Diversas

Celebrada 1ª Missa que pede a canonização de J.R.R. Tolkien

Primeira missa pela canonização de Tolkien

Para entender melhor veja esse texto sobre o início dos pedidos de canonização em 2013 e sobre como funciona o processo no Vaticano AQUI.

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Em 2 de Setembro de 2017 foi realizada a primeira missa para a canonização de J.R.R. Tolkien. Nessa mesma data em 1973 foi o falecimento do autor do Hobbit e o Senhor dos Anéis, mas ao invés de ser uma missa em razão disso, o padre e os fiéis se voltaram para a ideia de rezar pela canonização do escritor. A missa foi realizada no Oratório de Oxford, onde Tolkien frequentava as missas e contou com a presença da neta de Tolkien.

Que o escritor J.R.R. Tolkien era um católico devoto e tradicional não é novidade para a maioria dos seus leitores e admiradores. Mas o que ainda não é tão divulgado é a iniciativa de buscar que esse autor seja canonizado, que se torne um Santo da Igreja Católica Apostólica Romana.

Um dos grandes objetivos dos Católicos é ter uma vida que seja correta e que isso conduza ao céu. Evitando o pecado e agindo de acordo com os preceitos divinos, reforçados e elencados pela Igreja, é possível atingir a santidade.

Tolkien era um católico que praticava sua religião com bastante cuidado. Sua mãe havia se convertido ao catolicismo ainda quando ele era uma criança, e após o falecimento dela em razão de diabetes, Tolkien foi criado pelo Padre Francis Morgan.

Em 2013, conforme noticiado (AQUI) um grupo de religiosos católicos (clérigos e leigos) se reuniu em um grupo do facebook para buscar pleitear a canonização de Tolkien. Desde então o grupo vem se desenvolvendo e conta com apoio de vários padres e até mesmo bispos Ingleses e de outros países europeus.

A missa para a canonização de Tolkien foi feita conforme o rito tradicional (anterior ao Concílio Vaticano II). Dessa forma, a missa foi feita em latim, conforme o próprio Tolkien havia defendido a manutenção da língua latina. (veja mais sobre Tolkien e a missa AQUI).

O relato sobre a missa foi dado por Matt Showering, que esteve presente na missa e tirou as fotos. 

Segue o relato de Matt Showering traduzido na integra:

UMA CERTA REUNIÃO INESPERADA

Matt Showering

No sábado, 2 de setembro [2017], realizou-se uma Missa Tradicional no Oratório de Oxford para marcar o aniversário da morte do escritor e filólogo católico de renome mundial JRR Tolkien (+ 1973). A Missa foi oferecida, no entanto, não pelo repouso da alma de Tolkien – mas sim orando pela abertura da sua Causa de Beatificação.

Muitos católicos podem se surpreender ao saber que alguém consideraria o autor de “O Senhor dos Anéis” como um candidato sério para a santidade, ou mesmo que ele era católico – o que é uma acusação muito triste dos níveis de conhecimento e compreensão prevalentes entre os fiéis de hoje. Pois, dentro de sua obra mais famosa, há profundas e profundas meditações sobre a tentação, a vocação, a redenção e a graça; ecos inconfundíveis dos discursos de despedida de nosso Senhor, paixão, ressurreição e ascensão; e a linguagem mais distintamente mariana que seria possível usar para descrever personagens de ficção.

A própria Missa foi convenientemente celebrada na antiga igreja paroquial de Tolkien (dedicada a São Aloysius) com sua neta entre a congregação. O Provedor do Oratório, Pe. Daniel Seward, falou na sua breve homilia da devoção de Tolkien ao Santíssimo Sacramento, descrevendo-o como “o grande romance de sua vida – embora eu não tenha certeza do que a Sra. Tolkien faria!”. Anos antes, o biógrafo de Tolkien, Humphrey Carpenter, descreveu vividamente a cena no Dia de Todos os Santos, quando o autor, “não uma pessoa que acorda cedo por natureza”, acordaria cedo sem deixar de comparecer à missa antes de começar seu árduo dia de deveres acadêmicos e familiares. Um olhar sobre o grande volume de seu trabalho publicado, que ainda hoje continua a preencher as estantes de livros, serve apenas para tornar essa devoção ainda mais heroica. Para não dizer do fato de eu pessoalmente ter encontrado uma qualidade espiritual tão esmagadora em suas primeiras obras de mitologia que minha inclinação ao terminar um capítulo é abençoar-me!

Após a Missa (e almoço na toca da bebida de Tolkien, o “Lamb & Flag”), um grupo de nós foi ao Cemitério de Wolvercote para rezar o Rosário pela beatificação de Tolkien, o repouso das almas dos membros de sua família (incluindo seu filho mais velho, o Pe. John Tolkien enterrado nas proximidades), para o fim do aborto e a conversão da Inglaterra – juntamente com a Oração de Beatificação, composta pelo grupo online que faz campanha para que a sua Causa seja aberta. Também enterrado nas proximidades está o escritor Stratford Caldecott, para quem as obras de Tolkien foram instrumentais na sua conversão ao catolicismo.

Se você quiser seguir e apoiar a Causa on-line pré-nascente, procure por “Cause of Canonization  of JRR Tolkien” no Facebook. Aqui segue a Oração de Beatificação.

“Oh! Santa trindade, damos graças a ti por ter agraciado a Igreja com John Ronald Reuel Tolkien e por permitir a poesia de sua criação, o mistério da Paixão de seu Filho, e a sinfonia do Espírito Santo, em brilhar através dele e sua  imaginação sub-criativa. Confiando totalmente na vossa infinita misericórdia e na materna intercessão de Maria, Ele nos deu uma imagem viva de Jesus a Sabedoria de Deus encarnada, e mostrou-nos que santidade é a medida necessária da comum Vida cristã e é a forma de alcançar comunhão eterna com o Senhor.Concedei-nos, por sua intercessão, e de acordo com sua vontade, as graças que imploro …, na esperança de que ele em breve estará contado entre Seus santos. Amén”.

“O Blessed Trinity, we thank You for having graced the Church with John Ronald Reuel Tolkien and for allowing the poetry of Your Creation, the mystery of the Passion of Your Son, and the symphony of the Holy Spirit, to shine through him and his sub-creative imagination. Trusting fully in Your infinite mercy and in the maternal intercession of Mary, he has given us a living image of Jesus the Wisdom of God Incarnate, and has shown us that holiness is the necessary measure of ordinary Christian life and is the way of achieving eternal communion with You. Grant us, by his intercession, and according to Your will, the graces we implore…,hoping that he will soon be numbered among Your saints. Amen.”

Ao escrever suas obras Tolkien não pretendia que elas fossem um produto teológico, até porque ele sendo um católico devoto entendia que caberia apenas a Igreja interpretar e tratar sobre o tema de forma autêntica. Mas em diversas ocasiões o autor menciona a importância que sua religião teve para o seu processo de criação, especialmente em seu ensaio “Sobre Contos de Fadas” e em cartas.

Tolkien era um ativista católico, tendo participado de vários grupos onde morava e apoiado instituições. Além disso, ele atuou como tradutor da Bíblia de Jerusalém para o Inglês, no Livro de Jonas (veja mais AQUI).

Embora não expressamente evidenciado em suas obras. Tolkien escreveu várias poesias em élfico e orações católicas. Como exemplo ele traduziu para a língua élfica Quenya o “Pai Nosso” e a “Ave Maria”, como pode ser visto nos vídeos abaixo:


Segue abaixo a “Ave Maria” traduzida para o élfico Quenya pelo próprio Tolkien e cantada:

Para assistir outros vídeos sobre a vida e obra de Tolkien acesse nosso canal no youtube AQUI.

Poesia

O Poema “A Viagem de Earendel a Estrela Vespertina”

 

by Eduardo Stark

Éala! éarendel engla beorhtast, ofer middangeard monnum sended.
(Salve, Earendel, o mais brilhante dos anjos, sobre a terra-média mandado aos homens)

Foi com a palavra “Earendel” em mente que em 24 de setembro de 1914, J.R.R. Tolkien escreveu o poema The Voyage of Éarendel the Evening Star (A Viagem de Earendel a Estrela Vespertina). Esse foi o primeiro texto relacionado ao seu legendarium e foi o seu primeiro passo.

Foi por isso que certa vez afirmou em carta para Clyde Kilby que “As palavras de Cynewulf, das quais, em última instância, brotaram toda a minha mitologia” (Carta para Clyde Kilby, dezembro de 1965).

De uma simples palavra em um manuscrito antigo e pouco estudado entre os homens modernos, surge uma nova mitologia, um novo mundo cheio de histórias que admiraram e surpreendem milhões de leitores por vários anos.

Em Setembro de 1914, Tolkien, junto com seu irmão Hilary, foi visitar sua tia Jane Neaves na fazenda Phoenix em Gedling. Um local distante da turbulência da cidade que estava cheia de temores quanto a guerra mundial. Foi justamente em 24 de setembro que ele experimentou escrever um poema utilizando a palavra “Earendel” que tanto o espantou poucos meses atrás.

Questionamentos eram comuns em relação a palavra, tais como: O que significa Earendel? Em que contexto pode ser utilizado? Essa é uma palavra substantiva?

Ao pesquisar com mais profundidade Tolkien percebe a multiplicidade de significados e sua relação com mitologia antiga e histórias de heróis e deuses de origens germânicas. E desses conceitos é que começa a escrever o poema.

As primeiras conexões começam a serem feitas a partir das palavras de Cynewulf e o significado de Earendel. Primeiramente em ter a noção de que é uma palavra mais antiga que o próprio anglo-saxão e que tem uma ligação com a mitologia. Também deve-se notar a sua relação com o herói germânico Orendel, que realizou viagens marítimas. O vínculo de significado da palavra Earendel com Orendel é feito por Jacob Grimm em seu livro Deutsche Mythologie. Então se extrai da palavra o seguinte:

1 – Uma relação com uma mitologia
2 – Um Herói chamado Earendel (Orendel)
3 – Ele realiza uma viagem marítima

Mas adotar a história de Orendel apenas iria empobrecer o significado do nome, que também tem relação com o Sol Nascente ou algum astro que emita uma luz. Assim, seria necessário fazer mais uma conexão. Para que a palavra tenha a sua aplicação em todos esses significados Tolkien associou o herói a luz e a estrela da manhã Como se fosse um navio iluminado que estivesse em meio a escuridão do mar, dando a imagem como se fosse uma estrela.

1 – Uma relação com uma mitologia
2 – Um Herói chamado Earendel (Orendel)
3 – Ele realiza uma viagem marítima
4 – No navio há uma lâmpada que ilumina a escuridão intensa do mar

O herói parte em direção ao Oeste. Existe uma série de lendas relacionadas a viagens para o Oeste na cultura europeia. A começar por Atlântida ou mesmo a lenda de Hy Breazil, ou Avalon. Essa conexão envolvia diversos questionamentos que deveriam ser respondidos posteriormente: Que terra desconhecida é essa?

1 – Uma relação com uma mitologia
2 – Um Herói chamado Earendel (Orendel)
3 – Ele realiza uma viagem marítima
4 – No navio há uma lâmpada que ilumina a escuridão intensa do mar
5 – A viagem vai para terras desconhecidas no Oeste

Essas terras desconhecidas parecem ter um nome. Isso pode ser observado agora no segundo verso do poema: Éala! éarendel engla beorhtast ofer middangeard monnum sended. A palavra anglo-saxã “Middangeard” tem o mesmo significado que Midgard, que no inglês moderno é o mesmo que Middle-earth, que é traduzido para o Português como Terra-média.

Em uma tradução simples o significado seria o equivalente ao nosso “mundo”, “planeta terra”. Mas assim como em “Earendel”, essa palavra tem uma conexão com as mitologias antigas, em especial a mitologia germânica e islandesa, em que Midgard é um região dos vários reinos existentes em que os humanos vivem.

Assim, o que se pode notar dos dois versos que Tolkien admirou são as seguintes informações:

1 – Uma relação com uma mitologia
2 – Um Herói chamado Earendel (Orendel)
3 – Ele realiza uma viagem marítima
4 – No navio há uma lâmpada que ilumina a escuridão intensa do mar
5 – A viagem vai para terras desconhecidas no Oeste
6 – Uma relação com a chamada “Terra-média”

A partir dessas premissas Tolkien começou a desenvolver seu primeiro escrito do que viria se tornar sua mitologia.

No poema a rima ocorre cada palavra oxítona, sendo uma palavra que rima com outro no mesmo verso e no seguinte uma palavra final que fará par com a palavra do verso subsequente. Assim, as rimas são alternadas ou cruzadas, seguindo o esquema AABAAB. Estilo semelhante pode ser visto no poema de Percy Bysshe Shelly (1792-1822) intitulado Syracuse Arethusa (LONGFELLOW. p. 1876-1879):

Arethusa arose From her couch of snows
In the Acroceraunian mountains,
From cloud and from crag, With many a jag,
Shepherding her bright fountains.

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Arethusa surgiu, de seu sofá de neve partiu
Nos Acroceraunianos montes,
Da nuvem e fragada, que muito entalhada,
Pastoreando suas fontes brilhantes.

Não é possível precisar se Tolkien teria de fato se valido especificamente dos poemas de Shelly, porém é uma hipótese considerada pelos estudiosos tolkienianos John Garth e Hugo Brogan. Há também elementos que Tolkien parece ter utilizado como fonte como a Iliada de Homero e o épico anglo-saxão Beowulf.

O poema foi publicado posteriormente no livro The Book of Lost Tales 2 (p. 271-3), editado por Christopher Tolkien. Abaixo segue uma tradução das duas primeiras estrofes do poema, com estilo que visa se adequar a métrica e rima do poema original:

Eärendel surgiu onde a sombra fluiu,
No Oceano as silenciosas beiradas;
Do alvor sombroso como um raio luminoso
Onde as margens são escuras e escarpadas
Lançou sua barca como prateada faísca
Da última e solitária terra;
No iluminado alento do dia ígneo morto
Partiu da ocidental terra.

Iniciou sua jornada durante a outonada
Do Sol nascente,
E viajando por rastros além de muitos astros
Em seu galeão reluzente.
Na maré cheia da escuridão passeia
O navio celeste,
E na noite reluz com suas velas de luz
Como a estrela passando ao oeste.

——

Eärendel arose where the shadow flows
At Ocean’s silent brim;
Through the mouth of night as a ray of light
Where the shores are sheer and dim
He launched his bark like a silver spark
From the last and lonely sand;
Then on sunlit breath of the day’s fiery death
He sailed from Westerland.

He threaded his path o’er the aftermath
Of the splendour of the Sun,
And wandered far past many a star
In his gleaming galleon.
On the gathering tide of darkness ride
The argosies of the sky,
And spangle the night with their sails of light
As the streaming star goes by.

Em 27 de novembro de 1914, Tolkien leu pela primeira vez o seu poema para um grupo de pessoas no Essay Club (Clube de Ensaios) em Oxford. Segundo ele “Houve um ensaio ruim, mas uma discussão interessante. Essa foi também uma reunião de composições e li “Earendel”, que recebeu boas críticas” (Carta 2, para Edith Bratt, 27 de novembro 1914).

orendel
Orendel, no manuscrito original

Nessa mesma época Tolkien se encontrou com seus amigos da T.C.B.S e apresentou o poema.Especialmente G.B. Smith leu atentamente o texto e fez sugestões e questionamentos. Na biografia escrita por Humphrey Carpenter há esse pequeno relato:

Ele havia mostrado os versos originais sobre Earendel a G. B. Smith, que dissera que gostava deles mas não sabia do que tratavam realmente. Tolkien respondera: “Não sei. Tentarei descobrir.” Não tentaria inventar: tentaria descobrir. Ele não se via como um inventor de histórias, mas como um descobridor de lendas. E isso devia-se na verdade às suas línguas particulares. (CARPENTER, p.)

A resposta de Tolkien parece ser enigmática e traduz a ideia que o autor tem sobre como construir suas histórias. Para Tolkien as histórias começavam sempre com um palavra e a partir dela é que se podia extrair o significado e assim suas histórias. Isso o motivava intelectualmente e foi assim que começou a escrever sobre Earendel.

Contudo, a dúvida de G.B. Smith parecia muito pertinente. Afinal, de qual mitologia se tratava esse poema? quem era esse marinheiro? E que terra a oeste é essa? seria uma ilha ou continente? Ou mesmo um mundo novo? Qual a relação dessa terra com a chamada “Terra-média”?

Bem provável que Tolkien se questionava sobre esses mesmos pontos, e foi deles que suas primeiras histórias foram sendo desenvolvidas e toda sua mitologia se formou.

Famosos, Sobre Livros

J.K. Rowling ama O Hobbit e acha que Tolkien é genial!

harry potter
harry potter

By Eduardo Stark

Esse artigo é uma homenagem a todos os fãs de Harry Potter e especial os que reconhecem a importância das obras de Tolkien e que vieram me pedir mais informações a respeito do tema e que participam de nosso grupo no facebook AQUI.

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Desde o grande sucesso de O Senhor dos Anéis esse livro é visto como um parâmetro para comparação em relação a outras obras do mesmo gênero literário. Já ressaltamos aqui influências de G.R.R. Martin (veja o artigo aqui) e Stephen King (veja o artigo aqui) e outros escritores (veja aqui). Agora apresentamos detalhes sobre J.K. Rowling e sua relação com a obra de Tolkien.

Joanne Kathleen Rowling ou J. K. Rowling é uma notável escritora conhecida por sua série de livros infantis Harry Potter. Ela é uma típica inglesa e com isso acabou tendo contato com essa cultura e evidentemente com os seus escritores clássicos e renomados. Com isso, a escritora ainda na juventude leu os livros de J.R.R. Tolkien e C. S. Lewis.

Desde que foi publicado o primeiro livro da série Harry Potter foi comum em diversas entrevistas e até entre os amigos pessoais da escritora o questionamento dela ter sido influenciada por escritores de fantasia que a antecederam.

O presente texto visa apresentar grande parte das entrevistas que Rowling ressaltou algo sobre as obras de Tolkien e tentar verificar quando a escritora teve o primeiro contato com O Senhor dos Anéis.

Os paralelos de suas obras não foram levados em consideração e o foco do texto são as declarações da própria escritora J.K. Rowling. Ela diz em várias ocasiões que leu o Hobbit e que foi “maravilhoso” e que ama a obra. Sobre o escritor Tolkien diz que o admira e dentre outras afirmações que serão expostas.

Existe uma certa dificuldade em determinar com qual idade a autora leu o Senhor dos Anéis e isso é verificado em contradições nas diversas entrevistas. Fato é que em sua vida a escritora desejou estudar na Universidade de Oxford, onde não foi admitida como aluna. Essa era a mesma universidade em que J.R.R. Tolkien foi professor durante muitos anos e se tornou doutor.

Abaixo segue a compilação de grande parte de suas referências sobre Tolkien em entrevistas. As fontes de onde foram publicadas estão junto ao corpo do texto em que é feita a citação. (boa parte das entrevistas completas podem ser encontradas no site conteudo.potterish.com).

O marketing da comparação de Tolkien aplicado a Harry Potter

As obras de Tolkien em relação a fantasia são consideradas padrões ou objetos de parâmetro.Ou seja, elas são algo basilar nesse tipo de literatura. E devido ao seu grande sucesso literário não é estranho que os novos escritores que venham a surgir sejam comparados com ele.

Parece ser uma estratégia comum do marketing utilizar as obras de Tolkien para conseguir assim chamar a atenção e atrair novas pessoas. Não é preciso relatar os vários momentos em que isso acontece com os livros de G.R.R. Martin, Eragon e outros.

Com os livro de Harry Potter não é diferente. Logo no início da publicação dos livros, ainda na década de 90, vários jornais e mídias já iniciavam as comparações da pedra filosofal e O senhor dos Anéis.

Essa questão toda refletiu até mesmo na forma como o nome da autoria seria colocado no livro. De fato, os autores de fantasia infantil tinham o nome abreviado logo no início C.S. Lewis, J.R.R. Tolkien, etc. Como podemos ler a seguir, a ideia partiu da editora e não da autora:

Ela se nomeia J.K. porque imagina ser uma moderna Tolkien? “Não, foi ideia da editora.” ela diz. “Eles eram cautelosos por eu ser uma mulher.” A Bloomsbury  acha que não alcançariam os meninos, então eles a fizeram hermafrodita. “Eu estava tão agradecida com a publicação que isso não importava para mim” (Hattestone, Simon. “Harry, Jessica e eu”. The Guardian, 08 de julho de 2000).

As primeiras notícias em jornais entre os anos de 1995 e 1998 utilizam ideias de comparação entre os autores de Nárnia e O Hobbit em relação aos livros de Harry Potter. E isso começou a ser mais continuo com os lançamentos dos filmes.

J. K. Rowling
J. K. Rowling

Com que idade Rowling leu O Senhor dos Anéis? 14, 19 ou 20 anos?

Como ressaltado, Rowling por ser uma típica mulher inglesa isso implicou com as primeiras leituras dos escritores de seu país. Mas a escritora parece se contradizer em várias entrevistas sobre o momento em que ela leu O Senhor dos Anéis, variando de 14 para 21 anos.

A primeira entrevista concedida em que a escritora fala algo sobre Tolkien ocorreu em 1999 em que afirmou ter lido as obras de Tolkien e Lewis e reconheceu os autores como gênios:

Eu li ambos, ahn – ambos eram gênios, estou imensamente lisonjeada em ser comparada a eles, mas acho que estou fazendo algo ligeiramente diferente. Fonte: “Christopher Lydon. “Transcrição da entrevista com J.K. Rowling para o The Connection”. Rádio WBUR, 12 de outubro de 1999. Transmitida em: 12 de outubro de 1999, das 10h06min às 11h00min da manhã”).

Em uma entrevista no ano seguinte a escritora informa ter lido O Senhor dos Anéis com 14 anos de idade. Nada mais natural, pois em 1977 e 1978 os filmes animados de O Hobbit e O Senhor dos Anéis estavam nos cinemas e  proporcionaram uma publicidade maior em relação as obras naqueles anos. Na entrevista foi perguntado “Você tem algum tipo de público alvo quando escreve esses livros?” e ela respondeu:

Eu mesma. Eu sinceramente nunca sentei e pensei, O que será que as crianças vão gostar? Eu realmente estava tão empolgada com a idéia quando ela veio a mim que eu pensei que seria divertido de escrever. De fato, eu não gosto muito de fantasia. Não é bem que eu não goste, na verdade eu não li muito isso. Eu li “Senhor dos Anéis” no entanto. Li quando tinha uns 14 anos. Fui ler “O Hobbit” depois dos vinte. Nessa época eu já tinha começado “Harry Potter”, e alguém me deu esse livro, e eu pensei: Sim, Eu realmente devo ler isso, porque as pessoas sempre diziam, “Você já leu “O Hobbit, obviamente?” e eu dizia, “Hum, não”. Então eu pensei “Bem, vou ler”, li, e foi maravilhoso. (Sorriso encabulado). (Jones, Malcolm. “A mulher que inventou Harry”. Newsweek, 17 de julho de 2000).

Em resposta na entrevista publicada no site Scholastic.com, “Sobre os livros: Entrevista de J.K. Rowling para Scholastic.com”, (16 de Outubro de 2000), Rowling afirmou ter lido a obra de O Senhor dos Anéis com dezenove anos de idade. A pergunta foi a seguinte: “eu estava pensando em o quanto Tolkien inspirou e influenciou a sua escrita?”:

Difí­cil de dizer. Eu não li O Hobbit até que o primeiro Harry estava escrito, se bem que eu li O Senhor dos Anéis quando eu tinha dezenove. Eu acho que deixando de lado o fato óbvio que ambos usamos mito e lenda, as similaridades são muito superficiais. Tolkien criou uma nova mitologia inteira, o que eu nunca poderei dizer que fiz. Por outro lado, eu acho que faço piadas melhores. (Scholastic.com, “Sobre os livros: Entrevista de J.K. Rowling para Scholastic.com”, 16 de Outubro de 2000)

No ano seguinte em março de 2001, em entrevista para Comic Relief (trecho publicado mais abaixo na parte de influências), a autora de Harry Potter disse ter lido O Senhor dos Anéis com vinte anos. Estranhamente, no mesmo mês, poucos dias após essa entrevista ela afirmou em entrevista na BBC Online que tinha lido O Senhor dos Anéis com vinte anos.Assim foram feitas as perguntas “O que você acha de “O Senhor dos Anéis”, de Tolkien?” e ela respondeu o seguinte:

Eu li quando tinha uns vinte anos, creio e eu gostei muito, embora nunca tenha relido, que é algo revelador (normalmente releio meus livros favoritos constantemente), mas ele criou toda uma mitologia, uma incrível façanha. (“Transcrição do chat ao vivo da Comic Relief”. Comic Relief, março de 2001).

Com uma ideia diferente, diferindo em pouco em sua resposta afirmou o mesmo, ao ser perguntada “O que você acha do livro “O Senhor dos Anéis“, de Tolkien?” em que ela responde:

Eu li quando eu tinha mais ou menos vinte anos e eu gostei muito, apesar de nunca ter tido a oportunidade de reler. O que é relevante, porque meus livros favoritos eu leio várias vezes. Mas ele criou uma nova mitologia, uma façanha incrível. (“Chat do dia do Red Nose”. BBC Online, 12 de março de 2001).

Para ter uma ideia mais formada sobre isso, é interessante ver o que o Sean Smith escreveu na biografia de J.K. Rowling a respeito de O Senhor dos Anéis.

Um dos livros que ela leu durante os seus dias universitários foi O Senhor dos Anéis, o famoso romance de fantasia do Professor de Oxford, J. R. R. Tolkien. Joanne se tornou uma grande admiradora da saga e seu volume de 1000 páginas contendo toda a história, que se tornou maltratado e desgastado ao longo dos anos. (J.K. Rowling A Biography, 2003, p. 90).

Esse trecho demonstra que ela leu o livro aos 19 anos e que ela se tornou uma grande admiradora da saga de Tolkien. E para ressaltar ainda mais, o biografo expõe que Rowling levou para Portugal o seu volume de O Senhor dos Anéis:

Joanne invariavelmente tinha o Senhor dos Anéis com ela [em Portugal], que ela tinha lido pela primeira vez quando tinha dezenove anos, mas era um dos livros que ela queria levar para Portugal. Maria Ines confirma que ela sempre teve sua cópia com ela e Jorge lembra que não podia deixar o livro. (J.K. Rowling A Biography, 2003, p. 108)

Fato é que J.K. Rowling leu O Senhor dos Anéis em alguma parte de sua juventude. Estranhamente ela parece mudar a idade em que ela leu o livro com o passar dos tempos e até evitar comentar que teve alguma influência de Tolkien. Sua resposta sobre ter lido O Senhor dos Anéis e não ter relido é uma demonstração disso, pois o seu próprio biografo afirma que ela releu a obra e a carregou para a viagem a Portugal.

Com o lançamento dos filmes de Harry Potter quase que simultaneamente com os filmes de O Senhor dos Anéis foi necessário uma resposta menos clara quanto a essa influência por parte da autora. O marketing da comparação já não era mais necessário. Pois era comum a comparação de sua obra com O Senhor dos Anéis e foi agora necessário ter uma autonomia.

Então se supõe ter sido algo em relação às empresas relacionadas que recomendaram a ela evitar assumir influência ou pelo fato dela pretender se dissociar de alguma influência de autores antecedentes. A mesma forma de atuação parece ter ocorrido em relação a influência de C.S. Lewis, visto logo adiante.

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Em 2005, a Revista Time disse que “Rowling nunca terminou de ler O Senhor dos Anéis” e a autora afirma que não é muito fã de fantasia e que não sabia que estava escrevendo um estilo de livro de fantasia:

A escritora de fantasias mais popular do mundo nem mesmo gosta especialmente de romances de fantasia. Nunca sequer ocorreu a ela, até publicar Pedra Filosofal, que havia escrito um. “Esta é a verdade nua e crua”, diz ela. “Você sabe, os unicórnios estavam lá. Existia o castelo, Deus sabe. Mas eu realmente não sabia que era isso que eu estava escrevendo. E eu acho que talvez a razão de isso nunca ter me ocorrido é que eu não sou muito fã de fantasia”. Rowling nunca terminou de ler “O Senhor dos Anéis”. (Grossman, Lev. “J.K. Rowling, Hogwarts e tudo”. Revista Time, 17 de julho de 2005).

Talvez um erro da Revista Time? Ou alguém passou essa informação errada para o jornalista?

Com essas entrevistas verifica-se que a escritora não parece se localizar muito no tempo quanto o momento em que leu O Senhor dos Anéis. Ao que parece que ela pretende se distanciar de alguma influência ou afirmação do tipo, chegando a afirmar como lido acima que ela não releu a obra e culminando com a afirmação da Revista Time de que ela não leu.

1999 – 12 outubro – Diz que leu Tolkien. E ele é um gênio. Grata em ser comparada.

2000 – 17 julho – Diz que leu o Senhor dos Anéis com 14 anos.

2000 – 16 outubro – Diz que leu O Senhor dos Anéis com 19 anos.

2001 – Março – Diz que leu com 20 anos

2005 – 17 Julho – Nunca terminou de ler O Senhor dos Anéis (Segundo a Revista Time)

O fato é que ela leu O Senhor dos Anéis e que leu antes de O Hobbit.

A influência de Tolkien

Ao ser perguntada diretamente  “Você é uma fã de Tolkien? O trabalho dele influenciou a série de Harry Potter?”, Rowling respondeu o seguinte:

Bem, eu amo “O Hobbit“, mas eu acho, se você deixar de lado o fato que os livros se sobrepõem em termos de dragões e varinhas e bruxos, os livros sobre Harry Potter são muito diferentes, especialmente no tom. Tolkien criou uma mitologia inteira, eu não acho que alguém possa dizer que fiz isso. Por outro lado… ele não tinha o Duda.  (“Bate-papo com J.K. Rowling”. AOL Live, 04 de maio de 2000).

Ainda ela confessa admirar o escritor Tolkien por sua capacidade de detalhes:

Outra comparação foi feita com a série de sete livros Crônicas de Nárnia de C. S. Lewis, a qual tem um forte tema moral e religioso. Ainda mais, sobre tudo a maior parte desta escrita é a realização de J.R.R.Tolkien. “Eu o admiro”, ela fala sobre o autor cuja atenção obsessiva aos detalhes excede até a dela própria. (“Mãe de todos os trouxas”. The Irish Times, 13 de julho de 2000).

Nessa mesma entrevista ela respondeu a comparação da capa da invisibilidade em relação ao Anel de O Senhor dos Anéis: “Capas são mais divertidas que anéis, você pode tropeçar nelas, rasgá-las, elas podem cair – elas são divertidas”.

Em 2001, Rowling faz um comentário sobre a necessidade que as crianças tem em relação a obras de fantasia e mencionou Tolkien como referência a conhecimento e soberania dentro de um mundo imaginado:

as crianças adoram “conhecimento e soberania dentro de um mundo imaginado. Daí o apelo de coisas tão diversas como Sherlock Holmes e Tolkien”. Entretanto, até esses dois são ofuscados pelo bruxinho que usa óculos. “Nenhum deles apresenta uma mistura tão única de humor, medo e diversão”. (Gaisford, Sue. “Dando voz a Harry e Cia”. BBC Worldwide, abril de 2001).

Ao ser perguntado sobre influências de seus livros ela respondeu o seguinte:

Bem, é muito, muito difícil separar as influências. Coisas como Guerra nas Estrelas e Senhor dos Anéis e a série Harry Potter, muitos são… Eles, eles seguem o formato de aventura. Eles seguem o formato de bem contra o mal e o que isso faz com as pessoas. (Vieira, Meredith. “J.K. Rowling cara-a-cara: parte um”. Today Show (NBC), 26 de julho de 2007).

J.K. Rowling se aprofundou nas obras de Tolkien

Em uma entrevista ao jornal El País, publicada em 8 de fevereiro de 2008, a autora de Harry Potter demonstra um conhecimento de certa forma aprofundado sobre as obras de Tolkien.

Pergunta: Solidão, morte. Falamos de coisas sombrias. Talvez tenha tudo a ver com literatura.

Resposta: Bom, acho que foi Tolkien quem disse que todos os livros importantes tratam sobre a morte. E há algo de verdade nisso, porque a morte é nosso destino e devemos afrontá-la. Tudo o que fazemos na vida é uma tentativa de negar a morte. (Cruz, Juan. “Ficar invisível? Isso seria o melhor…”. El País, 8 de fevereiro de 2008).

Essa relação que Tolkien faz em relação a morte em suas obras não é algo muito divulgado em massa, o que demonstra que a escritora pesquisou com mais profundidade preceitos sobre O Senhor dos Anéis.

A referência sobre a morte em o Senhor dos Anéis é vista no documentário da BBC de Londres de 1968, um material secundário, pois no livro não há referências sobre a morte por parte de Tolkien. O que demonstra que ela buscou mais informações sobre o tema e o autor.

C. S. Lewis, escritor e amigo de Tolkien
C. S. Lewis, escritor e amigo de Tolkien

J.K. Rowling é uma fã de C. S. Lewis

Rowling parece ser muito mais uma fã de C.S. Lewis do que de Tolkien propriamente. Ela afirmou ter lido os livros de Crônicas de Nárnia quando era criança ao recebê-los como presentes de sua mãe aos oito anos.

Bertodano, Helena. “Harry Potter encantou uma nação”. Eletronic Telegraph, 25 de julho de 1998.  “Até mesmo hoje, se encontrasse um dos livros Nárnia em minha frente, com certeza o pegaria para reler de uma vez só”.

E nesse mesmo sentido, uma entrevista em novembro foi afirmado que ela sempre relê As Crônicas de Nárnia:

Hoje em dia, pessoas com boas intenções dão livros de fantasia para que Rowling os leia. Mas ela prefere Jane Austen e Roddy Doyle. “Fantasia não é o meu gênero predileto. Embora eu adore C. S. Lewis, eu tenho um problema com aqueles que o imitam”.Aos 33 anos, Rowling ainda relê As Crônicas de Nárnia, famosas por O Leão, A Feiticeira e o Guarda-Roupa (seu preferido é A Viagem do Peregrino da Alvorada), junto com os outros preferidos de sua infância, E. Nesbit, Paul Gallico e Noel Streatfield. “Eu tento fazer o mesmo que eles no quesito de pegar uma boa história e contá-la da melhor maneira possível”, ela diz. “Não havia nada de descuidado com o jeito que eles escreviam”. (Blakeney, Sally. “O conto de fadas dourado”. The Australian, 7 de novembro de 1998).

Pergunta sobre quais seriam seus heróis e heroínas favoritos em literatura infantil a escritora respondeu o seguinte:

Eu realmente gosto do Eustáquio em “A Viagem do Peregrino da Alvorada” de C.S. Lewis (terceiro na série de Nárnia). Ele é um personagem muito desagradável que se torna bom. Ele é um dos personagens mais engraçados de C.S. Lewis, e eu gosto muito dele. “Entrevista de Barnes and Noble”. Barnes and Noble, 19 de março de 1999.

Quando perguntada sobre quais são suas maiores influências e qual o preferido quando ela leu quando crianças ela respondeu:

“Quem eu mais admiro são E. Nesbit, Paul Gallico e C.S. Lewis. Meu livro favorito quando era criança era “O Pequeno Cavalo Branco” de Elizabeth Goudge”. (“Transcrição da entrevista na eToys”. eToys.com, outono de 2000)

Assim como visto com O Senhor dos Anéis, antes dos filmes Rowling parece ter uma visão mais amigável em relação a C.S. Lewis. Admitindo influência e dizendo que iria ler sempre que pudesse as Crônicas de Nárnia.  Com o passar do tempo, em 2005 ela afirma não ter lido o último livro de Crônicas de Nárnia, dando a ideia de um distanciamento de influência em relação a C.S. Lewis, provavelmente por conta dos diversos comentários que relacionavam sua obra a do Lewis:

Na verdade eu não li muita fantasia, e o mais engraçado é que mesmo que tenha lido os livros de Nárnia, eu nunca terminei a série, nunca li o último livro. Talvez eu devesse voltar e completar a minha educação nesse assunto. Mas eu li muito livros adultos, e minha mãe nunca me proibiu, nunca fui proibida de ler nada da estante, então eu lia tudo e qualquer coisa, e não apenas livros infantis. (Conferência “mirim” em Edimburgo. ITV, 16 de julho de 2005).

Contudo, evidente que mesmo assim a autora não negou sua influência das obras de C.S. Lewis, de modo que as afirmações anteriores se mantém coerentes. Em uma entrevista no dia seguinte a revista Time afirma que a autora não leu As Crônicas de Nárnia, o que contradiz as afirmações da própria autora vistas acima, e logo em seguida a mesma tece criticas quanto a obra de Lewis:

Ela nem leu as “Crônicas de Nárnia” de C.S.Lewis, aos quais seus livros são muito comparados. Existe algo na sentimentalidade de Lewis em relação a crianças que a deixa irritada. “Tem um momento lá onde Susan, a menina mais velha, se perde em Nárnia porque se interessa por batom. Ela se torna sem religião principalmente porque descobre sexo”, diz Rowling. “Eu tenho um grande problema com isso”. (Grossman, Lev. “J.K. Rowling, Hogwarts e tudo”. Revista Time, 17 de julho de 2005).

Com isso, podemos concluir que J.K. Rowling leu O Senhor dos Anéis de Tolkien em sua juventude provavelmente aos 19 anos e O Hobbit aos 20 anos. Ela diz não ter relido o livro, mas o seu biografo diz ter relido e andava com o livro sempre, isso com base em duas testemunhas que viram ela levando o livro para portugal. Ela disse que ama O Hobbit, chama Tolkien de Gênio e acha que não seria capaz de criar uma mitologia como a dele. E, ressaltando que  J. K. Rownling leu as Crônicas de Nárnia por volta dos oito anos e se tornou uma influência em suas obras.

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Atores dos filmes e sua relação com O Senhor dos Anéis

Vários atores dos filmes se declaram fãs de O Senhor dos Anéis e outros atores tiveram papéis relacionados ao Senhor dos Anéis como dublador de Aragorn e a voz de Sam na Rádio BBC, John Vincent Hurt e William Francis Nighy.  Um outro artigo só falando sobre o elenco e o quanto eles são fãs de O Senhor dos Anéis seria necessário, já que grande parte deles são ingleses, assim como o próprio Tolkien.

Daniel parece ter um certo apresso pelos filmes do diretor Peter Jackson, já que uma vez foi assistir aos filmes de forma ‘escondida’:  “eu fui ver uma prévia de O Senhor dos Anéis em Leicester Square, que é um dos maiores cinemas do país. Estava lotado e ninguém me reconheceu. Eu faço mais coisas do que as pessoas pensam”. (novembro de 2003, DanRadcliffe.com) 

Existe uma certa tendência por parte de alguns leitores em atacar uma ou outra obra.Em “My Boy Jack” entrevista do  GQ concedida em 05 de outubro de 2007, o ator Daniel Radcliffe apresenta um exemplo de conduta com relação a essas ideias de comparação entre as obras e conflitos entre fãs:

Eu sou constantemente confundido com Elijah Wood. Eu estava no Japão e alguém me deu uma foto dele para assinar. Eu não sabia falar isso em japonês, então eu escrevi “Eu não sou Elijah Wood, mas obrigado de qualquer forma, Daniel Radcliffe.” Se eu fosse um pouco mais infantil eu teria escrito “O Senhor dos Anéis é um lixo.”

Acho que essas palavras finais de Elijah Wood… digo… Daniel Radcliffe dizem muita coisa.

Diversas

O projeto de lei da “Praça Professor Tolkien” em São Paulo!

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Praça Darcy Penteado em São Paulo

No ano de 2004, Cláudio Quintino, um dos antigos membros do grupo mais antigo de fãs de Tolkien no Brasil, o Heren Hyarmeno, entrou em contato com o então vereador da cidade de São Paulo Marcos Zerbini (hoje deputado estadual de São Paulo), para que esse apresentasse um projeto de lei um tanto diferenciado e muito especial para os fãs de Tolkien.

O projeto consistia basicamente em nomear uma praça pública com o seguinte “Praça Professor Tolkien”. Pelo que se tem notícia seria a primeira iniciativa de homenagem por parte do poder público brasileiro em relação ao escritor J.R.R. Tolkien.

Na Europa e pelo mundo afora, existem diversas homenagens ao nome do professor. Monumentos, praças, ruas e até nomes de bairros estão denominados em homenagem ao professor Tolkien. Na Holanda, por exemplo, existe uma pequena cidade onde mais de cinquenta ruas são nomes de personagens de O Senhor dos Anéis (veja mais AQUI).

Esclarecendo sobre a ideia do projeto Cláudio Quintino diz: “Eu trabalho na CMSP desde os 16 anos, e li Tolkien pela primeira vez aos 15. Parecia óbvio para mim, já que tanta gente inexpressiva é homenageada por vereadores com nomes de ruas, que alguém realmente notável como o Professor recebesse uma justa homenagem do parlamento paulistano. Como eu havia redigido na exposição de motivos, o universo criado por Tolkien transcende a fantasia e oferece aos leitores um conjunto de valores e princípios – bravura, honra, lealdade, humildade – cada vez mais raros nos nossos Dias.”

Na justificativa do chamado PL 418 de 2004, há um relato da vida do professor Tolkien e apresenta sua importância para a literatura universal.

Infelizmente, o PL 418 não passou pela Comissão de Constituição e Justiça, pois não cumpriu um dos requisitos legais para alterações de nomes de praças na cidade de São Paulo. Isso não quer dizer que o projeto seja ilegal, apenas que um aspecto formal não foi observado na propositura do PL. Ou seja, nada impede que novos projetos assim sejam apresentados em outras Câmaras de Vereadores de cidades diferentes, ou mesmo na própria cidade de São Paulo, desde que observados os requisitos de cada cidade.

O PL 418 visava alterar o nome da Praça Darcy Penteado para “Praça Professor Tolkien”. Darcy Penteado, que dá nome ao local, foi pintor, coreógrafo, dramaturgo, figurinista e ativista homossexual. Nasceu em 1926 e morreu em 1987.

Certamente, não foi a intenção do autor do projeto ignorar a importância dessa pessoa e suas atuações. Contudo, existem duas praças com o mesmo nome “Darcy Penteado” na cidade de São Paulo e não seria demais ter uma praça em homenagem ao maior escritor de fantasia moderna.

Para aqueles leitores que tem contato com algum vereador ou membro de alguma das casas legislativas, fica a dica de um projeto de lei que certamente seria aclamado nacionalmente e também mundialmente.

Agradecemos ao Ronald Kyrmse (assim como Quintino, membro da Heren Hyarmeno) por nos trazer o conhecimento desse fato e contribuir com informações úteis.

Segue abaixo a integra dos principais documentos relativo ao projeto de lei:

PROJETO DE LEI 01-0418/2004 do Vereador Marcos Zerbini (PSDB)

“Altera para “Praça Professor Tolkien, a denominação da praça localizada na confluência das ruas Angatuba, Itajubá e Itatinga. A Câmara Municipal de São Paulo DECRETA:

Art. 1° – Fica alterada para “Praça Professor Tolkien” a denominação do logradouro atualmente denominado “Praça Darcy Penteado”, localizado na confluência das ruas Angatuba, Itajubá e Itatinga.

Art. 2° – As despesas com a execução da presente lei correrão por conta das dotações orçamentárias próprias, suplementadas se necessário. Art. 3° – Esta lei entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas todas as disposições em contrário. Sala das Sessões, Às Comissões competentes.”

PL 0418/2004

JUSTIFICATIVA

A presente propositura tem por finalidade alterar o nome de urna praça próxima ao Estádio do Pacaembu, atualmente denominada Darcy Penteado, que é homônima de uma outra praça localizada na região central da cidade, junto à Avenida Ipiranga. Esse procedimento de alteração de denominação de logradouros homônimos atende à exigência estabelecida pela Lei Municipal N° 13.180, de 27 de setembro de 2001, que em seu art. 2° determina os critérios para a escolha de qual dos dois homônimos deverá ser alterado. O logradouro selecionado apresenta a menor densidade de edificações, menor expressão histórica, tem pouco significado na malha viária e não identifica a localização de nenhum imóvel, o que faz a escolha recair automaticamente sobre ele.

Apesar disso, o logradouro escolhido nos parece adequado para a homenagem intencionada, pois apresenta, pelo formato modesto e pela intensa arborização do entorno, urna representação reduzida dos cenários fabulosos que inspiram os sonhos dos leitores da obra literária do Professor Tolkien.

Quanto ao mérito da nova denominação, cabe dizer que o professor britânico J.R.R.Tolkien, autor da obra “O Senhor dos Anéis”, considerada um marco na história da literatura internacional e recentemente imortalizada pelas telas do cinema, tornou-se um escritor muito admirado pelo público leitor brasileiro. Considerado por muitos como o mais influente escritor do Século XX, já tem em nossa cidade uma legião de fãs – muitos dos quais descobriram, em sua obra, o estímulo para se iniciar no prazer de uma boa leitura.

Nascido na cidade sulafricana de Bloemfontein a 03 de janeiro de 1892, John Ronald Reuel Tolkien teve uma infância difícil. A morte prematura do pai e a mudança para a Inglaterra seriam o prenúncio de uma infância e uma juventude de muitas privações e translados. Mas essas, apesar das marcas profundas que deixaram, não foram o suficiente para tirar do garoto Ronald o brilho e a vivacidade. Desde cedo, ele revela duas paixões que moldariam substancialmente sua vida (e a de milhões de seus futuros leitores por todo o planeta): idiomas e a natureza. Pode-se dizer que Tolkien, foi um ecologista antes mesmo do termo e do movimento surgirem. A facilidade com que Ronald aprendia as línguas que sua mãe lhe ensinava (latim, francês e alemão, além, é claro, do inglês) só era comparável à adoração que o garoto nutria pelas árvores.

Após suportar a perda da mãe ainda quando garoto, Ronald continua a alimentar seu amor por línguas estudando-as, conhecendo-as… criando-as. E ainda garoto uma terceira paixão dividiria sua atenção com as duas que já conhecemos: Edith. Pois em 1908 o órfão Ronald encontra outra alma órfã, vivendo na mesma pensão para jovens sem pais: Edith Bratt. Tem início um romance com ares dramáticos, que superaria duas guerras, incontáveis dificuldades financeiras, proibições e tabus sociais (Edith era 3 anos mais velha do que Ronald). Para concretizar-se, contudo, esse romance deve aguardar até que Ronald atinja a maioridade (aos vinte e um anos), quando seu tutor, o padre Francis Morgan, lhe consente retomar contato com Edith. Enquanto a maioridade não vem, o jovem Ronald dedica-se a suas outras paixões, principalmente aos estudos de línguas – tanta paixão e dedicação garantem-lhe o ingresso na conceituadíssima Universidade de Oxford (1908), onde matricula-se no curso de línguas clássicas. Após um começo titubeante, Ronald opta por transferir-se para o curso de inglês, onde encanta-se com o idioma anglo-saxão. Nesse meio-tempo, ele e Edith oficializam seu noivado (1914).

Em 1920, apesar da tenra idade Tolkien já era nomeado professor doutor em Leeds, e retorna alguns anos depois a Oxford – desta vez como professor. Tolkien é um excelente professor, popular na universidade justamente por aliar sua capacidade e seus conhecimentos acadêmicos a um notável senso de humor.

Antes, porém, Tolkien enfrentou de perto os horrores da 1ª Grande Guerra. Já em 1915 Tolkien embarca para a França com as tropas inglesas, onde toma parte na terrível Batalha do Rio Somme, na qual muitos de seus melhores amigos perdem a vida – e o próprio Tolkien sofre durante um longo período de convalescença. Uma crise de “febre das trincheiras’ afasta Tolkien do front, mas em sua memória ele carregaria para sempre a imagem desoladora dos campos e bosques devastados pelas máquinas de guerra e a dor da perda de seus amigos. Até que ponto tais elementos negativos influenciaram a vida e a obra de Tolkien é difícil precisar. Seja como for, o certo é que os longos meses de convalescença e recuperação serviram como oportunidade para que ele começasse a organizar uma coleção de histórias e lendas que, em suas próprias palavras, não eram por ele criadas, mas sim recuperadas. Num universo povoado por criaturas mágicas, Tolkien desfiou seus vastos conhecimentos das mitologias européias pré-cristãs – em especial a celta e a nórdica -, integrando isso tudo a suas próprias crenças e convicções cristãs.

Acima de tudo, porém, Tolkien desafiava em sua obra a visão “progressista” que dominava a Europa de então. O desprezo e a repulsa que ele nutria por diversas conquistas do chamado ‘progresso’ humano devia-se em grande parte ao estrago que esse progresso causava ao meio ambiente. Numa entrevista, o Professor recorda-se de “um salgueiro às margens do lago, um salgueiro em que eu costumava subir. Pertencia a um açougueiro em Stratford Road. Um dia, eles o cortaram. Não fizeram nada com ele: o tronco permaneceu ali, abandonado. Jamais me esqueci disso.”

Durante a Segunda Grande Guerra, o Professor Tolkien desesperou-se com a destruição da paisagem rural inglesa que ele tanto amava, mutilada por estradas e campos de pouso. Após o conflito, ao perceber os danos que as novas rodovias causavam ao meio-ambiente, Tolkien optou por jamais voltar a ter um automóvel. Ousaram um dia chamá-Io de retrógrado (não gostava de máquinas nem de eletrodomésticos); na verdade, Tolkien estava décadas à frente de seu tempo, pois tinha plena consciência da necessidade de se refrear o ‘progresso’ e os danos que ele traria muito antes do movimento ecológico…

A essa altura, a vida do Professor dividia-se entre o trabalho na universidade e seus afazeres de esposo e pai dedicado. Mas sempre encontrava tempo para organizar os textos desafiadores que sua mente produzia. Dentre estes, o mais conhecido é “O Senhor dos Anéis. Essa obra é, contudo, somente a ponta de um imenso iceberg. Sua verdadeira grande obra, o trabalho de sua vida, só foi editado postumamente, por seu filho Christopher Tolkien.”O Silmarillion”, com sua rica mitologia que inclui até uma cosmo gênese e seu desenrolar de lendas profundas é o mito por excelência. Tolkien conhecia como poucos a verdadeira natureza dos mitos – histórias, fantásticas ou não, cuja função primordial é estimular a mente e a alma de que as lê ou ouve, transmitindo assim valores e conceitos. A obra de Tolkien é a dádiva de um homem que soube unir a magia da fantasia à realidade de nossas vidas – não se trata de uma fuga, como acusam alguns de seus detratores, mas sim ensinamentos válidos por sua mensagem e por sua forma. É uma obra que nos leva a repensar os valores que norteiam nossas vidas e os ideais de nossa sociedade. Tamanho é o impacto da obra de Tolkien no mundo todo que ela foi traduzida para dezenas de idiomas, sempre figurando entre os livros mais populares onde quer que tenha sido lançada. Recentemente (1999), J.R.R. Tolkien foi eleito o “Escritor Inglês do Século” em diversas pesquisas de opinião pública.

Talvez ele tivesse consciência da amplitude de seu trabalho, talvez não. Pouco importa. Sua vida está presente em sua obra, que por sua vez não tem como ser dissociada do homem que a concebeu (ou como ele dizia, a retransmitiu).

Cronologia

3 de Janeiro de 1892. em Bloemfontein, África do Sul, nasce John Ronald Reuel Tolkien, filho de Arthur e Mabel Tolkien.

  1. Mabel volta para a Inglaterra, levando consigo Ronald e seu irmão Hilary, enquanto Arthur Tolkien permanece na África do Sul.
  2. Após a morte de seu pai, Tolkien passa a viver definitivamente com a mãe em Birmingham, Inglaterra.
  3. Tolkien começa a freqüentar a King Edward’s School.
  4. Mabel, mãe de Tolkien, falece aos 34 anos de idade. Ele e seu irmão mudam-se para a casa de sua tia Beatrice; Posteriormente, os dois órfãos ficam aos cuidados do Padre Francis Morgan, até que completem 21 anos.
  5. Tolkien conhece Edith Bratt por quem se apaixona.
  6. Admissão na prestigiosa e concorrida Universidade de Oxford. 1913. Admissão na Honour Schools of English Language and Literature.
  7. Tolkien e Edith Bratt oficializam seu noivado.
  8. Após a graduação, Tolkien se junto ao exército Inglês, aos 23 anos. Tolkien ganha honras de primeira classe no exame final de Oxford. Alistamenta-se no Lancashire Fusiliers e inicia seu treinamento em Bedford e Staffordshire.
  9. Tolkien se casa com Edith em 22 de Março. Junho, Tolkien é enviado a França – Batalha de Somme Novembro, Tolkien retoma a Inglaterra por estar sofrendo de “Febre de Trincheira”.
  10. Nasce seu primeiro filho John Francis Reuel Tolkien.
  11. Nasce Michael Hilary Reuel Tolkien, seu segundo filho. Tolkien é nomeado corno professor em Lingua Inglesa na Universidade de Leeds.
  12. Nasce Christopher J. R. Tolkien, o terceiro filho. Torna-se catedrático da Língua Inglesa na Universidade de Leeds.
  13. Nomeado Professor para a Cátedra Rawlinson e Bosworth de Anglo-Saxão em Oxford. (aposentando-se em 1959).
  14. Nasce Priscilla M. A. R. Tolkien.
  15. Tolkien começa a escrever O Hobbit. Abandona-o antes de concluí-lo.

21 de Setembro de 1937. Publicação de “O Hobbit”, o primeiro livro a apresentar sua mitologia.

  1. Tolkien é nomeado para a Cátedra Merton de Língua e Literatura Inglesa em Oxford. 1949. Tolkien termina “O Senhor dos Anéis” após doze anos de trabalho, ele tem agora 56 anos de idade.
  2. Tolkien entrega o manuscrito de “O Senhor dos Anéis” para a Allen & Unwin.
  3. Publicação de “A Sociedade do Anel” e “As Duas Torres”, partes um e dois da Trilogia “O Senhor dos Anéis”.
  4. É publicado “O Retorno do Rei” terceira e última parte da Trilogia “O Senhor dos Anéis” .
  5. Publicação de “Tree and Leaf”.
  6. Publicação de “Smith of Wootton Major”.

29 de Novembro de 1971. Sua esposa, Edith Tolkien, falece aos 82 anos.

2 de Setembro de 1973. Tolkien, aos 81 anos, falece em meio aos seus escritos, hábito que jamais abandonou. Morria um dos maiores nomes da literatura inglesa e mundial.

Em que pese a envergadura inquestionável do escritor e professor, que teve suas obras traduzi das para quase todos os idiomas falados no mundo, não recebeu ainda de nosso município uma homenagem da qual já se fez meritório.

Pelas razões acima aduzidas, considero que justa e oportuna seria a presente homenagem da municipalidade ao professor Tolkien.

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PUBLICADO DOM 10/05/2005

PARECER Nº 256/2005 DA COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇA SOBRE O PROJETO DE LEI Nº 0418/04

Trata-se de projeto de lei de autoria do nobre Vereador Marcos Zerbini, que visa alterar a denominação da atual Praça Darcy Penteado, situada na confluência das ruas Angatuba, Itajubá e Itatinga, a fim de passar a designá-la Praça Professor Tolkien. O inciso XVII, do art. 13 da LOM autoriza a alteração da denominação de próprios, vias e logradouros públicos, nos termos da lei que vier a disciplinar a matéria. O diploma legal que fixa as normas gerais que condicionam a alteração da denominação dos logradouros públicos é a Lei Municipal nº 8.776, de 06 de setembro de 1978.

O conjunto de normas acima referido fixa de modo geral e abstrato as regras que disciplinam e estabelecem os requisitos para a alteração da denominação dos logradouros públicos. De forma que por se revestir de características de generalidade e abstração não é derrogado pelas leis de efeito concreto, que embora hierarquicamente iguais à lei que fixa as regras gerais, não podem alterar-lhe o conteúdo uma vez que não possuem a função de complementar o comando normativo emergente do dispositivo da Lei Orgânica do Município que disciplina a matéria. De fato, dispõe o art. 13 da LOM que compete a este Legislativo, com sanção do prefeito:

“Art. 13. (…)

(…) XVII – autorizar, nos termos da lei, a alteração de denominação de próprios, vias e logradouros públicos;” Por conseguinte, a lei de conteúdo genérico, editada para complementar o comando normativo da disposição contida da Lei Orgânica, por ter a função de especificar os pressupostos necessários para a alteração da denominação de vias, próprios e logradouros públicos, por evidente não pode ser alterada pela lei de efeitos concretos – ainda que esta seja da mesma hierarquia que aquela -, uma vez que violaria, ainda que indiretamente, o inciso XVII, do art. 13 da LOM.

Assim, a conclusão que defluino raciocínio formulado nos parágrafos precedentes é a de que a norma legal que altera a denominação deve se ater aos requisitos exigidos pela Lei Municipal nº 8.776/78.

Tais requisitos encontram-se elencados no art. 1º da referida Lei, que é vazado nos seguintes termos:

“Art. 1º – É vedada a alteração da denominação de logradouros públicos do Município de São Paulo, salvo nos seguintes casos:

I – constituam denominações homônimas;

II – não sendo homônimas, apresentem similaridade ortográfica, fonética, ou fator de outra natureza que gere ambigüidade de identificação;

III – quando se tratar de denominação suscetível de expor ao ridículo moradores ou domiciliados no entorno”.

Na hipótese em apreço trata-se de alteração de denominação que não se subsume nas hipóteses permissivas expressas nos incisos do art. 1º da Lei Municipal nº 8.776/78, carecendo, assim, de fundamento legal para a alteração pretendida.

Desta forma, somos pela ILEGALIDADE. Sala da Constituição e Justiça, 04/5/05

Kamia – Relator
Aurélio Miguel
Carlos A. Bezerra Jr.
Gilson Barreto
José Américo
Russomanno
Soninha

Legendarium

O LEGENDARIUM DE J.R.R.TOLKIEN (ATUALIZADO)

by Eduardo Stark

Esse artigo foi publicado originalmente em 3 de novembro de 2013. Agora com novas publicações a lista foi alterada.

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Muitos leitores de Tolkien se questionam quais seriam as principais obras que compõem a mitologia criada por ele. Onde achar informações a respeito do seu universo.

A maioria dos textos que Tolkien trata sobre seu Universo mitológico estão fragmentados em várias publicações, o que muitas vezes dificulta entender o mundo em que se passa o Senhor dos Anéis.

Assim, é necessário criar uma grande lista organizada com todos os nomes dos livros, periódicos, publicações áudios etc.

Para melhor compreender as informações dividimos as variadas fontes nos seguintes tópicos:

ÌNDICE

Conceito de Legendarium

O Senhor dos Anéis como fonte primária

I – Livros de J.R.R. Tolkien

II – Periódicos sobre Línguas

III – Publicações diversas

IV – Entrevistas

V – Gravações em áudios

VI – Livros que contém elementos do Legendarium

 

Livros de Tolkien no Brasil

Conceito de Legendarium

 

Para se referir a esse conjunto de fontes literárias do mundo secundário de Tolkien muitos leitores usam a expressão “Legendarium”.

A conceituação de ‘Legendarium’ é controversa entre as variadas publicações que usam o termo. A expressão legendarium vem do latim e pode representar um conjunto de lendas de um determinado corpo de histórias ou mitologia.

A conceituação que adotamos é a seguinte:

Legendarium: são todas as expressões, escritas ou não, registradas e publicadas (áudio, escritas, livros, artigos, poesias, ilustrações e entrevistas etc) de autoria de J.R.R.Tolkien a respeito do seu Universo Mitológico. Em suma, Legendarium são as fontes que tratam sobre a mitologia de Tolkien.

Os elementos ou requisitos dessa conceituação podem ser assim expostos:

1 – Ser obra publicada oficialmente: no sentido de ser algo oficialmente publicado, com autorização da Tolkien Estate. Embora existam vários manuscritos e cartas não publicadas, o grande público não tem acesso e por isso elas não poderiam ser utilizadas como fonte do legendarium, além disso, em alguns casos elas não passaram por uma verificação de autenticidade.

2 – Autoria de J.R.R. Tolkien: somente o próprio autor pode expor e afirmar algo como sendo original de sua criação. Se existir algum texto ou livro a respeito do mundo criado que não seja do próprio Tolkien, poderá ser considerado apenas como uma interpretação ou uma obra de fã.

3 – Tratar sobre o Universo Mitológico: são consideradas todas as histórias e composições que se passam em Arda, o que incluiria Valinor e a Terra-Média.

Dessa forma, para se formar um completo Legendarium de Tolkien é necessário ter acesso a diversas fontes. Basicamente tudo o que Tolkien falou ou escreveu a respeito da sua mitologia.

O Senhor dos Anéis como fonte primária

 

O principal livro do Legendarium de Tolkien é O Senhor dos Anéis, pois ele se tornou a fonte para a construção ou alteração de todos os outros livros, tentando formar uma história coerente.

Foi a partir do Senhor dos Anéis que Tolkien modificou algumas partes do livro O Hobbit, que já havia sido publicado em 1937, e praticamente reconstruiu a história do Silmarillion para incluir as novas lendas da terceira era.

A relevância do Senhor dos Anéis é ainda mais profunda por ser uma obra publicada durante a vida do professor, mesmo que ele tivesse intenções de revisar algumas partes, essa obra é entendida como o produto final e o livro mais consolidado escrito por Tolkien.

 

I – LIVROS DE J.R.R. TOLKIEN

 

Os livros publicados sobre a mitologia de Tolkien podem ser divididos em quatro categorias, de acordo com o seu conteúdo e sua importância como fonte.

 

  1. Livros publicados durante a vida de Tolkien

Observando a importância dos livros publicados por Tolkien durante sua vida, temos os seguintes livros em ordem de relevância:

  • The Lord of the Rings (O Senhor dos Anéis) – 1954-1955
  • The Hobbit (O Hobbit) – 1937
  • The Adventures of Tom Bombadil (As Aventuras de Tom Bombadil) – 1964
  • The Road Goes Ever OnBilbo’s Last Song – 1964

 

  1. Livros publicados após a morte de Tolkien

Após a morte do professor Tolkien em 1973, muitos de seus escritos foram reunidos e publicados por seu filho Christopher Tolkien, na tentativa de apresentar a forma mais completa possível do Legendarium.

Assim, em uma segunda fonte de livros temos aqueles que foram escritos nos anos finais da vida do professor Tolkien, mas que só foram publicados e editados posteriormente por seu filho:

  • The Silmarillion (O Silmarillion) – 1977
  • Unfinished Tales (Contos Inacabados) –
  • The Children of Húrin (Os Filhos de Húrin) – 2007
  • Beren & Lúthien – 2017
  • Bilbo Last Song (A última canção de Bilbo) –

O livro Bilbo Last Song (A última canção de Bilbo) foi publicado posteriormente em um livro separado, mas ele havia sido anteriormente publicado quando Tolkien ainda era vivo.

Em 2014, o livro The Adventures of Tom Bombadil (As Aventuras de Tom Bombadil) ganhou uma versão estendida que inclui novos poemas e comentários de Christina Scull e Wayne Hammond.

 

  1. Livros com rascunhos ou ideias de Tolkien

Em um terceiro plano existem os livros complementares as principais obras do Legendarium. São livros que apresentam manuscritos, ideias não consolidadas, manuscritos, histórias rejeitadas, interpretações do Tolkien sobre sua própria obra e outros aspectos.

  • The Letters of J.R.R. Tolkien (As Cartas de J.R.R. Tolkien)
  • The History of The Hobbit: contém transcrição dos manuscritos do Hobbit.
  • A Brief History of the Hobbit
  • A Secret Vice
  • The History of Middle Earth (Doze volumes)

Os 12 volumes da série História da Terra-média podem ser divididos em quatro focos, de acordo com a época em que foram escritos, tendo como marco O Senhor dos Anéis.

I – Escritos anteriores ao Senhor dos Anéis

1. The Book of Lost Tales 1 (1983)
2. The Book of Lost Tales 2 (1984)

3. The Lays of Beleriand (1985)
4. The Shaping of Middle-earth (1986)
5. The Lost Road and Other Writings (1987)

II – Escritos de desenvolvimento de O Senhor dos Anéis

6. The Return of the Shadow (The History of The Lord of the Rings v.1) (1988)
7. The Treason of Isengard (The History of The Lord of the Rings v.2) (1989)
8. The War of the Ring (The History of The Lord of the Rings v.3) (1990)
9. Sauron Defeated (The History of The Lord of the Rings v.4) (1992)

III – Escritos posteriores ao Senhor dos Anéis

10. Morgoth’s Ring (The Later Silmarillion1) (1993)
11. The War of the Jewels (The Later Silmarillion v.2) (1994)

12. The Peoples of Middle-earth (1996)

 

4.Livros com ilustrações de Tolkien

 

Há três livros que contém ilustrações feitas pelo próprio Tolkien. Essas ilustrações são parte do legendarium pois apresentam as visões que o professor tinha sobre o mundo criado. Muitas ilustrações apresentam até novos dados sobre o mundo de Tolkien:

  • J.R.R. Tolkien: Artist and Illustrator
  • Pictures by J.R.R. Tolkien
  • The Art of the Hobbit
  • The Art of the Lord of the Rings

Livros com ilustrações de Tolkien

 

II – PERIÓDICOS SOBRE LÍNGUAS

 

Existem dois periódicos que tratam sobre as línguas criadas por Tolkien. Neles são publicados diversos textos e transcrições diretos dos originais do autor.

Esses materiais foram disponibilizados por Christopher Tolkien para publicação a um grupo de estudiosos chamados Elvish Linguistic Fellowship – E.L.F, cujos membros são: Christopher Gilson, Carl F. Hostetter, Arden R. Smith, Bill Welden, Patrick H. Wynne.

A maioria dos textos publicados nesses periódicos estão relacionados com as diversas línguas que Tolkien desenvolveu e informações adicionais que não foram publicadas nos livros anteriormente mencionados.

  1. Vinyar Tengwar

50 – Turin Wrapper

49 – “Eldarin Hands, Fingers & Numerals and Related Writings” — Part Three

“Five Late Quenya Volitive Inscriptions” —

48 – “Eldarin Hands, Fingers & Numerals and Related Writings” — Part Two

47 – Eldarin Hands, Fingers & Numerals and Related Writings” — Part One

46 – “Addenda and Corrigenda to the Etymologies” — Part Two

45 – “Addenda and Corrigenda to the Etymologies” — Part One

44 – “Words of Joy”: Five Catholic Prayers in Quenya — J.R.R. Tolkien. Part Two,  Ae Adar Nín: The Lord’s Prayer in Sindarin — Alcar mi Tarmenel na Erun: The Gloria in Exclesis Deo in Quenya

43 – Words of Joy”: Five Catholic Prayers in Quenya — J.R.R. Tolkien. Part One:

42 – The Rivers and Beacon-hills of Gondor, “Negation in Quenya”

41 – “Etymological Notes on the Ósanwe-kenta”, “From The Shibboleth of Fëanor”,  “Notes on Óre”

40 – Narqelion

39 – “From Quendi and Eldar, Appendix D” “Ósanwe-kenta: ‘Enquiry into the Communication of Thought'”

37 – “The Túrin Prose Fragments: An Analysis of a Rúmilian Document”

36 – “The Entu, Ensi, Enta Declension””Transitions in Translations: German Translations vs. Tolkien’s ‘Guide to Names’. Part II — Names of Places and Names of Things

29 – “The Tengwar Versions of the ‘King’s Letter'”

26 – “Uglúk to the Dung-pit”

24 – “Sauron Defeated: A Linguistic Review”

23 – Letters to VT” – from Nathalie Kotowski.

14 – “The Elves at Koivienéni: A New Quenya Sentence”

12 – “Nole i Meneldilo: Lore of the Astronomer” —

08 – “Full Chart of the Tengwar ” — Edouard Kloczko.

06 – A Brief Note on the Background of the Letter from J.R.R. Tolkien to Dick Plotz Concerning the Declension of the High-elvish Noun.

 

  1. Parma Eldalamberon

 

11 – I-Lam na-Ngoldathon: The Grammar and Lexicon of the Gnomish Tongue

12 – Qenyaqetsa: The Qenya Phonology and Lexicon

13 – The Alphabet of Rúmil & Early Noldorin Fragments

14 – Early Qenya and The Valmaric Script

15 – Sí Qente Feanor and Other Elvish Writings

16 – Early Elvish Poetry and Pre-Fëanorian Alphabets

17 – Words, Phrases and Passages in Various Tongues in The Lord of the Rings

18 – Tengwesta Qenderinwa and Pre-Fëanorian Alphabets Part 2

19  – Quenya Phonology

20 – The Qenya Alphabet

21 – Qenya Noun Structure

22 – The Feanorian Alphabet, Part 1 and Quenya Verb Structure

 

III –  PUBLICAÇÕES DIVERSAS

 

Além dos livros e periódicos citados acima, há certos livros que apresentam trechos, citações de escritos de Tolkien que tratam sobre o Universo Mitólogico. Assim, são parte do legendarium, mesmo que não estejam completas:

  •  The Annotated Hobbit: Revised and Expanded Edition. É uma versão comentada do Hobbit que incluí uma série de poemas e textos de Tolkien como o Elvish Song in RivendellThe Quest of Erebor, e Glip.
  • The Lord of the Rings: A Reader’s Companion. Incluí uma série de escritos, dentre eles “The Nomenclature of The Lord of the Rings”
  • A Question of Time: J.R.R. Tolkien’s Road to Faërie. Incluí citações de um texto não publicado chamado Elvish time.
  • Leaves from the Tree: J.R.R. Tolkien’s Shorter Fiction. The Proceedings of the 4th Tolkien Society Workshop. Incluí partes de um ensaio não publicado sobre os dragões.
  • Sotheby’s English Literature and English History 6-7 December 1984. Incluí textos como “Concerning … The Hoard” e “Kinship of the Half-elven”
  • A Tolkien Compass. Inclui o “Guide to the Names in The Lord of the Rings” que é praticamente o mesmo texto que o “The Nomenclature of the Lord of the Rings”.
  • Tolkien Studies: Volume 6  Inclui o texto Fate and Free Will.
  • The Grey Bridge of Tavrobel. Inter-University Magazine, May 1927, p. 82.
  • The Lonely Isle. Leeds University Verse 1914-1924. Leeds: At the Swan Press, 1924. [6], 25, [1] pp. 57. An earlier version, unpublished, was called Tol Eressea.
  • Mythopoeia. Tree and Leaf, 1988 edn., pp. 97-101. Earlier called Nisomythos: A Long Answer to Short Nonsense. A variant first line, ‘He looks at trees and labels them just so’, is quoted on p. 7. An extract was published earlier in On Fairy-Stories.
  • Narqelion. Published in ‘Narqelion: A Single, Falling Leaf at Sun-fading’ by Paul Nolan Hyde, Mythlore, Altadena, Ca., no. 56  Winter 1988, pp. 47-52. Four lines, inaccurately transcribed, were earlier published in Biography, p. 76. See also Vinyar Tengwar; Crofton, MD., no. 40 (April 1999), pp. 6-32.
  • Fragments on Elvish Reincarnation“. In J.R.R. Tolkien, l’effigie des Elfes. Michaël Devaux. Paris: Bragelonne; Livarot: La Compagnie de la Comté, 2014. 501 pp. (La Feuille de la Compagnie, 3).

hobbit livro frontispicio

IV – ENTREVISTAS

 

Durante sua vida Tolkien participou de poucas entrevistas, tinha uma vida reservada e conservadora, por isso o número de informações a seu respeito pela imprensa era muito reduzido.

Em suas poucas entrevistas concedidas há sempre  comentários a respeito das suas obras, e por isso a opinião dada pelo professor nessas entrevistas também são consideradas como parte do Legendarium.

 

  • 1955-1956: “With Camera and Pen” (por Anthony Price; Oxford Times, 27 January 1956)
  • 1957: “Carnival of Books”
  • 1961: Entrevista por Jan Broberg
  • 1961:”Den besynnerlige professor Tolkien” (Entrevista por Lars Gustafsson)
  • 1962: Entrevista por John Bowen, para a BBC TV’s Bookstand.
  • 1964: Entrevista para a BBC (em áudio)
  • 1965: Entrevista para a BBC (em áudio)
  • 1966: “The Hobbit-forming World of J.R.R. Tolkien”
  • 1966: Daphne Castell
  • 1966, July 26: Entrevista por John Ezard, partes publicadas em “Writers Talking-1: The Hobbit Man” (Oxford Mail, 3 de agosto de1966). Outras partes diferentes foram publicadas em um artigo de John Ezard “Tolkien’s Shire” (Weekend Guardian28-29 de Dezembro de 1991)
  • 1966:  Entrevista por William Cater, publicado como “Lord of the Hobbits” (Daily Express, 22 de Novembro 1966)
  • 1966, August 9: Entrevista por Philip Norman publicado como “The Hobbit Man” (Sunday Times Magazine, 15 de Janeiro de 1967) e como “The Prevalence of Hobbits” publicado em The New York Times Magazine(15 de Janeiro de 1967). Aparentemente os artigos são parecidos mas não identicos.
  • 1966 Novembro: “J.R.R. Tolkien Talks about the Discovery of Middle-earth, the Origins of Elvish”, entrevistado por Richard Plotz; publicado em Seventeen, 17 de Janeiro de 1967.
  • 1966, Novembro: “The Man Who Understands Hobbits”
  • 1967: “A Benevolent and Furry-footed People” Entrevistado por William Foster, em The Scotsman, 25 de Março de 1967.
  • 1968: “Fireworks for the Author” (Don Chapman ‘Anthony Wood’, Oxford Mail, 9 de Fevereiro de 1968)
  • 1968: “In the Footsteps of the Hobbits”, Entrevista por Keith Brace; Birmingham Post, 25 de Maio de 1968.
  • 1968: Tolkien in Oxford(um documentário feito pela BBC com várias partes em que Tolkien aparece).
  • 1972: “Tolkien Seeks the Quiet Life in Oxford”, Oxford Mail, 22 de Março de 1972.

 

V – GRAVAÇÕES EM ÁUDIOS

 

Os áudios que Tolkien gravou são importantes, na medida em que possibilitam a compreensão das pronuncias de alguns nomes usados nos livros e as palavras que aparecem em línguas élficas. Por isso também são parte do legendarium:

1967 – Poems and Songs of Middle Earth, Caedmon TC 1231

1975 – J.R.R. Tolkien Reads and Sings his The Hobbit & The Lord of the Rings, Caedmon

1975 – J.R.R Tolkien Reads and Sings His The Lord of the Rings: The Two Towers/The Return of the King.

2001 – The J.R.R. Tolkien Audio Collection

2001 – J.R.R. Tolkien: An Audio Portrait of the Author of The Hobbit and The Lord of the Rings

2007 – Essential Tolkien

 

VI – LIVROS QUE CONTÉM ELEMENTOS DO LEGENDARIUM

 

Existem três livros em especial que a princípio não fazem parte do legendarium de Tolkien, porém apresentam elementos e aspectos que poderiam, em algumas interpretações, incluí-los no legendarium.

È o caso por exemplo do livro As Cartas de Papai Noel, em que o personagem O Homem da Lua aparece em um poema recitado no Senhor dos Anéis, a sociedade do Anel. Esse mesmo personagem aparece na história de Roverandom. Acredita-se também que haja elementos que fariam ligação da lenda de Artur com o mundo criado por Tolkien em seu poema “A Queda de Artur”.

  1. Roverandom
  2. The Fall of Arthur (A Queda de Artur)
  3. Father christmas Letters (As Cartas de Papai Noel)

 

CONCLUSÂO

 

Tendo todo esse material reunido pode-se dizer que estará com todo o Legendarium de J.R.R.Tolkien disponível para consulta e leitura. Evidente, que nem todas as pessoas conseguem ter acesso a todo esse material criado por Tolkien, especialmente porque ele se encontra fragmentado ou muitas publicações estão encerradas. Mas com um pouco de esforço e gastos é possível encontrar todo esse material e ter todas as obras publicadas sobre o mundo de Tolkien.

Essa lista poderá ser alterada com o tempo, pois novos livros e informações do Tolkien vem sendo levadas a conhecimento do público. Ainda há vários textos ainda guardados na casa de Christopher Tolkien ou em bibliotecas que cuidam do acervo dos manuscritos (veja AQUI um artigo sobre textos não publicados de autoria de Tolkien), e a tendência é que o Legendarium de Tolkien conhecido se amplie significativamente.

 

 

Glossopoeia, Ronald Kyrmse

Transcrição do texto – Tolkien em Oxford (por Ronald Kyrmse)

Ronald Kyrmse é membro da Tolkien Society e do grupo de estudos dos idiomas élficos "Quendili", estudioso de Tolkien há mais de 30 anos e membro fundador do primeiro grupo de entusiastas tolkienianos do Brasil, tendo colaborado como consultor ou tradutor em quase todas as publicações de Tolkien no Brasil.
Ronald Kyrmse é membro da Tolkien Society e do grupo de estudos dos idiomas élficos “Quendili”, estudioso de Tolkien há mais de 30 anos e membro fundador do primeiro grupo de entusiastas tolkienianos do Brasil, tendo colaborado como consultor ou tradutor em quase todas as publicações de Tolkien no Brasil.

Por: Ronald Kyrmse.

Editado por: Sérgio Ramos*.

Publicado em: 30/03/2016.

Apresentamos, a seguir, mais um material produzido por Ronald Kyrmse para os entusiastas sérios de Tolkien no Brasil. Trata-se de uma transcrição de um papel escrito por Tolkien para um documentário produzido pela rede de TV britânica BBC.

 Segundo Ronald Kyrmse:

Em 1968 a BBC apresentou um documentário sobre JRRT chamado Tolkien in Oxford. Para esse filme, pediram que o autor preparasse um título em caracteres élficos. Com sua habitual boa vontade e precisão, ele aprontou uma página contendo essa expressão em inglês e em quenya, grafada em tengwar em ambos os casos. A folha escrita por Tolkien foi posta em leilão pela Christie’s.

Tolkien in Oxford foi gravado entre os dias 05 e 09 de fevereiro de 1968 e foi ao ar em 30 de março de 1968.

J. R. R. Tolkien até escreveu uma carta para Donald Swann (o artista que musicalizou seus poemas em “The Road Goes Ever On”) relatando sua experiência na gravação do documentário. Entre outras coisas ele falou:

E me fizeram comparecer a uma exibição de fogos de artifício – uma coisa que eu não fazia desde que eu era um menino. Fogos de artifício não possuem relação especial comigo. Eles aparecem nos livros (e teriam aparecido mesmo se eu não gostasse deles) porque são parte da representação de Gandalf, portador do Anel de Fogo, o Inflamador: o aspecto mais infantil mostrado aos Hobbits sendo os fogos de artifício.

(J. R. R. Tolkien – Carta para Donald Swann, 29 de fevereiro de 1968)

É possível ver as imagens do referido documentário aqui:

Veja abaixo uma imagem dessa página escrita por Tolkien (em baixa resolução):

Tolkien in Oxford.
Tolkien in Oxford.

Agora, com a transcrição aqui apresentada por Ronald Kyrmse, podemos ver com clareza o que estava escrito no papel trabalhado por Tolkien. Confira (clique na imagem):

Transcrição feita por Ronald Kyrmse (clique para ampliar).
Transcrição feita por Ronald Kyrmse (clique para ampliar).

A grande importância desse documento, além de conter a língua e escrita élficas criadas por Tolkien, óbvio, é explicada por Kyrmse:

Acho que o mais interessante é que ficamos sabendo – ao que me conste apenas graças a esta peça! – como se diz Tolkien e Oxford em quenya: Arcastar e Mondósarë respectivamente.

Agradecemos a Ronald Kyrmse por disponibilizar mais este item para os seguidores do Tolkien Brasil.

*Sérgio Ramos é membro da Tolkien Society e administrador do Tolkien Brasil. Servidor público, artista marcial e entusiasta de histórias de heróis.
*Sérgio Ramos é membro da Tolkien Society e administrador do Tolkien Brasil. Servidor público, artista marcial e entusiasta de histórias de heróis.
Glossopoeia, Sobre Livros

Novo Testamento Bíblico completo traduzido para a língua dos Elfos!

livro

É de conhecimento comum que as obras de J. R. R. Tolkien são lidas por milhões de pessoas pelo mundo, estando O Senhor dos Anéis entre as obras mais vendidas na história da humanidade. Algumas fontes até sugerem que O Senhor dos Anéis é o segundo livro mais lido do século XX.

Mas o fato é que o livro (ou conjunto de livros) mais importante da humanidade é a Bíblia. Não é necessário explorar aqui a sua importância, já que isso se torna evidente na civilização ocidental.

Desde que Johannes Gutenberg desenvolveu as primeiras máquinas de Imprensa, seu livro inicial relevante foi justamente a Bíblia. Durante cinco anos a Bíblia de Gutenberg foi impressa e finalizada em 1455. Foram um total de 180 exemplares na versão da Vulgata Latina, encomendados por um bispo da Igreja Católica.

Desde o surgimento da Imprensa, o livro mais adquirido até o momento é justamente a Bíblia. São bilhões de exemplares novos impressos, de uma forma que se torna difícil estabelecer uma quantidade certa de exemplares já feitos, isso se perde na história. Mas estima-se que cerca de 80 a 90 milhões de Bíblias são impressas a cada ano.

Por ser um católico praticante, Tolkien tinha algumas versões da Bíblia que costumava ler e fazer anotações. Ele tinha um profundo conhecimento dos textos bíblicos e até mesmo de questões relativas as línguas hebraica, grega e latina. O próprio Tolkien trabalhou como tradutor e consultor da versão inglesa da Bíblia de Jerusalém (1966), tendo sido o tradutor do livro de Jonas.

A versão em inglês da Bíblia de Jerusalem que Tolkien participou da tradução
A versão em inglês da Bíblia de Jerusalém

Tolkien tinha como uma prática comum e um passatempo pessoal, a tradução de várias orações católicas para as línguas dos elfos. Foram traduzidos para o Quenya por exemplo o “Pai Nosso”, “Ave Maria”, “Litania de Loreto” e outros.

Em uma carta para Christopher Tolkien (que na época estava lutando na Segunda Guerra Mundial), Tolkien recomenda que seu filho decorasse algumas das orações preferidas e ressalta que fazia muito uso delas em latim:

“Se você já não o tiver, crie o hábito dos “louvores”. Faço muito uso deles (em latim): o Gloria Patri, o Gloria in Excelsis, o Laudate Dominum; o Laudate Pueri Dominum (do qual gosto especialmente), um dos salmos dominicais; e o Magnificat; também a Litania de Loretto (com a prece Subtuum praesidium). Se você os souber de cor, nunca precisará de palavras de júbilo. Também é uma coisa boa e admirável saber de cor o Cânone da Missa, pois você pode proferi-lo em seu coração sempre que circunstâncias contrárias impedirem-no de assistir à Missa. Assim termina Faeder lár his suna. Com muito amor”. (Carta 54)

Então já que Tolkien participou da tradução da Bíblia de Jerusalém e costumava traduzir para o Quenya as orações católicas, ele teria feito uma tradução da Bíblia?

Infelizmente não. Tolkien não tinha essa pretensão de traduzir a Bíblia para suas línguas criadas (ele não tinha tempo suficiente). Além disso existem poucos textos do Tolkien em suas línguas ficcionais, de tal forma que não se forma uma língua completa. Assim, coube a alguns fãs especialistas em línguas tentarem desenvolver as regras e novas palavras para essas línguas. Essas línguas do Tolkien com os complementos dos fãs são conhecidas como Neo-Quenya e o Neo-Sindarin.

Um conhecido nome entre os estudiosos do Neo-quenya é o noruguês Helge Kare Fauskanger, linguista especialista em línguas nórdicas antigas. No Brasil ele é conhecido por ter publicado o livro Curso de Quenya pela editora Arte e Letra.

Há alguns anos Helge Fauskanger, que não tem religião, iniciou o trabalho de traduzir a Bíblia dos originais (em grego) para o Neo-Quenya. Finalmente ele terminou o Novo Testamento (Vinya Vére) que pode ser baixado de graça em seu site pessoal sobre línguas AQUI.

Como se trata de uma tradução feita com o material de Neo-quenya é importante ressaltar que o trabalho é produto das analises do autor, sendo que muitas palavras foram desenvolvidas por ele e que não são encontradas como sendo do próprio Tolkien. Assim, os vários neologismos necessários para completar os textos foram marcados com asteriscos para serem destacados. Helge Fauskanger pretende fazer uma lista com todas essas palavras e explicar as razões de estarem nessa forma.

Helge Fauskanger especialista em línguas
Helge Fauskanger especialista em línguas

Fauskanger, mesmo não tendo religião, considera que traduzir a Bíblia para o Neo-quenya é algo para seu prazer pessoal, sendo um linguista e especialmente como um ato de se criar o que ele chama de um “monumento literário de nerdice”.

O início dos trabalhos ocorreu em 2007 com a tradução do livro de Apocalipse e foi finalizado em julho desse ano (2015) com Efésios, que contou com o apoio da também especialista em línguas Valeria Barouch.

Inicialmente Fauskanger utilizou como fonte para traduzir uma versão da Bíblia das Testemunhas de Jeová “Kingdom Interlinear”, que trazia o texto em inglês e grego palavra por palavra e a versão traduzida da Torre de Vigia. Porém, devido a questões teológicas colocadas nessa versão pelos organizadores, que não são comuns entre os cristãos, ele buscou a versão original em grego propriamente e até mesmo uma versão em hebraico do novo testamento. Para encontrar os sentidos das palavras para a tradução ele também buscou recursos em versões norueguesas e na versão “Bible In Basic English”.

Desde que começou o projeto vários novos manuscritos de Tolkien foram sendo publicados e assim questões gramaticais e palavras devem sofrer uma intensa revisão das traduções anteriores. Além disso, Helge informa que se aprofundou em Grego Koine e isso implicará revisões nas palavras de todo o trabalho. Assim, por ser uma versão que ainda não está completa, recomenda-se cautela para utilizar os textos.

Certamente Tolkien gostaria de ler uma versão da Bíblia em alguma de suas línguas élficas. Em suas cartas ele chegou a declarar que gostaria de ter em sua casa uma máquina de datilografar que tivesse as letras do alfabeto dos elfos. Porém, ele entendia que isso seria muito caro de ser feito na época.

Existem várias passagens do novo testamento que teriam uma atenção especial de qualquer católico como Tolkien. Por exemplo, o Magnificat, mencionado acima na carta que Tolkien recomenda ao seu filho que decore. Na tradução para o Neo-Quenya de Helge Fauskanger ficou assim:

46 Tá María quente: “Feanya laita i Héru, 47 ar fairenya ná mi alasse Eru *Rehtonyanen, 48 an ecénies *núreryo naldie. Ar yé! ho sí ilye *nónari estuvar ni valima, 49 an i Taura acárie túre cardali nin, ar aire ná esserya; 50 ar ter *nónaréli ar nónaréli oravierya ea issen melir se. 51 Acáries taure natali, ivinties i nar turinque endalto sanwessen. 52 Hantes undu taurali mahalmallon ar ortane naldali; 53 aquáties i maitar máre natalínen ar ementie oa luste i sámer lar. 54 Amánies Israel núroryan, enyalien oravie, 55 ve nyarnes atarilvain, Avrahámen ar nosseryan, tennoio.” (LUCAS 1:46-55).

Atualmente muitos padres e pastores, especialmente na Europa, utilizam as obras de Tolkien como fontes de aproximação dos jovens com a religião. Existem aqueles inclusive que fazem citações de textos da Bíblia em Quenya e quando o trabalho de Helge Fauskanger for completamente revisado, certamente será utilizado com frequência.

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Para saber mais como Tolkien participou da tradução da Bíblia de Jerusalém acesse AQUI.

Glossopoeia

Resumo de “Tolkienian Linguistics: The First Fifty Years”

O presente artigo é de autoria de Rodrigo Lima Jaroszewski e foi publicado originalmente 10 de julho de 2007 em seu site pessoal sobre línguas (Veja Aqui). A publlicação do conteúdo foi expressamente autorizada pelo autor.

O texto é um resumo de um artigo escrito por Carl F. Hostetter e serve para se entender melhor como foi o desenvolvimento dos estudos relacionados as linguistica Tolkieniana.

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Novamente o trio Douglas A. Anderson, Michael D. C. Drout e Verlyn Flieger trazem o excelente Tolkien Studies, um compêndio de com diversos ensaios acadêmicos sobre a vida e obra de Tolkien. Em seu volume 4, lançado recentemente, temos um artigo que deve interessar a todos nós: Tolkienian Linguistics: The First Fifty Years, escrito por Carl F. Hostetter, contando a história da lingüística tolkieniana de 1954 até 2007.

Uma pequena apresentação sobre Hostetter: nascido em 1965, ele passou a ter interesse nas línguas de Tolkien ainda na high school (p. 31), mas começou a acompanhar o cenário acadêmico tolkieniano no início da década de 1980 (p. 36). Começou como co-editor do jornal Vinyar Tengwar em 1989, aos 24 anos, e assumiu como único editor a partir do volume 10. Ele trabalha como cientista da computação no Goddard Space Flight Center da NASA.

Hostetter apresenta a história da lingüística tolkieniana como uma série de estágios e interlúdios, sendo o primeiro estágio o de “leitores e correspondentes”. O primeiro volume d’O Senhor dos Anéis, A Sociedade do Anel, foi publicado na Inglaterra em 1954, e já em setembro de 1955 Tolkien recebia cartas de fãs o questionando sobre funções das línguas élficas e da Fala Negra de Mordor. Ele nota que, embora as explicações de Tolkien não fossem muito fáceis de decifrar, um leitor “com uma mente lingüística” podia decifrar as tengwar. (p. 1) Esse foi o estágio onde a lingüística tolkieniana se manteve até os anos 1960, onde uma versão pirata d’O Senhor dos Anéis foi publicada nos Estados Unidos e a sua popularidade foi às alturas.

O primeiro interlúdio é um tanto cômico, e não é tão alienígena nos nossos dias também. Aparentemente havia um certo número de pessoas que buscavam significados alegóricos nos nomes criados por Tolkien, gerando conexões entre as línguas do Professor e as línguas reais para descobrir o que a história “realmente significava” (p. 3). Na nota 6 Hostetter nos aponta a um exemplo particularmente absurdo, onde Robert Giddings e Elisabeth Holland chegaram à conclusão de que Ash nazg (Um Anel) vinha de Ashpenaz, “o mestre de eunucos babilônio no Livro de Daniel, um belo comentário sobre os Espectros do Anel, que parecem ter perdido sua virilidade junto com sua força de vontade.” (J.R.R. Tolkien: The Shores of Middle-earth, 1981, p. 159)

O segundo estágio listado por Hostetter é de longe o que mais inspira: “jornais e livros” mostra o surgimento dos jornais Parma Eldalamberon em 1971 (pela Mythopoeic Linguistic Fellowship, um grupo especial dentro da Mythopoeic Society) editado por Paula Marmor; e Tolkien Language Notes, publicado por Jim Allan em 1974. Ambas publicações se uniram para lançar um livro que revolucionaria o campo, chamado An Introduction to Elvish, de Jim Allan, com contribuições de Marmor, Laurence J. Krieg, Christopher Gilson e Bill Welden.

Hostetter tem claramente uma reverência por esse trabalho acima de qualquer outro, e não poderia ser diferente, pois ele é realmente espetacular. Embora tenha sido lançado em 1978, um ano após a publicação d’O Silmarillion, An Introduction to Elvish foi terminado um ano antes, o que limitava severamente a quantidade de material disponível para análise pelo grupo (que consistia em O Senhor dos Anéis e The Road Goes Ever On praticamente). Outro fator notável é como ficam claras as condições primitivas sob as quais o trabalho foi feito: é fácil esquecer que não haviam computadores disponíveis na época, sendo o trabalho feito todo na máquina de datilografia. Mesmo assim, é espetacular como a apresentação é clara, a informação é apresentada com um rigor acadêmico esplêndido, além de uma certa quantidade da informação ainda ser válida hoje. Uma olhada rápida por esse livro foi o suficiente para me deixar constrangido com a quantidade minúscula de informação que eu poderia produzir comtodos os recursos avançados que possuo, mas não o faço.

Digno de nota são os nomes Christopher Gilson e Bill Welden. Gilson é hoje o editor do jornal Parma Eldalamberon (PE), que ainda está na ativa após 36 anos! Bill Welden também teve um artigo publicado na primeira edição do jornal; como Gilson, ele continua ativo e ocasionalmente ainda se comunica através da lista Elfling, fora seu trabalho como co-editor dos diversos textos novos de Tolkien que aparecem no PE e no Vinyar Tengwar (VT) até hoje.

O segundo interlúdio é o livro The Languages of Tolkien’s Middle-earth, de Ruth S. Noel, lançado em 1980. Ele parece ser a antítese de An Introduction to Elvish. Segundo Hostetter, por ter sido publicado por uma editora maior do que a de Allan, o livro de Noel “foi na era pré-internet o meio mais acessível através do qual entusiastas da lingüística tolkieniana poderiam saber que havia outros com os mesmos interesses por aí, e então nutrir o mesmo. Mas ninguém deveria se apoiar neste livro para informação sobre as línguas élficas.” (p. 8-9)

O terceiro estágio viu o surgimento do jornal Quettar, da Tolkien Society inglesa, que segundo Hostetter (p. 9):

[O jornal Quettar] tornou-se por um tempo o herdeiro de facto do primeiro estágio da lingüística tolkieniana que culminou com An Introduction to Elvish e das práticas acadêmicas estabelecidas por ele e pelo Parma Eldalamberon: para nomear, citação de evidências, atenção aos detalhes fonológicos, justificativa para alegações fonológicas e morfológicas através de exemplos de evidências atestadas, e assim por diante. Um foco particular durante os primeiros anos nas tengwar, especialmente nos modos fonêmicos delas, logo trouxeram a eles a honra de publicar a primeira tabela numerais tengwar escrita por Tolkien conhecida pelo público, que foi transcrita e enviada ao editor por Christopher Tolkien.

Hostetter nota que na época, com a publicação d’O Silmarillion, Contos Inacabados e As Cartas de J.R.R. Tolkien entre 1977 e 1981 traziam informações lingüísticas que se encaixavam no Quenya e Sindarin apresentados n’O Senhor dos Anéis, o que levava todos a crer que as línguas tolkienianas surgiram prontas na cabeça do autor, embora alguns indicativos como a revisão de omentielmo para omentielvo na 2ª edição do livro indicassem que as línguas evoluíram durante a vida de Tolkien.

Isso mudou com a publicação do ensaio A Secret Vice em 1983. Lá, três versões distintas do poema Oilima Markirya (A Última Arca) foram apresentadas, exibindo claramente que as versões dos anos 1930 eram bem diferentes da versão de 1970. Alguns, diz Hostetter, acreditavam que as versões em Qenya eram imcompatíveis com a em Quenya. Ambos os exemplos ficaram conhecidos como “Quenya pré-SdA” e “Quenya do SdA“. Sobre isso, diz Hostetter (p. 11):

Implícita nesta divisão está a posição de que o “Quenya d’O Senhor dos Anéis” era todo uma peça, que o Quenya havia alcançado uma forma fixa, final, à época que Tolkien escreveu O Senhor dos Anéis e não sofreu alterações substanciais mais tarde; e ainda mais a posição de que o “Qenya pré-Senhor dos Anéis” era ainda experimental e imperfeito em comparação, e essencialmente não tinha … importância para as funções ou compreensão do Quenya tardio.

Depois, Hostetter diz que essa noção não era compartilhada por todos, já que “em matéria de lingüística, diferenças não são necessariamente incompatibilidades” (p. 11). Aqueles que compartilhavam a primeira visão eram chamados de “Concepcionistas”, por não crerem que as versões mais antigas das línguas Tolkienianas eram compatíveis com as mais tardias. Os últimos foram chamados de “Unificadores”, por crerem que as versões mais antigas não eram necessariamente incompatíveis com as versões mais tardias, e poderiam revelar informações sobre as línguas de Tolkien. O Parma Eldalamberon apoiava a causa “unificadora”, enquanto o jornal Quettar apoiava os “concepcionistas”.

A divisão tornou-se maior através dos anos 1980, diz Hostetter, com a publicação dos volumes I e II de The Book of Lost Tales em 1983 e 1984, com um vocabulário extenso do Qenya e do Goldogrin, e The Lost Road em 1987, com as Etimologias. Ele cita o jornal Quettar 33 dizendo que a gramática do Qenya era irreconciliável com a do Quenya d’O Senhor dos Anéis, e que as Etimologias deveriam ser garimpadas para novo vocabulário. Enquanto isso, no Parma Eldalamberon 7 foi publicado um poema chamado Im Naitho, unindo o vocabulário encontrado no Gnomish Lexicon de 1917, Etimologias de 1937 e o Sindarin d’O Senhor dos Anéis, com a gramática do Sindarin.

Em 1990, ambos os lados pareceram chegar a um consenso de que, só porque uma palavra ou função gramatical não apareceram no material tardio, não significa que ela tenha sido necessariamente descartada. “[A] inexistência de evidência logicamente não sendo equivalente a prova de inexistência.” (p. 13)

Em 1988, o novato Jorge Quiñónez propôs à Mythopoeic Society que reabrisse seu grupo de interesse especial lingüístico, formando a Elvish Linguistic Society. No lançamento do jornal Vinyar Tengwar, os seguinte membros fundadores foram listados: Arden Smith, que era especializado nas tengwar; Christopher Gilson e Bill Welden; Tom Loback, com interesse em nomenclatura; Patrick Wynne, que contribuía para os jornais Mythlore e Beyond Bree a cinco anos; e Paul Nolan Hyde, que estava desenvolvendo um banco de dados de palavras élficas, além de escrever há seis anos para a Mythlore.

O terceiro interlúdio foi um pouco melhor do que os outros: viu o surgimento do curso Basic Quenya, por Nancy Martsch no jornal Beyond Bree. Hostetter nota que Martsch tinha uma política rígida sobre as fontes que utilizava: aceitava apenas as formas que apareceram em publicações enquanto Tolkien ainda estava vivo, tornando suas fontes tão limitadas quanto An Introduction to Elvish, mas por opção. Em março de 1989, como parte do curso, foi publicado pela primeira vez a Carta Plotz, uma explicação enviada por Tolkien a Dick Plotz (primeiro presidente da Tolkien Society of America) de como funcionava o sistema de casos do Quenya.

Por outro lado, Paul Nolan Hyde começou a compilar todas as palavras élficas encontradas em todas as publicações de Tolkien para criar um grande banco de dados, que foi publicado privadamente sob o nome Tolkien Working Glossary (1989) e, no mesmo ano, também foi publicado o Working Reverse Dictionary, que invertia a ordem das letras das palavras élficas, tornando a comparação de palavras muito fácil (periannath era invertido para htannairep, por exemplo, facilitando encontrar palavras com a desinência coletiva do Sindarin -ath). Outras contribuições notáveis de Hyde foram as publicações do texto completo do poema Narqelion e um facsimile de uma tabela antiga das Runas de Gondolin, no jornal Mythlore 56 e 69 respectivamente, enviados a Hyde pelo próprio Christopher Tolkien.

Antes do quarto estágio, mais dois interlúdios. O primeiro é uma apresentação da entrada do autor do artigo, Carl Hostetter, no cenário. Nada mais justo, já que ele tem um papel central na comunidade hoje, mesmo sendo o membro “mais recente” da Elvish Linguistic Fellowship. Ele diz que o seu interesse era puramente analítico, e sentia-se confortável em deixar de lado a discussão “concepcionistas vs. unificadores”. Ele fala em nota (p. 36):

Certamente, a princípio eu não tinha intenção de escrever artigos ou qualquer expectativa de que eu poderia contribuir com algo novo para os estudos acadêmicos. Eu lembro que inicialmente, e particularmente enquanto me familiarizava com a parte acadêmica de An Introduction to Elvish, Parma Eldalamberon e Quettar, eu sentia que praticamente tudo que poderia ser feito em termos de análise, dedução e conclusão da evidência disponível, havia sido feito: tudo que havia a fazer, parecia a mim (quão errado eu estava!) era simplesmente coletar, ordenar, indexar e anotar todo o material publicado.

Hostetter também conta como Christopher Tolkien, após muito trocar correspondências com Christopher Gilson e ele, enviou em 1992 as fotocópias do Gnomish Lexicon de 1917 para publicação no Parma Eldalamberon. O acordo entre eles é que o PE publique os escritos de Tolkien de forma cronológica, enquanto o Vinyar Tengwar “publica textos menores, fragmentários, deslocados e/ou textos mais ou menos independentes em contexto” (p. 38).

O quinto interlúdio conta o lançamento por Julian Bradfield, editor do jornal Quettar, da lista de discussão pela internet TolkLang, em novembro de 1990. Como as discussões entre os estudiosos acontecia pelas publicações, essa lista tomou gradualmente o lugar das publicações, e finalmente culminou com a suspensão do jornal Quettar, em março de 1995.

Finalmente, o quarto e último estágio foi chamado por Hostetter como “Acadêmicos e Falantes; ou, Élfico e Neo-Élfico”. Aqui é quando as coisas começam a ficar feias: Hostetter não consegue tocar no assunto Helge Fauskanger e David Salo sem assumir uma postura agressiva, e dá para sentir: os seus parágrafos ficam longos, suas frases intermináveis. É possível visualizar o rosto dele avermelhando e as artérias do pescoço saltando, embora eu nunca tenha visto uma foto do homem. Diz Hostetter sobre a maneira com que ele vê o estudo das línguas élficas desde a primeira tentativa de Anthony Appleyard em 1992 na TolkLang de sistematizar as línguas élficas (p. 18):

Primeiro, há a preocupação de rotular e dar uma (única) função a todas as flexões gramaticais atestadas (ou supostas)…. Segundo, há uma preocupação concomitante em “preencher os espaços” na gramática (reais ou supostos ….)…. Terceiro, uma preocupação com evitar (supostas) “incompatibilidades” e “ambigüidades” em formas e funções. Quarto, há uma vontade pronta de rejeitar ou até rotular como erros autorais formas que não se encaixam nas noções preconceitualizadas de fonologia e gramática…. Quinto, há uma promoção da “completude”, “extensão” e uso das línguas de Tolkien através da criação de novas formas de materiais existentes, combinado com, seis, pronta rejeição, como “obsoletas”, de palavras e formações atestadas apenas nos materiais mais antigos em favor de formas diferentes em textos tardios, tendo significados iguais ou similares. Isto é acompanhado por, sete …. a incorporação de formas, de qualquer estágio conceitual (embora muito freqüentemente do início dos anos 1930), consideradas “necessárias” ou “úteis”.

Sim, eu ainda reduzi o tamanho do parágrafo.

Continuando com a história, é anunciado em maio de 1997 na TolkLang o site Ardalambion, de Helge Fauskanger, com a intenção de prover “descrições padronizadas atualizadas das línguas de Tolkien”. Hostetter discute como, em sua opinião, a Ardalambion tem um grande obstáculo de que “Tolkien, ele mesmo, nunca se decidiu por uma única forma ‘padrão’ de suas línguas” (p. 19). Essa verdadeira “Malhação de Judas” continua até a página 21, onde Hostetter finalmente tem algo bom a dizer sobre a Ardalambion:

Para ter certeza, a Ardalambion é, apesar de suas deficiências metodológicas, um trabalho impressionante, refletindo um imenso aprendizado, trabalho e paixão pelas línguas de Tolkien. Em seu escopo, detalhe e apresentação, é sem sombra de dúvidas de longe a melhor e mais compreensiva introdução às línguas de Tolkien disponível hoje, em qualquer formato. Mas considerando-se suas deficiências, deve ser utilizado apenas como uma introdução, não um substituto para o estudo e citação dos trabalhos do próprio Tolkien, os quais em vários locais ela falha em refletir de forma exata.

Como uma nota paralela, gostaria de dizer que concordo com o Hostetter nesta questão. Contudo, acho uma imensa falta de tato por parte dele com seus leitores iniciar o assunto com um ímpeto digno de Fëanor vs. Fingolfin, para apenas no fim tecer um elogio, por mais sincero que ele seja (não é o primeiro: Hostetter indica em seu site o Curso de Quenya como a melhor introdução à lingüística tolkieniana disponível). O Helge não é nenhum santo também, mas o Tu Quoque é inaceitável.

Mais uma página passa com Hostetter falando um pouco mais sobre os problemas da Ardalambion e os resultados disso no campo da lingüística tolkieniana; principalmente a falta de citação de fontes e a não utilização de qualquer símbologia, como o asterisco [*], para denotar uma forma especulada, ao contrário de uma forma atestada, etc., prática que era utilizada por jornais como o Parma Eldalamberon e Quettar, apesar das suas diferenças ideológicas. Até que, em algum ponto da página 22, ele menciona a formação em setembro de 1998 por David Salo da lista de discussão Elfling. Essa lista, segundo Hostetter, tornou-se o ponto de encontro dos praticantes do Neo-Élfico, como começou a ser chamado o ramo que tem o foco principal na composição de novos textos e na criação de uma gramática e vocabulário unificados para tal.

Hostetter fala que, apesar do que ele faz parecer com suas ações, ele não condena a prática do Neo-Élfico, citando um exemplo próprio: no VT32 (1993) ele e Patrick Wynne tentaram traduzir o Pai Nosso para o Quenya; no VT43 (2002) eles publicaram seis versões criadas por Tolkien para o Pai Nosso, nenhuma das quais se assemelhava à tradução publicada pelos dois. Também ele diz não ter nada contra a escolha a dedo de quais fontes utilizar ou não para a criação de composições “pós-Tolkien”, mas ele vê isso como uma forma de expressão artística, não uma forma de estudo acadêmico. (p. 40)

Na página 25, Hostetter pausa novamente em sua doutrinação acadêmica para contar da criação da lista Lambengolmor, em maio de 2002, como um fórum para discussão puramente acadêmica das línguas de Tolkien. Hoje a lista tem 900 membros e aproximadamente 1.000 mensagens, todas rigorosamente lidas antes de serem aprovadas para inclusão. Notando também que alguns ensaios maiores, que não caberiam bem em formato de e-mail, precisavam de um espaço dedicado, haja vista os jornais Parma Eldalamberon e Vinyar Tengwar agora trabalhavam apenas com a publicação de material inédito de Tolkien, Hostetter criou o jornal online Tengwestië em dezembro de 2003. Os trabalhos divulgados no Tengwestië vem sendo principalmente sobre o gnômico e o Noldorin das Etimologias.

No sexto e último interlúdio, Hostetter fala de uma verdadeira lenda em forma de livro: A Gateway of Sindarin, de David Salo, sobre o qual muito se conversava e pouco se sabia, até que no final de 2004 foi lançado. De forma geral, o livro foi uma decepção para muitos, como o criador do Curso de Sindarin, Thorsten Renk. Lembro-me claramente que as principais reclamações eram do exagerado vocabulário técnico para um conteúdo desnecessariamente simplificado.

O pior é que Salo altera as formas dadas pelo próprio Tolkien, para que elas se acomodem às suas teses. O exemplo mais gritante é a frase caro den i innas lin bo Ceven “seja feita sua vontade na Terra”, na tradução para Sindarin do Pai Nosso feita por Tolkien e publicada no Vinyar Tengwar 44. Citando Hostetter (p. 27):

Salo dá (p. 231): caro den i innas lín bo Geven; isto é, Salo alterou a palavra Ceven para Geven. Nem esta alteração é apenas um inocente erro tipográfico: Salo escreve (231) que seu bo Geven “na Terra” “na verdade parece ser escrito bo Ceven no texto, mas já que a preposição [bo ‘na’] parece ter terminado originalmente em uma vogal … uma mutação suave c > g deve ser esperada aqui.” O que é tão marcante aqui é a vontade de Salo de alterar o que Tolkien escreveu, ou seja, a informação real para o Sindarin, apenas para fazê-la encaixar-se nas suas teorias.

Hostetter indica como Salo poderia ter procedido, já que Ceven em letra maiúscula indica um nome próprio (logo abaixo há Menel “Céu” também), o que poderia indicar um comportamento diferente para tais substantivos em situações onde poderiam sofrer mutação.

Em sua conclusão, Hostetter lembra que em 2005 ocorreu a Omentielva Minya (Quenya, “Primeiro Encontro”) na cidade de Estocolmo, na Suécia, marcando os 50 anos do ramo da lingüística tolkieniana. Este ano, aliás, acontecerá a Omentielva Tatya na Antuérpia, Bélgica, novamente com a organização do já venerável Bill Welden e Anders Stenström. O autor nota que, apesar das diferenças ideológicas, o ramo está cada vez mais forte e atrai cada vez mais interessados.

Hostetter lembra que muito material publicado há décadas ainda não foi propriamente revisto. As Etimologias ainda receberam algumas análises no jornal Tengwestië, mas elas se limitaram a alguns poucos assuntos relacionados ao Noldorin: já o Quenya não possui qualquer análise. O alemão Thorsten Renk fez alguns ensaios sobre o Qenya Lexicon em seu site, Parma Tyelpelassiva, mas neste campo ele parece estar solitário. Há muito trabalho a ser feito e, segundo Hostetter, a cada publicação, o cenário lingüístico tolkieniano cresce em complexidade.

Em conclusão, The First Fifty Years é um relato maravilhoso sobre uma época com a qual poucos estudiosos atuais tiveram contato. Infelizmente, devido à afiliação de Hostetter com Gilson e Welden, as vezes sentimos uma certa parcialidade à causa “unificadora”, e ao chegar na sua época, o autor é incapaz de manter um mínimo de imparcialidade, o que torna a leitura ofensiva em certo momento. Mesmo assim, vale pela primeira metade e, também, pelas notas, que são mais divertidas do que o próprio texto, já que Hostetter parece “abaixar a guarda” quando as escreveu.

Glossopoeia

História interna do Quenya Parte 02 – Common Eldarin

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Com o despertar dos Elfos, os Valar decidiram que chegara a hora de finalmente terminar com o reinado de Melkor na terra média.

“Disse então Manwë aos Valar: – Este é o conselho de Ilúvatar em meu coração: que devemos reconquistar o domínio de Arda, a qualquer custo, e liberar os quendi da ameaça de Melkor. Com isso alegrou-se Tulkas; mas Aulë se entristeceu, prevendo os danos ao mundo que    deveriam resultar desse combate. No entanto, os Valar se prepararam e partiram de Aman prontos para a guerra, resolvidos a atacar as fortalezas de Melkor e encerrar o assunto”. (Silmarillon)

Após uma grande batalha, com exércitos de Balrogs e criaturas malignas no exército de Melkor. Este foi preso pelos Valar e ali permaneceria por várias eras.

“Então os Valar sentaram-se novamente em Conselho e debateram o que deveriam fazer para o conforto e condução dos Filhos de Ilúvatar. E finalmente, devido ao grande amor que os Valar tinham pelos Quendi, enviaram chamados a eles, requisitando que se mudassem e morassem em felicidade em Aman e na Luz das Árvores. E Oromë levou a mensagem dos Valar a Cuiviénen.”(History of Middle Earth Vol. 10)

 

Enviado novamente ao encontro dos Elfos Oromë falou com os elfos a mensagem dos Valar. Mas havia ainda insegurança entre os elfos, e em um primeiro momento foram enviados três embaixadores para descobrir se era verdade a história. Foram designados Finwë, Ingwë e Elwë para ir até Valinor e conversar com os seus representantes.

Ao retornar os três embaixadores conversaram com os elfos e tentaram convencer todos a irem morar em Valinor.

“Foi então que ocorreu a primeira cisão dos elfos. Pois os familiares de Ingwë, e a maior parte dos familiares de Finwë e Elwë, foram influenciados pelas palavras de seus senhores e se dispuseram a partir e acompanhar Oromë. E esses ficaram conhecidos para sempre como os eldar, nome que Oromë deu aos elfos no ofício em sua própria língua. Muitos, porém, desrespeitaram a convocação, preferindo a luz das estrelas e a amplidão da Terra-média ao rumor das Árvores, e esses são os avari, Os Relutantes; e nessa época eles se separaram dos eldar e só voltaram a se encontrar passadas muitas eras”.(Silmarillon)

Assim surgiram os Avari, que permaneceram em Cuiviénen. As três famílias ou tribos prosseguiram a viagem. Sendo liderados por Finwë (casa dos Noldor), Ingwë (Vanyar) e liderando os Teleri haviam dois líderes irmãos Elwë e Olwë, pois suas hostes eram muito numerosas e tiveram que se dividir.

Assim surgiu o Common Eldarin, a língua comum entre as três tribos e que surgiu durante a marcha inicialmente até Valinor.

COMMON ELDARIN

  • —Foi desenvolvido durante a Grande Marcha entre os grupos dos Eldar que sairam de Cuiviénen.—
  • Tem muita similaridade com o Primitive Quendian, porém não apresenta um sistema homogêneo.—
  • Deu origem as três bases de línguas dos elfos: Common Telerin, Common Nandorin e o Quenya.

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Glossopoeia

História interna do Quenya Parte 01 – Primitive Quendian

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Para se compreender uma língua é necessário que se entenda primeiramente o seu contexto histórico, ressaltando suas origens e aspectos culturais que a formaram.

Tolkien, como filólogo e professor universitário compreendia que uma língua criada deve passar por um processo criativo não apenas gramatical, mas dentro de uma história que mostra o desenvolvimento da língua. Foi assim que começou a pensar em histórias em uma realidade diferenciada, para ali incluir as suas línguas criadas.

Veja abaixo a video aula explicando sobre as origens dos Elfos e sua primeira forma de falar o Primtive Quendian:

A língua Quenya tem suas origens de outras línguas usadas pelo elfos ao longo da grande marcha.

Os elfos despertaram em Cuiviénen, uma região distante na terra média. E nesse momento é que se formam as primeiras palavras e a primeira língua, chamada “Primitive Quendian” ou  língua Élfica primitiva.

O dom da fala vinha para os Elfos diretamente de ilúvatar, como uma dádiva especial, pois até aquele momento somente os Elfos podiam se comunicar através da fala.

Como está dito no Silmarillon:

“E começaram a criar a fala e a dar nomes a todas as coisas que percebiam. A si mesmos, chamaram quendi, querendo dizer aqueles que falam com vozes. Pois até então não haviam conhecido nenhum outro ser vivo que falasse ou cantasse”. (Silmarillon)

É dito também dentro da lenda do despertar dos Elfos, que as primeiras palavras foram ditas em admiração ao vislumbre das estrelas feitas por Varda, e foi justamente a primeira visão dos Elfos. Sendo que a segunda visão deles foram as suas esposas, e nisso eles buscaram desenvolver novas palavras a fim de se comunicar com elas.

Imin, Tata e Enel acordaram antes de suas esposas, e a primeira coisa que eles viram foram as estrelas, pois eles acordaram no crepúsculo antes do amanhecer. E a próxima coisa que eles viram foram suas esposas destinadas, deitadas dormindo na grama ao lado deles. Então eles ficaram tão enamorados de sua beleza que seu desejo pela fala foi imediatamente acelerado e eles começaram a “pensar em palavras” para falar e cantar nelas. (History of Middle Earth Vol. 11).

 A palavra Imin posteriormente originou a palavra em Quenya Min, que significa Um, Tata deu origem a palavra atta que significa Dois e o nome Enel deu origem a neldë, mas enel ainda é usado no Quenya com o significado de “entre” ou “meio”.

Assim surgiu a primeira língua falada pelos elfos, conhecida como Primitive Quendian.

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