaixo, para obter uma concordância entre nossa contagem dos meses e dias por um lado, e por outro lado os cinco sistemas que se sabe terem sido empregados pelos eldar, pelos hobbits e pelos homens na Terceira e Quarta Eras. São os seguintes:

o Calendário do Condado (CC),

o Registro dos Reis (RRi),

o Registro dos Regentes (RRg),

o Novo Registro (NR) e

o Calendário de Imladris (CI).

No texto que se segue, os nomes dos meses janeiro, fevereiro etc. referem-se aos meses do Calendário Gregoriano , exceto quando estão entre aspas, pois na tradução citada acima os meses do Condado muitas vezes foram mencionados pelos nomes dos nossos meses aos quais melhor correspondiam. Ademais, supôs-se que Narvinyë, Nénimë, …, Hísimë, Ringarë correspondem — tão exatamente quanto possível — a Pós-Iule, Lamamês, …, Libamês, Pré-Iule.

No Calendário do Condado o ano começa em 21 de dezembro, pois lemos que “se pretendia que o Dia do Meio do Ano correspondesse tanto quanto possível ao solstício de verão”, que cai em 21 de junho.

O mesmo vale para o Registro dos Reis: “Os hobbits […] continuaram usando uma forma do Registro dos Reis adaptada para se adequar aos seus próprios costumes”. O Registro dos Regentes, já que era apenas uma versão revisada daquele, também tinha um ano que começava no solstício de inverno.

Quanto ao Novo Registro, há a indicação de que “o ano começava em 25 de março, à maneira antiga”, aqui interpretado como significando 25 de Louvoso, ou 16 de março gregoriano. De fato, “30 de Yavannië […] correspondia ao antigo 22 de setembro”, isto é, a 22 de Sacromês.

Lemos sobre “o yestarë […] no Calendário de Imladris, correrspondendo […] aproximadamente ao 6 de abril do Condado”. Isto é 6 de Pasco, equivalente a 27 de março gregoriano. Como o cômputo de Imladris não envolvia acrescentar um dia bissexto a cada quatro anos, como os outros quatro calendários (e o nosso), e sim duplicar os enderi a cada doze anos, propõe-se um ciclo de 12 anos para a concordância com o nosso. Nesse ciclo, 27 de março é o yestarë médio, pois conforme o ano considerado o yestarë podia equivaler a 26, 27 ou 28 de março.

No Calendário do Condado, bem como nos Registros dos Reis, dos Regentes e Novo, presumiu-se que os anos bissextos de cada um deles são mais ou menos coincidentes com aqueles em que nós teríamos um dia 29 de fevereiro. As datas entre parênteses se referem a tais anos. Para os fins deste ensaio, desconsiderou-se o fato de que, no Calendário Gregoriano, nenhum ano secular é bissexto a não ser que seja exatamente divisível por 400; tampouco se considerou a não-duplicação dos enderi no último ano de cada terceiro yén, no Calendário de Imladris.

As tabelas anexas demonstram a relação entre os diversos calendários mencionados, conforme deduzida das obras do Prof. Tolkien e das considerações acima.

CALENDÁRIO DO CONDADO, REGISTRO DOS REIS, REGISTRO DOS REGENTES (Clique para ampliar)
CALENDÁRIO DO CONDADO, REGISTRO DOS REIS, REGISTRO DOS REGENTES (Clique para ampliar)
NOVO REGISTRO (Clique para ampliar).
NOVO REGISTRO (Clique para ampliar).
CALENDÁRIO DE IMLADRIS (Clique para ampliar).
CALENDÁRIO DE IMLADRIS (Clique para ampliar).
TRANSFORMAÇÃO ENTRE OS CALENDÁRIOS GREGORIANO E DA TERRA-MÉDIA (Clique para ampliar).
TRANSFORMAÇÃO ENTRE OS CALENDÁRIOS GREGORIANO E DA TERRA-MÉDIA (Clique para ampliar).
Glossopoeia, Ronald Kyrmse

Transcrição do texto – Tolkien em Oxford (por Ronald Kyrmse)

Ronald Kyrmse é membro da Tolkien Society e do grupo de estudos dos idiomas élficos "Quendili", estudioso de Tolkien há mais de 30 anos e membro fundador do primeiro grupo de entusiastas tolkienianos do Brasil, tendo colaborado como consultor ou tradutor em quase todas as publicações de Tolkien no Brasil.
Ronald Kyrmse é membro da Tolkien Society e do grupo de estudos dos idiomas élficos “Quendili”, estudioso de Tolkien há mais de 30 anos e membro fundador do primeiro grupo de entusiastas tolkienianos do Brasil, tendo colaborado como consultor ou tradutor em quase todas as publicações de Tolkien no Brasil.

Por: Ronald Kyrmse.

Editado por: Sérgio Ramos*.

Publicado em: 30/03/2016.

Apresentamos, a seguir, mais um material produzido por Ronald Kyrmse para os entusiastas sérios de Tolkien no Brasil. Trata-se de uma transcrição de um papel escrito por Tolkien para um documentário produzido pela rede de TV britânica BBC.

 Segundo Ronald Kyrmse:

Em 1968 a BBC apresentou um documentário sobre JRRT chamado Tolkien in Oxford. Para esse filme, pediram que o autor preparasse um título em caracteres élficos. Com sua habitual boa vontade e precisão, ele aprontou uma página contendo essa expressão em inglês e em quenya, grafada em tengwar em ambos os casos. A folha escrita por Tolkien foi posta em leilão pela Christie’s.

Tolkien in Oxford foi gravado entre os dias 05 e 09 de fevereiro de 1968 e foi ao ar em 30 de março de 1968.

J. R. R. Tolkien até escreveu uma carta para Donald Swann (o artista que musicalizou seus poemas em “The Road Goes Ever On”) relatando sua experiência na gravação do documentário. Entre outras coisas ele falou:

E me fizeram comparecer a uma exibição de fogos de artifício – uma coisa que eu não fazia desde que eu era um menino. Fogos de artifício não possuem relação especial comigo. Eles aparecem nos livros (e teriam aparecido mesmo se eu não gostasse deles) porque são parte da representação de Gandalf, portador do Anel de Fogo, o Inflamador: o aspecto mais infantil mostrado aos Hobbits sendo os fogos de artifício.

(J. R. R. Tolkien – Carta para Donald Swann, 29 de fevereiro de 1968)

É possível ver as imagens do referido documentário aqui:

Veja abaixo uma imagem dessa página escrita por Tolkien (em baixa resolução):

Tolkien in Oxford.
Tolkien in Oxford.

Agora, com a transcrição aqui apresentada por Ronald Kyrmse, podemos ver com clareza o que estava escrito no papel trabalhado por Tolkien. Confira (clique na imagem):

Transcrição feita por Ronald Kyrmse (clique para ampliar).
Transcrição feita por Ronald Kyrmse (clique para ampliar).

A grande importância desse documento, além de conter a língua e escrita élficas criadas por Tolkien, óbvio, é explicada por Kyrmse:

Acho que o mais interessante é que ficamos sabendo – ao que me conste apenas graças a esta peça! – como se diz Tolkien e Oxford em quenya: Arcastar e Mondósarë respectivamente.

Agradecemos a Ronald Kyrmse por disponibilizar mais este item para os seguidores do Tolkien Brasil.

*Sérgio Ramos é membro da Tolkien Society e administrador do Tolkien Brasil. Servidor público, artista marcial e entusiasta de histórias de heróis.
*Sérgio Ramos é membro da Tolkien Society e administrador do Tolkien Brasil. Servidor público, artista marcial e entusiasta de histórias de heróis.
Ronald Kyrmse

Songs for the Philologists (J. R. R. Tolkien), editado por Ronald Kyrmse – DOWNLOAD

songs

Por: Sérgio Ramos*.

Publicado em: 23/02/2016.

Quando estava na Universidade de Leeds, J. R. R. Tolkien e seu amigo E. V. Gordon fundaram um grupo chamado “Viking Club”, no qual os alunos da graduação se dedicavam à leitura de antigas sagas nórdicas e a beber cerveja. Dentro deste contexto, por volta de 1935-36, os amigos escreveram o Songs for the Philologists [algo como Canções para os Filólogos], uma mistura de versos escritos por Gordon e Tolkien e canções tradicionais em inglês antigo, nórdico antigo e gótico de forma a caberem nas melodias tradicionais do inglês.

Um pouco depois, o Dr. A . H . Smith deu uma cópia do Songs a seus alunos para que eles pudessem imprimir suas próprias cópias como forma de exercício de impressão (onde foi utilizada uma prensa de madeira à mão que havia sido reconstruída). No entanto, o Dr. Smith se lembrou que não havia pedido permissão de Gordon ou Tolkien para que usasse seu material, razão pela qual os livretos completos com o material não foram distribuídos.

Além de não ter havido ampla distribuição, para completar os arquivos da Faculdade foram bombardeados durante a Segunda Guerra Mundial, destruindo-se quase todas as cópias que lá estavam. Acredita-se, assim, que existam apenas 13 ou 14 exemplares do livreto original de Songs for the Philologists.

Das 30 canções existentes, 13 são de autoria de J. R. R. Tolkien:

From One to Five

Syx Mynet

Ruddoc Hana

Ides Ælfscýne

Bagmē Blomā

Éadig Béo þu!

Ofer Wídne Gársecg

La Húru

I Sat upon a Bench

Natura Apis: Morali Ricardi Eremite

The Root of the Boot [esta sendo uma versão mais primitiva de “Troll sat alone on his seat of stone”, em português “Troll senta sozinho na pedra do caminho” – presente em As Aventuras de Tom Bombadil]

Frenchmen Froth

Two Little Schemes – Lit’ and Lang’

O material aqui referido é, assim, extremamente raro e serve de interesse a todos os tolkienistas sérios e focados no estudo da Obra de J. R. R. Tolkien.

Mais uma vez, assim como ocorreu com a coletânea Poemas de O Senhor dos Anéis, temos 

Ronald Kyrmse é membro da Tolkien Society e do grupo de estudos dos idiomas élficos "Quendili", estudioso de Tolkien há mais de 30 anos e membro fundador do primeiro grupo de entusiastas tolkienianos do Brasil, tendo colaborado como consultor ou tradutor em quase todas as publicações de Tolkien no Brasil.
Ronald Kyrmse é membro da Tolkien Society e do grupo de estudos dos idiomas élficos “Quendili”, estudioso de Tolkien há mais de 30 anos e membro fundador do primeiro grupo de entusiastas tolkienianos do Brasil, tendo colaborado como consultor ou tradutor em quase todas as publicações de Tolkien no Brasil.

a honra de contar com a graciosa participação de Ronald Kyrmse, renomado tolkienista brasileiro e atual tradutor dos livros de J. R. R. Tolkien, que nos brinda com uma versão de Songs for the Philologists revisada e editada com base nas correções propostas em The Road to Middle-earth, de Tom Shippey (conhecido tolkienista que ocupou o lugar de professor deixado por Tolkien na Universidade de Leeds).

Algo que muita gente não sabe é que Ronald Kyrmse não é “apenas” tradutor dos livros de Tolkien. É um profundo conhecedor de suas obras, com estudos particulares de alto grau de complexidade nunca antes publicados. Alguns deles podemos ter acesso aqui no Tolkien Brasil, a exemplo do Songs. Por isso, mais uma vez agradecemos pelo carinho e confiança que Ronald Kyrmse dedica a este espaço, que é inteiramente dedicado à divulgação de materiais tolkienianos.

Para baixar o texto de Songs for the Philologists editado por Kyrmse, gratuitamente, siga o link:

Songs for the Philologists

Obs.: Autorização concedida exclusivamente ao Tolkien Brasil. Proibida reprodução em outros meios (salvo link direto para esta matéria).

Ronald Kyrmse

Poemas de “O Senhor dos Anéis”, por Ronald Kyrmse [DOWNLOAD]

Poemas de O Senhor dos Anéis. Tradução: Ronald Kyrmse.
Poemas de O Senhor dos Anéis. Tradução: Ronald Kyrmse.

Por: Sérgio Ramos.

Publicado em 19/01/2016.

Mae Govannen!

Esta postagem é muito especial para nós aqui do Tolkien Brasil, e estamos muito contentes, pois recebemos autorização para disponibilizar, neste espaço, TODOS os poemas de O Senhor dos Anéis em nova e atualizada tradução pelo grande especialista em Tolkien do país: Ronald Kyrmse.

É de conhecimento geral que a Editora WMF Martins Fontes tinha planos de lançar, por volta de 2005, uma nova tradução de O Senhor dos Anéis, tendo ficado a cargo de Waldéa Barcellos a tradução do texto geral; Ronald Kyrmse ficou na incumbência de revisão geral da obra e da tradução dos poemas.

A nova versão do livro não chegou a ser lançada, e as traduções de alguns termos chegaram ao conhecimento do grande público, causando certa controvérsia, a exemplo de “meões” para halflings (hobbits) e “ananos” para dwarves (anões). Controvérsias à parte, temos certeza que as escolhas para tradução foram estudadas e reestudadas com base no próprio Guia que o Professor Tolkien deixou de orientação para tradutores do mundo todo, bem como na intenção original do autor em relação aos nomes de sua grande Obra.

O que temos em mãos (e agora disponível a todos os que nos acompanham) é uma linda coletânea dos poemas de O Senhor dos Anéis, confrontando-se os originais com as traduções lado-a-lado.

Ronald Kyrmse é membro da Tolkien Society e do grupo de estudos dos idiomas élficos "Quendili", estudioso de Tolkien há mais de 30 anos e membro fundador do primeiro grupo de entusiastas tolkienianos do Brasil, tendo colaborado como consultor ou tradutor em quase todas as publicações de Tolkien no Brasil.
Ronald Kyrmse é membro da Tolkien Society e do grupo de estudos dos idiomas élficos “Quendili”, estudioso de Tolkien há mais de 30 anos e membro fundador do primeiro grupo de entusiastas tolkienianos do Brasil, tendo colaborado como consultor ou tradutor em quase todas as publicações de Tolkien no Brasil.

 Ronald Kyrmse relata que “Uma das minhas preocupações foi manter a métrica, para que – eventualmente – os poemas e canções pudessem ser cantados com as mesmas melodias que os originais”.

Desta forma, os poemas traduzidos combinam com as versões cantadas pelo grupo dinamarquês The Tolkien Ensemble, podendo ser, assim, cantados e combinados à sua melodia.

Ronald Kyrmse tem mais de 30 anos de estudos sobre os trabalhos de J. R. R. Tolkien, tendo atuado como consultor e tradutor em quase a totalidade dos livros de Tolkien publicados no Brasil. Graças à sua iniciativa de divulgar aos tolkienistas brasileiros sua tradução dos poemas, temos a oportunidade de nos maravilharmos mais ainda com O Senhor dos Anéis, cujos poemas são traduzidos agora por alguém com conhecimento profundo da vida e obra do autor.

Ficamos extremamente honrados e felizes por Ronald Kyrmse e a Editora WMF Martins Fontes terem autorizado a divulgação da coletânea de poemas exclusivamente aqui no Tolkien Brasil.

Agradecemos a Ronald Kyrmse e Alexandre Martins Fontes pela confiança e carinho depositados em nosso trabalho como divulgadores da Obra de J. R. R. Tolkien. Isso nos dá mais confiança e combustível para continuarmos em nosso intento.

Para baixar a coletânea Poemas de O Senhor dos Anéis, gratuitamente, siga o link:

Poemas de O Senhor dos Anéis

Obs.: Autorização concedida exclusivamente ao Tolkien Brasil. Proibida reprodução em outros meios (salvo link direto para esta matéria).

Elen síla lúmmen´ omentielvo.

Ronald Kyrmse

O parentesco entre Bilbo e Frodo – Por Ronald Kyrmse

Ronald Kyrmse é membro da Tolkien Society e do grupo de estudos dos idiomas élficos "Quendili", estudioso de Tolkien há mais de 30 anos e membro fundador do primeiro grupo de entusiastas tolkienianos do Brasil, tendo colaborado como consultor ou tradutor em quase todas as publicações de Tolkien no Brasil.
Ronald Kyrmse é membro da Tolkien Society e do grupo de estudos dos idiomas élficos “Quendili”, estudioso de Tolkien há mais de 30 anos e membro fundador do primeiro grupo de entusiastas tolkienianos do Brasil, tendo colaborado como consultor ou tradutor em quase todas as publicações de Tolkien no Brasil.

 

Publicado em 13/01/2016.

bilbo_and_frodo_by_mensuramjr-d706lca Nota do editor (Sérgio Ramos): os hobbits Bilbo e Frodo são parentes duas vezes, pois seus antepassados vêm de duas distintas famílias do Condado: os Bolseiros e os Tûks. Por causa disso, muitas pessoas se confundem e não sabem direito qual realmente é o grau de parentesco entre ambos. Ronald Kyrmse, ainda em 2005, dissecou a questão confeccionando os gráficos e comentários abaixo, onde ele explica em inglês e português os graus de “primalidade” entre os hobbits (publicados aqui pela primeira vez com sua graciosa permissão).

..:::::…..

PARENTESCO ENTRE BILBO E FRODO

FAMÍLIA BOLSEIRO:

Primos em 4º Grau

Família Bolseiro - Primos em 4º Grau (clique para ampliar).
Família Bolseiro – Primos em 4º Grau (clique para ampliar).

 

FAMÍLIA TÛK:

Primos em 2º Grau

Família Tûk - Primos em 2º Grau.
Família Tûk – Primos em 2º Grau (clique para ampliar).

RELAÇÕES ENTRE PRIMOS

Em português, de acordo com as definições do Dicionário Eletrônico Houaiss da Língua Portuguesa 1.0:

primo em segundo grau [2ª definição] = primo do pai ou da mãe de um indivíduo em relação a este

primo em terceiro grau = filho de um primo em segundo grau de um indivíduo, em relação a este; primo terceiro e da hipótese – comumente aceita – de que o filho de um primo em grau n é primo em grau n+1 *

Em inglês:

first, second, third, … cousins estão uma, duas, três, … gerações abaixo dos seus antepassados que são irmãos entre si

once, twice, … removed conta o número de gerações que um dos ramos está abaixo do outro

Nota:

* É bem verdade que o Código Civil brasileiro (art. 1594) define que “Contam-se, na linha reta, os graus de parentesco pelo número de gerações, e, na colateral, também pelo número delas, subindo de um dos parentes até ao ascendente comum, e descendo até encontrar o outro parente.” Isso faz dos primos-irmãos, 2ºs, 3ºs parentes em 4º, 5º, 6º grau, e assim por diante; mas tal definição não é a usada na linguagem coloquial.

Diversas, Ronald Kyrmse

Uma crítica à desolação de Smaug de Peter Jackson – Ronald Kyrmse

 

ronaldkyrmse

Ronald Kyrmse é professor, engenheiro, fiscal da Fazenda, tradutor e pesquisador. Participou como consultor sobre Tolkien nos livros o Hobbit, Senhor dos Anéis e Silmarillion e traduziu praticamente todos os outros livros de Tolkien no Brasil. Sua última tradução foi “Árvore e Folha” e “A queda de Artur” lançados pela editora Wmf Martins Fontes.

Se os filmes do Senhor dos Anéis deram ao espectador uma razoável ideia do conteúdo do livro, o mesmo não pode ser dito dos filmes do Hobbit. E na Desolação de Smaug isso é ainda mais verdadeiro que na Jornada Inesperada. Já foi suficientemente criticada – ao tempo do primeiro filme – a decisão de Peter Jackson, de transformar um livro curto numa trilogia cinematográfica do mesmo tamanho que O Senhor dos Anéis, obra literária bem mais volumosa.  Agora, no módulo central, fica bem mais evidente a intenção de rechear a tela de material que nada tem a ver com a obra original de Tolkien. Se a intenção real foi fazer de um negócio lucrativo um negócio ainda mais lucrativo, outros poderão dizer. Mas a suspeita é inevitável.

Justiça seja feita: o design visual de PJ continua espetacular como sempre. As paisagens – em que pese já serem naturalmente lindíssimas na Nova Zelândia – enchem os olhos. Os cenários são tão repletos de detalhes, e tão verossímeis, que nos permitem imergir na Terra Média sem qualquer esforço. A Cidade do Lago é muito coerente com o desenho feito pelo próprio Tolkien. Seu ar de cidade outrora próspera e agora decadente, dominada por um Mestre aristocrático (na pior acepção da palavra) e habitada por um povo sem esperança, convence à primeira vista. Também sentimos que estamos presentes nos próprios salões subterrâneos de Erebor, com seus vastíssimos tesouros e sua arquitetura plena de inscrições (e desenhos um pouco art déco).

smaugrosto

Smaug, no filme, é de fato “o Magnífico”: o dragão do filme tem presença, peso e volume, articulações e movimentos realistas, detalhes e texturas… e inteligência – mais ainda, esperteza. Seu diálogo com Bilbo é provavelmente o ponto alto do filme, como foi a disputa de adivinhas com Gollum no primeiro.

Temo que o espectador menos familiarizado com a obra de J.R.R. Tolkien saia da sala de projeção com uma impressão errada da narrativa do Hobbit, e por extensão da obra de Tolkien como um todo. Temo também que pense que JRRT foi o precursor do vídeo-game, especialmente no que este apresenta de movimentos fulminantes e acrobáticos, pancadaria frequente… quem viu o Legolas do Senhor dos Anéis sabe do que estou falando, mas na Desolação de Smaug ele (e Tauriel, sua parceira romântica enxertada na narrativa) elevam isso ao cubo. E sem justificativa nenhuma, já que seus adversários são bandos de orcs que tampouco aparecem no livro.

Em suma, A Desolação de Smaug deixou-me um tanto desolado. É extremamente vistoso (no verdadeiro sentido), mas sacrifica a fidelidade a JRRT diante de uma estética adolescente de violência coreográfica e da introdução de personagens e temas estranhos, em detrimento de outros que poderiam – deveriam! – ter sido mais bem explorados (penso especialmente no episódio de Beorn). Quase se perdeu uma ideia importante, que é o crescimento de Bilbo ao longo da demanda (em espírito e mentalidade, não em estatura). Se o terceiro filme da série trouxer um final digno – penso na negociação engendrada por Bilbo antes da batalha, na morte de Thorin, no inesperado retorno a Bolsão – Peter Jackson poderá redimir-se deste filme, menos maduro que o livro infanto-juvenil que o originou.

Ronald Kyrmse

HEREN HYARMENO e os fãs de Tolkien no Brasil – Como começou … até 2003 – Ronald Kyrmse

ronaldkyrmse

Ronald Kyrmse é professor, engenheiro, fiscal da Fazenda, tradutor e pesquisador. Participou como consultor sobre Tolkien nos livros o Hobbit, Senhor dos Anéis e Silmarillion e traduziu praticamente todos os outros livros de Tolkien no Brasil. Sua última tradução foi “Árvore e Folha” e “A queda de Artur” lançados pela editora Wmf Martins Fontes.

Heren Hyarmeno and Tolkien Fans in Brasil – How it began … until 2003
Heren Hyarmeno e os Fãs de Tolkien no Brasil – Como começou … até 2003

 

by Ronald Kyrmse

 

The first “Tolkienian society” I know of in Brasil was Heren Hyarmen, the “Order of the South”, which met at my apartment on 1989-03-19. After having organised various names, addresses and phone numbers of people who responded to a notice put up at Livraria Book Centre in S. Paulo, I decided to invite all those who wished to come on that day…

A primeira “sociedade tolkieniana” no Brasil de que tenho conhecimento foi a Heren Hyarmen, a “Ordem do Sul”, que se reuniu em meu apartamento em 1989-03-19. Após organizar vários nomes, endereços e telefones de pessoas que responderam a um cartaz colocado na Livraria Book Centre em S. Paulo, resolvi convidar para aquele dia todos os que quisessem vir…

 

This is part of the group that got together:

Esta é uma parte do grupo que se reuniu:

Heren Hyarmeno 1
[Claudio Quintino, Silvio Compagnoni Martins, Dagny Fischer, Ronald Kyrmse, Carlos Francisco de Morais, Erik Pedreira Munne, Gerhard Waller]

The name “A Companhia do Anel” [“The Fellowship of the Ring”] was soon changed to Heren Hyarmen, and thus it remained for many meetings. The official correspondence with the Tolkien Society elicited the following reply:

O nome “A Companhia do Anel” foi logo mudado para Heren Hyarmen, e assim permaneceu durante muitas reuniões. A correspondência oficial com a Tolkien Society produziu a seguinte resposta:

Heren Hyarmeno 2

Heren Hyarmeno 3

[…] As far as I know, the Heren Hyarmen is the first Smial in Latin America. However, you cannot lay claim to being the first in the Southern Hemisphere as there have been two in Australia over the past 12 years. Both have not survived to this day, so at the moment your smial is the ONLY one in the Southern Hemisphere! […]

[…] Até onde sei, O Heren Hyarmen é o primeiro Smial da América Latina. No entanto vocês não podem reivindicar serem o primeiro do Hemisfério Sul, pois existiram dois na Austrália nos últimos 12 anos. Nenhum deles sobreviveu até os dias de hoje, portanto no momento o seu smial é o ÚNICO do Hemisfério Sul! […]

On 2003-01-09, Claudio and I, with the help of Mary Farah and Carlos Eduardo Chicaroni, from the fan group “A Toca do Hobbit”, revived our smial – after almost 14 years – with the new name Heren Hyarmeno, using the correct Quenya genitive.

Em 2003-01-09, Claudio e eu, com a ajuda de Mary Farah e Carlos Eduardo Chicaroni, do grupo de fãs “A Toca do Hobbit”, revivemos nosso smial – após quase 14 anos – com o novo nome Heren Hyarmeno, usando o genitivo correto em Quenya.

Heren Hyarmeno 4

I have always actively defended that all materials left by J.R.R.Tolkien about his subcreated world should be published. In August 1982 I had written to Christopher Tolkien asking him for information on the customs of name-giving among the Eldar in Valinor, the etymologies of the names of certain rivers in Middle-earth and the calendars. In reply I received this personal letter from Rayner Unwin, the man who had reviewed The Hobbit as a 10-year-old and later proposed the names for the three volumes of The Lord of the Rings. The letter was an announcement of the forthcoming 12-volume History of Middle-earth.

Sempre defendi ativamente que todos os materiais deixados por J.R.R.Tolkien sobre seu mundo sub-criado deveriam ser publicados. Em agosto de 1982 eu havia escrito a Christopher Tolkien pedindo-lhe informações sobre os costumes de atribuição de nomes entre os eldar em Valinor, as etimologias dos nomes de certos rios da Terra-média e os calendários. Como resposta, recebi esta carta pessoal de Rayner Unwin, o homem que fizera uma resenha do Hobbit aos 10 anos de idade e mais tarde propusera os nomes dos três volumes do Senhor dos Anéis. A carta era um anúncio de The History of Middle-earth, mais tarde publicada em 12 volumes.

Heren Hyarmeno 5

I am replying on behalf of Mr. Christopher Tolkien as he now lives abroad and asks us to respond to the correspondence that comes to him concerning his father’s works on Middle-earth, to your letter of the 7th August. He is, as you will know, still actively engaged in preparing for the press a lot of his father’s earlier material and he is, therefore, reluctant to release any portions prematurely because they are inter-linked to an astonishing degree. All I can do, therefore, on his behalf is to say be patient and I hope each year a properly integrated volume of particular interest to enthusiasts will appear, starting probably next year, with the first of three two volumes comprising ‘The Book of Lost Tales’.

Estou respondendo em nome do Sr. Christopher Tolkien, uma vez que ele agora vive no estrangeiro e nos pede para respondermos à correspondência que lhe chega acerca das obras do seu pai sobre a Terra-média, à sua carta de 7 de agosto. Ele ainda está, como sabe, ativamente ocupado preparando para o prelo muitos dos materiais mais antigos do pai, e portanto reluta em divulgar qualquer das partes prematuramente, pois estão interligadas em grau espantoso. Tudo o que posso fazer em nome dele, portanto, é lhe pedir que tenha paciência, e espero que a cada ano seja publicado um volume adequadamente integrado, de interesse particular para os entusiastas, provavelmente começando no ano que vem com o primeiro de três dois volumes que formam “O Livro dos Contos Perdidos”.

Years later, in 1992, initiatives like this one already attracted much attention from the Brasilian public, and Tolkien’s biography was a work possessing a clear market.

Anos mais tarde, em 1992, iniciativas como esta já despertavam muito interesse do público brasileiro, e a biografia de Tolkien era uma obra que tinha mercado certo.

When The Silmarillion was published in Brasil, in late 1999, it became an editorial success among those who had learned to love Tolkien and his works. The talk on Middle-earth geography (the relation between Beleriand and Eriador) which I gave on 2000-01-21 attracted many fans to Livraria Martins Fontes.

Quando O Silmarillion foi publicado no Brasil, em fins de 1999, tornou-se um sucesso editorial entre os que haviam aprendido a amar Tolkien e suas obras. A palestra sobre a geografia da Terra-média (a relação entre Beleriand e Eriador) que dei em 2000-01-21 atraiu muitos fãs para a Livraria Martins Fontes.

Heren Hyarmeno 6

The celebration of JRRT’s “eleventy-first” birthday, which took place on 2003-02-01, drew a crowd of 3,000 people. The re-founding of HH was publicly announced. Claudio and I gave talks on Tolkienian themes.

A comemoração do “onzentésimo primeiro” aniversário de JRRT, realizada em 2003-02-01, atraiu uma multidão de 3.000 pessoas. A refundação da HH foi comunicada publicamente. Claudio e eu demos palestras sobre temas tolkienianos.

Heren Hyarmeno 7
[1ª foto: Ronald Kyrmse, Claudio Quintino, Mary Farah, Carlos Eduardo Chicaroni]
Heren Hyarmeno 8
[2ª foto: Mary Farah, Carlos Eduardo Chicaroni, Ronald Kyrmse, Claudio Quintino]

On 2003-11-06 I had the chance to meet Viggo Mortensen, who played Aragorn in the Peter Jackson movies.

Em 2003-11-06, tive a oportunidade de me encontrar com Viggo Mortensen, que interpretou Aragorn nos filmes de Peter Jackson.

Heren Hyarmeno 9

I asked him: “If J.R.R.Tolkien were alive, and you had the chance of meeting him, what would you say to him?”. Viggo thought a bit, then answered: “I guess ‘Thank you'”. He thought some more and added: “Or ‘Hannon le‘”. He remembered some of the Sindarin he had learned for acting in the movies…

Perguntei a ele: “Se J.R.R.Tolkien estivesse vivo, e você pudesse encontrar-se com ele, o que lhe diria?”. Viggo pensou um pouco, depois respondeu: “Acho que ‘Obrigado'”. Refletiu um pouco mais e acrescentou: “Ou ‘Hannon le‘”. Ele se lembrava de um pouco do Sindarin que aprendera para fazer os filmes…