Sobre Filmes

O Senhor dos Anéis poderá virar série de TV!

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[Atualização: O boato se provou verdadeiro e a Amazon irá produzir uma série. Confira a notícia AQUI]

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Segundo informação publicada em 3 de outubro de 2017 do site Variety, está em processo inicial de negociação uma adaptação em forma de série televisiva do livro O Senhor dos Anéis de J.R.R. Tolkien. A Warner Bros. Television e a Tolkien Estate (representantes herdeiros do Tolkien) estão negociando com a Amazon Studios para realizar uma série. Segundo a informação o CEO da Amazon Jeff Bezos estaria envolvido pessoalmente com as negociações, sendo ele um fã de literatura de fantasia.

A aparente notícia parece ser um choque entre os fãs de Tolkien, que até o momento tinham como esperança apenas o ano de 2044 para ver novas adaptações das obras de Tolkien.  Pois até o momento a família Tolkien não estava disposta a negociar qualquer direito para adaptações e somente naquela data é que os livros estariam em domínio público e livres para qualquer adaptação.

O que deve ser deixado claro é que os direitos de O Senhor dos Anéis e o Hobbit já pertencem a Warner, desde suas negociações com as empresas anteriores que adquiriram os direitos com o próprio Tolkien. A família Tolkien tem apenas o direito de receber parcela dos lucros das obras de O Senhor dos Anéis e o Hobbit. Dessa forma, ainda permanece a ideia de Christopher Tolkien de que outras obras não devem ser adaptadas, mas é legalmente possível readaptar O Senhor dos Anéis, já que a família Tolkien não tem controle sobre os direitos.

Christopher Tolkien, filho e líder dos herdeiros de Tolkien, se manifestou contra adaptações de Peter Jackson e proibiu novas realizações, tendo como fundamento a própria ideia do seu pai, que era contra adaptações de suas obras. 

A família Tolkien já esteve envolvida com mais de dois processos contra as empresas que patrocinavam os filmes e chegaram a um acordo no meio desse ano e ao que parece foi algo produtivo para ambos. Essa participação da Tolkien Estate indica que os herdeiros de Tolkien estão mais abertos a negociações e por isso, talvez em alguns anos possam estar abertos a negociar adaptações de outras obras do maior escritor de fantasia.

Importante ressaltar que é possível que o jornalista que escreveu a reportagem possa estar se enganando quando fez referência a Tolkien Estate. Muitas pessoas confundem a “Tolkien Estate” (família e herdeiros de Tolkien) com a “Tolkien Enterprises” que era o antigo nome da atual “Middle-earth Enterprises”, que tem os direitos de produção dos filmes e trabalhou junto com a New Line e a Warner nos filmes de Peter Jackson.

Dessa forma, para saber informações concretas sobre essa possível adaptação é necessário esperar que haja uma divulgação oficial pelos envolvidos.

Para saber mais sobre questões dos direitos acesse esse artigo AQUI. E se inscreva no nosso canal no youtube AQUI.

Mitopoeia

A importância da tradição oral na criação do Legendarium

 

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by Eduardo Stark

Ao pensar em criar uma mitologia que pudesse ser dedicada para a Inglaterra, Tolkien entendeu que a realidade deveria ser a fonte para o mundo imaginário. Ele pretendia que suas histórias tivessem profundidade e características que possibilitassem uma noção de autenticidade ou de que se poderia considerar crível. Regras que fossem aplicadas dentro de seu próprio universo, com uma lógica interna e não apenas histórias inventadas sem critério algum.

Sendo assim, um dos aspectos de nossa realidade que o autor buscou observar é a tradição oral na formação da mitologia. A tradição oral é tão antiga quanto o ser humano, já que antes da invenção da escrita, as informações eram passadas de geração em geração através da palavra falada. E até mesmo hoje muitas pessoas pelo mundo usam a tradição oral para transmitir seu conhecimento e informações.

Nesse sentido, observando as peculiaridades das mitologias em geral nota-se que foram precedidas de séculos de tradição oral. Ou seja, as mitologias não foram escritas assim que foram desenvolvidas, elas passaram por um processo de disseminação e de herança cultural de uma geração para a outra, até que em um determinado momento tomou a forma escrita.

A esse respeito George Laurence Gomme analisa a relação da tradição oral e o material escrito das histórias:

A narrativa tradicional, o mito, o conto popular ou a lenda, não dependem do texto em que aparecem pela primeira vez. Esse texto, tal como o temos, não foi escrito por autoria contemporânea ou quase contemporânea. Antes de se tornar um documento escrito, vivia há muito tempo como tradição oral. Em alguns casos, o próprio documento escrito tem séculos de idade, o registro de algum cronista ou escritor antigo que não fez o registro por causa da tradição. Em outros casos, o documento escrito é bastante moderno, o registro de um declarado amante da tradição. (GOMME, p.125-126)[1]

Assim, a tradição oral nada mais é que uma forma de comunicação humana em que as ideias são transmitidas oralmente de uma geração para a outra. Dentro dela estão incluídas as baladas, os cantos, as histórias em prosa ou verso etc. Dessa forma, pode ser transmitida a história, literatura ou leis e outros conhecimentos através de gerações sem um sistema escrito ou registro paralelo a ele.

Em um primeiro momento, não parece ser razoável dizer que existe uma tradição oral em uma obra escrita de ficção de um autor. Mas em se tratando de uma mitologia simulada o elemento oral também pode ser levado em consideração, desde que haja um conjunto de justificações internas do mundo fictício.

Em várias oportunidades em seus escritos Tolkien deixa claro que existe todo um pano de fundo para as próprias histórias. Elas não são simplesmente de sua autoria, existe a noção da história da história. Ou seja, uma história de como aquelas aventuras foram registradas ao longo de tradições e registros passados de geração para geração. Assim, isso daria maior credibilidade a mitologia inventada, sendo ela semelhante às mitologias que se conhece atualmente.

A origem dos Contos de Fadas

Para entender a noção do Tolkien sobre o assunto é necessário analisar uma parte de seu ensaio “Sobre Contos de Fadas” tratando sobre as origens dessas histórias. No rascunho desse ensaio ele reconhece que “Os Contos de Fadas foram, certamente, feito por e preservado oralmente por adultos, e até mesmo no tempo do sentimento da “Era de Ouro” eles foram escritos por adultos” (On Fairy Stories, p.284)[2].

O autor deixa claro que é muito complicado definir uma real origem dos contos de fadas (em sentido amplo que incluiria mitologias). Ele apresenta três elementos que devem ser analisados, como pode ser lido no seguinte trecho:

É evidente que os contos de fadas (em sentido mais amplo ou mais restrito) são de fato muito antigos. Coisas semelhantes aparecem em registros muito primevos e são encontradas universalmente, onde quer que exista linguagem. Portanto, estamos obviamente diante de uma variante do problema encontrado pela arqueologia ou pela filologia comparativa: o debate entre evolução (ou antes, invenção) independente dos semelhantes, herança de um ancestral comum, e difusão, em várias épocas, de um ou mais centros. (Sobre Contos de Fadas, p.20).

Em síntese, esses tópicos ou etapas de construção das histórias podem ser resumidos da seguinte forma:

a) Invenção Independente: Leva-se em conta um inventor, um criador de histórias. É o mais misterioso por ser complicado de se definir quem criou ou como surgiu um mito, sem que ele tenha sido baseado em alguma história anterior. É o elemento mais importante e fundamental por que os outros dois se voltam a ele.

b) Difusão: é o empréstimo no espaço. Uma história remete o problema da origem a outro lugar. As histórias são contadas e espalhadas para lugares diferentes. Como exemplo, uma lenda contada entre os Germânicos passou aos Ingleses. No centro da difusão há um lugar onde antigamente viveu um inventor.

c) Herança: é o empréstimo no tempo. A transmissão de geração para geração do que foi sendo contado. Nesse ponto é que se encontra a tradição oral, embora também esteja relacionada a difusão. Se voltar no tempo se chegará ao inventor ancestral.

Tolkien não se sente capaz de desvendar completamente esses três tópicos. Seria uma tarefa complexa e sem possibilidade de ter um resultado, pois a origem dos contos de fada estaria ligada a história da humanidade e talvez até mais complexa do que ela. Questionar sobre a origem dos Contos de Fadas seria o mesmo que procurar saber como surgiu a linguagem humana. É nesse sentido que ele afirma:

A história dos contos de fadas provavelmente é mais complexa que a história física da raça humana, e tão complexa quanto a história da linguagem humana. As três coisas – invenção independente, herança e difusão – evidentemente tiveram seu papel na produção da intrincada teia da História. Desemaranhá-la está agora além de qualquer habilidade que não seja a dos elfos. (Sobre Contos de Fadas, p.20).

Ao fazer referência aos elfos nesse ponto Tolkien provavelmente estaria pensando em sua própria mitologia, em que os elfos têm um vasto conhecimento sobre as origens do mundo. Contudo, mesmo sendo seres especiais, na nota de rodapé dessa parte Tolkien deixa claro que não seriam capazes de desvendar tudo, mas apenas um fio em meio a uma imagem definida por muitos fios. Ou seja, lidar com os elfos poderia proporcionar maior esclarecimento a cerca de uma palavra, um verso, algo muito pequeno em meio a uma vastidão da linguagem.

Somando a essas ideias, Tolkien afirma que os Contos de Fadas não se formam com uma estrutura fechada e que não se modifica. Segundo ele as modificações vão sendo feitas com o passar do tempo e se torna complicado separar sua origem, pois existem variantes e que mesmo os elementos antigos podem ser retirados ou substituídos sem problema. É nesse ponto que a tradição oral tem o seu papel de relevância. É com a transmissão oral que as lendas vão sendo acrescidas de elementos novos ou modificações das histórias.

De maneira nenhuma os contos de fadas são matrizes rochosas das quais os fósseis só podem ser arrancados por geólogos peritos. Os elementos antigos podem ser extraídos, ou esquecidos e descartados, ou substituídos por outros ingredientes, com a maior facilidade, tal como mostrará qualquer comparação de uma história com suas variantes próximas. As coisas que existem nelas devem ter sido mantidas (ou inseridas), muitas vezes, porque os narradores orais, instintiva ou conscientemente, sentiram sua “significância” literária. (Sobre Contos de Fadas, p.31).

Essa flexibilidade dos contos de fadas em relação a suas fontes torna complicado definir uma origem real, não sendo possível realizar algo como se fosse uma pesquisa histórica. A oralidade tornou as histórias parte da cultura a tal ponto que os elementos mais antigos da história podem ser esquecidos, pois o que perdura são o que se considerou relevante na tradição oral, acrescidos de acordo com o sentimento de relevância.

Capa de A História de Kullervo

A transmissão oral do Kalevala e as ideias de Tolkien

A tradição oral está presente na maioria das mitologias e até mesmo nas religiões atuais. E como Tolkien estudava ambos, além de ser um professor que lidava com línguas, certamente o tema não foi ignorado por ele ao ter suas primeiras criações relacionadas ao seu legendarium. Dentre as mitologias que ele estudou e gostou está a finlandesa, que merece uma rápida análise quanto a ideia de oralidade.

A fascinação de Tolkien pelo épico nacional finlandês, o Kalevala, criado pelo folclorista Elias Lönnrot, é bem conhecida. Tal obra exerceu forte influência no autor do Senhor dos Anéis a ponto dele declarar que o épico foi um dos fatores que contribuiu para a ideia de criar sua própria mitologia dedicada ao seu país.

No período em que era um estudante graduando de Oxford, Tolkien realizou uma série de análises do Kalevala e isso o levou a ter a ideia de escrever sua mitologia. Conforme declarou “o início do legendarium, do qual a Trilogia é parte (a conclusão), foi uma tentativa de reorganizar algumas partes do Kalevala, em especial o conto de Kullervo, o infeliz, em uma forma de minha própria autoria”. (Carta 163, para W.H. Auden, em 7 de junho de 1955).

Alguns de seus principais trabalhos sobre o épico finlandês foram reunidos e publicados no livro A História de Kullervo em 2015. Nesse livro Tolkien expressa suas considerações sobre a tradição oral na mitologia: “Ao longo de outros sete séc[ulos], as baladas continuaram sendo transmitidas oralmente, a despeito da Suécia e da Rússia. Só foram escritas depois que Elias Lönnrot fez uma seleção delas, em 1835”. (TOLKIEN, A História de Kullervo, p.75).

Elias Lönnrot desenvolveu um papel de preservação das antigas canções do povo Finlandês. Buscando consolida-las e formar um conjunto escrito das principais lendas populares. Confirmando isso, no prefácio do Kalevala, o próprio Lönnrot informa sobre a tradição oral finlandesa “esses poemas se tornaram as memórias específicas mais antigas sobreviventes para o povo finlandês e a língua finlandesa, e uma vez que existem, alguém é designado para organizar-las com todos os cuidados e diligências possíveis” (LÖNNROT, p.374)[3]

E para deixar essa noção de oralidade e de matéria folclórica dos antepassados, nos primeiros versos do Kalevala o próprio Elias Lönnrot enuncia que: [4]

Vieram estas cantigas,
Foram lendas aprendidas
Do cinto de Vainamoinen,

Sob a forja de Ilmarinen,
Da espada de Lemminkainen,
Da besta de Joukahainen,
Da confim terra do Norte,
Do campos da Kalevala.

Meu paizinho mas cantava,
Gravando a pega de uma acha;
M’nha mãezinha as ensinava,
Rodando o fio no fuso,
Enquanto eu no chão, criança,
Rebolava aos seus joelhos,

Pobre barbicha-de-leite,
Pequeno boca-de-peixe.

Posto isso, é importante ressaltar que o texto escrito é sempre mais pobre intelectualmente do que a tradição oral, já que nem tudo pode ser escrito. O que existe nos manuscritos são muitas vezes sínteses das várias lendas e mitos do povo. Dessa forma o Kalevala não é a fonte única para a mitologia finlandesa, mas uma fonte escrita em paralelo a fonte oral que pode ser modificada, conforme Tolkien explica:

É interessante observar, no entanto, que esse cantar de baladas ainda prossegue e que essas baladas, cristalizadas para nós por acaso, sofrem e ainda poderão sofrer inúmeras variações. O Kalevala também não contém toda a lit[eratura] de baladas da Finlândia, nem todas as baladas coletadas pelo próprio Lönnrot, que reuniu todas em uma publicação denominada “Kanteletar” ou “Filha da Harpa”. O Kalevala só é diferente pelo fato de ter certa sequência lógica e, portanto, ser mais legível. Abrange a maior parte da mitologia finlandesa, desde a gênese da Terra e do Firmamento até a part[ida] de Väinämöinen. (TOLKIEN, A História de Kullervo, p.75)

Essa característica também é presente em outras mitologias que foram escritas em determinadas partes. A mitologia grega, por exemplo, tem como escritos fontes a Ilíada e a Odisséia, atribuídas a o Homero. Mas esses livros não são os únicos escritos e nem mesmo a fonte das histórias, durante muitos anos a tradição oral foi praticada em paralelo com a escrita, já que a maioria da população era iletrada.

Em uma mitologia simulada pelo autor o elemento da oralidade seria difícil de ser introduzido. Isso por que as histórias partem de um único autor e não de uma tradição oral do povo. Mas foi pensando nisso que Tolkien provavelmente tentou trazer a ideia de um grande compilador de suas histórias.

Assim como na mitologia finlandesa existiu um grande compilador de tradições orais, Elias Lönnrot, na mitologia Tolkieniana também deveria existir alguém que registrasse as diversas lendas da Terra-média, que foram sendo passadas ao longo das eras.

Assim, em uma mitologia “simulada” pelo autor deveria haver não só os textos em prosa, mas um conjunto de registros de baladas, músicas, versos, lendas, folclore, mitos e tantas outras formas de se contar histórias em um mundo onde o encanto e o mistério ainda eram presentes em essência.

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NOTAS:

[1] The traditional narrative, the myth, the folk-tale or the legend, is not dependent upon the text in which it appears for the first time. That text, as we have it, was not written down by contemporary or nearly contemporary authority. Before it had become a written document it had lived long as oral tradition. In some cases the written document is itself centuries old, the record of some early chronicler or some early writer who did not make the record for tradition’s sake. In other cases the written document is quite modem, the record of a professed lover of tradition. (GOMME, George Laurence, Folklore as an historical science. p.125-126).

[2] “Fairy-stories were, of course, made by and orally preserved by adults, and even in the age of ‘Golden Age’ sentiment they are written by adults.” (On Fairy Stories, p.284).

[3] “these poems are coming to be the oldest specific memories surviving for the Finnish people and the Finnish language as long as these exist at all, one is called upon to arrange them with all possible care and diligence” (The Kalevala: Or, Poems of the Kaleva District editado por Elias Lönnrot, Translated by Francis Peabody Magoun, Jr. Harvard University Press, 1963.p.374).

[4]  LÖNNROT, Elias. Kalevala, trad. Orlando Moreira, Épica, 2016, p.27.

Poesia

O Poema “A Viagem de Earendel a Estrela Vespertina”

 

by Eduardo Stark

Éala! éarendel engla beorhtast, ofer middangeard monnum sended.
(Salve, Earendel, o mais brilhante dos anjos, sobre a terra-média mandado aos homens)

Foi com a palavra “Earendel” em mente que em 24 de setembro de 1914, J.R.R. Tolkien escreveu o poema The Voyage of Éarendel the Evening Star (A Viagem de Earendel a Estrela Vespertina). Esse foi o primeiro texto relacionado ao seu legendarium e foi o seu primeiro passo.

Foi por isso que certa vez afirmou em carta para Clyde Kilby que “As palavras de Cynewulf, das quais, em última instância, brotaram toda a minha mitologia” (Carta para Clyde Kilby, dezembro de 1965).

De uma simples palavra em um manuscrito antigo e pouco estudado entre os homens modernos, surge uma nova mitologia, um novo mundo cheio de histórias que admiraram e surpreendem milhões de leitores por vários anos.

Em Setembro de 1914, Tolkien, junto com seu irmão Hilary, foi visitar sua tia Jane Neaves na fazenda Phoenix em Gedling. Um local distante da turbulência da cidade que estava cheia de temores quanto a guerra mundial. Foi justamente em 24 de setembro que ele experimentou escrever um poema utilizando a palavra “Earendel” que tanto o espantou poucos meses atrás.

Questionamentos eram comuns em relação a palavra, tais como: O que significa Earendel? Em que contexto pode ser utilizado? Essa é uma palavra substantiva?

Ao pesquisar com mais profundidade Tolkien percebe a multiplicidade de significados e sua relação com mitologia antiga e histórias de heróis e deuses de origens germânicas. E desses conceitos é que começa a escrever o poema.

As primeiras conexões começam a serem feitas a partir das palavras de Cynewulf e o significado de Earendel. Primeiramente em ter a noção de que é uma palavra mais antiga que o próprio anglo-saxão e que tem uma ligação com a mitologia. Também deve-se notar a sua relação com o herói germânico Orendel, que realizou viagens marítimas. O vínculo de significado da palavra Earendel com Orendel é feito por Jacob Grimm em seu livro Deutsche Mythologie. Então se extrai da palavra o seguinte:

1 – Uma relação com uma mitologia
2 – Um Herói chamado Earendel (Orendel)
3 – Ele realiza uma viagem marítima

Mas adotar a história de Orendel apenas iria empobrecer o significado do nome, que também tem relação com o Sol Nascente ou algum astro que emita uma luz. Assim, seria necessário fazer mais uma conexão. Para que a palavra tenha a sua aplicação em todos esses significados Tolkien associou o herói a luz e a estrela da manhã Como se fosse um navio iluminado que estivesse em meio a escuridão do mar, dando a imagem como se fosse uma estrela.

1 – Uma relação com uma mitologia
2 – Um Herói chamado Earendel (Orendel)
3 – Ele realiza uma viagem marítima
4 – No navio há uma lâmpada que ilumina a escuridão intensa do mar

O herói parte em direção ao Oeste. Existe uma série de lendas relacionadas a viagens para o Oeste na cultura europeia. A começar por Atlântida ou mesmo a lenda de Hy Breazil, ou Avalon. Essa conexão envolvia diversos questionamentos que deveriam ser respondidos posteriormente: Que terra desconhecida é essa?

1 – Uma relação com uma mitologia
2 – Um Herói chamado Earendel (Orendel)
3 – Ele realiza uma viagem marítima
4 – No navio há uma lâmpada que ilumina a escuridão intensa do mar
5 – A viagem vai para terras desconhecidas no Oeste

Essas terras desconhecidas parecem ter um nome. Isso pode ser observado agora no segundo verso do poema: Éala! éarendel engla beorhtast ofer middangeard monnum sended. A palavra anglo-saxã “Middangeard” tem o mesmo significado que Midgard, que no inglês moderno é o mesmo que Middle-earth, que é traduzido para o Português como Terra-média.

Em uma tradução simples o significado seria o equivalente ao nosso “mundo”, “planeta terra”. Mas assim como em “Earendel”, essa palavra tem uma conexão com as mitologias antigas, em especial a mitologia germânica e islandesa, em que Midgard é um região dos vários reinos existentes em que os humanos vivem.

Assim, o que se pode notar dos dois versos que Tolkien admirou são as seguintes informações:

1 – Uma relação com uma mitologia
2 – Um Herói chamado Earendel (Orendel)
3 – Ele realiza uma viagem marítima
4 – No navio há uma lâmpada que ilumina a escuridão intensa do mar
5 – A viagem vai para terras desconhecidas no Oeste
6 – Uma relação com a chamada “Terra-média”

A partir dessas premissas Tolkien começou a desenvolver seu primeiro escrito do que viria se tornar sua mitologia.

No poema a rima ocorre cada palavra oxítona, sendo uma palavra que rima com outro no mesmo verso e no seguinte uma palavra final que fará par com a palavra do verso subsequente. Assim, as rimas são alternadas ou cruzadas, seguindo o esquema AABAAB. Estilo semelhante pode ser visto no poema de Percy Bysshe Shelly (1792-1822) intitulado Syracuse Arethusa (LONGFELLOW. p. 1876-1879):

Arethusa arose From her couch of snows
In the Acroceraunian mountains,
From cloud and from crag, With many a jag,
Shepherding her bright fountains.

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Arethusa surgiu, de seu sofá de neve partiu
Nos Acroceraunianos montes,
Da nuvem e fragada, que muito entalhada,
Pastoreando suas fontes brilhantes.

Não é possível precisar se Tolkien teria de fato se valido especificamente dos poemas de Shelly, porém é uma hipótese considerada pelos estudiosos tolkienianos John Garth e Hugo Brogan. Há também elementos que Tolkien parece ter utilizado como fonte como a Iliada de Homero e o épico anglo-saxão Beowulf.

O poema foi publicado posteriormente no livro The Book of Lost Tales 2 (p. 271-3), editado por Christopher Tolkien. Abaixo segue uma tradução das duas primeiras estrofes do poema, com estilo que visa se adequar a métrica e rima do poema original:

Eärendel surgiu onde a sombra fluiu,
No Oceano as silenciosas beiradas;
Do alvor sombroso como um raio luminoso
Onde as margens são escuras e escarpadas
Lançou sua barca como prateada faísca
Da última e solitária terra;
No iluminado alento do dia ígneo morto
Partiu da ocidental terra.

Iniciou sua jornada durante a outonada
Do Sol nascente,
E viajando por rastros além de muitos astros
Em seu galeão reluzente.
Na maré cheia da escuridão passeia
O navio celeste,
E na noite reluz com suas velas de luz
Como a estrela passando ao oeste.

——

Eärendel arose where the shadow flows
At Ocean’s silent brim;
Through the mouth of night as a ray of light
Where the shores are sheer and dim
He launched his bark like a silver spark
From the last and lonely sand;
Then on sunlit breath of the day’s fiery death
He sailed from Westerland.

He threaded his path o’er the aftermath
Of the splendour of the Sun,
And wandered far past many a star
In his gleaming galleon.
On the gathering tide of darkness ride
The argosies of the sky,
And spangle the night with their sails of light
As the streaming star goes by.

Em 27 de novembro de 1914, Tolkien leu pela primeira vez o seu poema para um grupo de pessoas no Essay Club (Clube de Ensaios) em Oxford. Segundo ele “Houve um ensaio ruim, mas uma discussão interessante. Essa foi também uma reunião de composições e li “Earendel”, que recebeu boas críticas” (Carta 2, para Edith Bratt, 27 de novembro 1914).

orendel
Orendel, no manuscrito original

Nessa mesma época Tolkien se encontrou com seus amigos da T.C.B.S e apresentou o poema.Especialmente G.B. Smith leu atentamente o texto e fez sugestões e questionamentos. Na biografia escrita por Humphrey Carpenter há esse pequeno relato:

Ele havia mostrado os versos originais sobre Earendel a G. B. Smith, que dissera que gostava deles mas não sabia do que tratavam realmente. Tolkien respondera: “Não sei. Tentarei descobrir.” Não tentaria inventar: tentaria descobrir. Ele não se via como um inventor de histórias, mas como um descobridor de lendas. E isso devia-se na verdade às suas línguas particulares. (CARPENTER, p.)

A resposta de Tolkien parece ser enigmática e traduz a ideia que o autor tem sobre como construir suas histórias. Para Tolkien as histórias começavam sempre com um palavra e a partir dela é que se podia extrair o significado e assim suas histórias. Isso o motivava intelectualmente e foi assim que começou a escrever sobre Earendel.

Contudo, a dúvida de G.B. Smith parecia muito pertinente. Afinal, de qual mitologia se tratava esse poema? quem era esse marinheiro? E que terra a oeste é essa? seria uma ilha ou continente? Ou mesmo um mundo novo? Qual a relação dessa terra com a chamada “Terra-média”?

Bem provável que Tolkien se questionava sobre esses mesmos pontos, e foi deles que suas primeiras histórias foram sendo desenvolvidas e toda sua mitologia se formou.

Eventos

Os 125 anos de J.R.R. TOlkien

Ontem, 3 de janeiro de 2017, milhares de pessoas celebraram os 125 anos do nascimento do escritor J.R.R. Tolkien. Foram diversas fotos com suas coleções, tatuagens, livros etc. Ficamos realmente gratos por toda essa participação e demonstração de carinho por parte dos leitores.

Como parte da tradição criada pela Tolkien Society, do Reino Unido, os fãs de Tolkien se reúnem e fazem um brinde ao professor!

É sempre bom demonstrarmos o quanto gostamos da obra do professor e como ele não apenas é um escritor de fantasia famoso, mas também alguém que parece estar próximo de nós como ser humano.

Tolkien deixou sua marca na história da humanidade e suas obras inspiram novos escritores, poetas, músicos, cineastas, ilustradores, filósofos, cientistas, políticos etc. Enfim, é algo que atinge todos os níveis de conhecimento humano.

A equipe do site Tolkien Brasil acompanhou atentamente cada postagem. Cada demonstração de carinho ao professor e ficamos realmente gratos por pessoas como vocês nos acompanhando nessa jornada de divulgar a obra.

Ainda sempre me surpreendo como um simples escritor, que escrevia histórias para si mesmo e sua família, teria tantos admiradores em todos os cantos do mundo.

Para nós o ano começou ontem. Esse ano de 2017 será especial para quem é fã de Tolkien. Além do lançamento do livro “Beren e Lúthien”, se celebra os 40 anos da publicação de O Silmarillion e 10 anos de Os Filhos de Húrin, dentre outras datas comemorativas. Teremos ainda muito que comemorar.

Então iremos preparar muitas novidades para todos nós!

Um viva ao Professor! Um viva a todos nós!

brindetolkien

Sobre Filmes

O Senhor dos Anéis A Sociedade do Anel Lançado há 15 anos nos Cinemas!

by Eduardo Stark

Exatamente há quinze anos atrás, em 10 de dezembro de 2001, o filme O Senhor dos Anéis A Sociedade do Anel era exibido pela primeira vez na Premiere em Londres, Reino Unido.

Deste dia em diante o mundo conheceu um dos melhores filmes já feitos para o cinema. Ele não apenas transformou a tecnologia cinematográfica com novos métodos, como também revolucionou  o cinema como um todo.

A estreia mundial ocorreu em 19 de dezembro de 2001, mas o Brasil só conseguiu ver nas telonas o filme em 1 de dezembro de 2001. Mas já tínhamos expectativas de que esse não era apenas um filme comum nos cinemas. Era a tentativa de mostrar as obras de Tolkien como poderiam ser na realidade.

A alta qualidade dos efeitos, do roteiro e da atuação somados formaram filmes premiados em diversas modalidades, culminando com o Senhor dos Anéis, O Retorno do Rei que ganhou 11 Oscar.

A partir da estreia do primeiro filme os brasileiros começaram a buscar mais sobre esse Universo encantado e quem era o criador disso tudo. Centenas de fóruns, sites, grupos de estudos, cosplays, itens de colecionadores, livros, artigos, teses acadêmicas, surgiram e brotaram como se existisse uma fonte inesgotável de criatividade.

A partir de O Senhor dos Anéis no cinema vários filmes posteriores buscavam seguir o estilo de fantasia e mostrar histórias fantásticas, o que culminou em uma verdadeira atenção de Holywood para esse tipo de filme. É graças ao Senhor dos anéis temos essa época em que o cinema dá atenção às histórias em quadrinhos e filmes com tecnologia que conhecemos. Assim, o Senhor dos Anéis abriu as portas para vários novos materiais da chamada “cultura Nerd”.

Antes dos filmes, os livros do Tolkien já eram mundialmente conhecidos, porém, alguns países como o Brasil ainda não tinham “despertado” quanto a obra desse escritor.  Os fãs de Tolkien eram reservados a poucos jogadores de RPG, alguns leitores de ficção e fantasia (o que não passava de dez mil pessoas). Então, a grande expansão de novos leitores no Brasil se deve ao lançamento dos filmes.

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Talvez esse fenômeno jamais se repetirá novamente.Quem vivenciou essa época sabe que os filmes de O Hobbit de Peter Jackson não chegaram nem próximo a explosão do que foi O Senhor dos Anéis. Mas talvez haja um pouco de esperança para algo semelhante quando algum filme de O Silmarillion for lançado nos próximos anos.

A essência de O Senhor dos Anéis pareceu muito mais voltada ao desejo de ver algo relacionado a Tolkien nos cinemas do que um mero blockbuster como foi com os filmes de o Hobbit. Veja por exemplo esse comentário do diretor Peter Jackson na época:

Nas versões estendidas de O Senhor dos Anéis há documentários sobre a vida do escritor Tolkien e sempre que possível eram ressaltadas as suas qualidades como escritor. Enquanto que nas versões estendidas dos filmes do Hobbit não há material algum a respeito do professor, demonstrando a diferença de ideias dos filmes.

A produção recebeu diversas indicações ao Oscar de 2002, incluindo Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Ator Coadjuvante para Ian McKellen, entre várias outras, e ganhou os prêmios de Melhor Fotografia, Melhor Maquiagem, Melhor Trilha Sonora e Melhores Efeitos Visuais.

O professor Tolkien tem essa capacidade de revolucionar os meios que veiculam suas histórias. Quando lançou o Senhor dos Anéis em 1954-1955 praticamente apresentou uma nova forma de se ver a literatura e inaugurou a fantasia moderna. Com os programas do Senhor dos Anéis na Rádio BBC de Londres foram um grande sucesso e que proporcionou boas consequências. Quando no cinema, as histórias do professor revolucionaram novamente dando abertura para novos filmes e histórias fantásticas.

O Senhor dos Anéis no cinema nada mais é do que a demonstração que uma boa história quando se é contada de uma forma interessante pode cativar não apenas uma geração, mas se eternizar por longos e longos anos.

Se você sentiu o ar da nostalgia… Que tal pegar o seu filme e assistir após quinze anos… (talvez com algum filho…). Será mesmo que se passaram longos quinze anos desde que esse filme foi lançado?

Confira abaixo reportagens de especiais de dez anos dos filmes e o  primeiro trailer lançado em 2000.  

Agradecemos a Warner Bros, ao jornalista Mário Augusto e a RedeMinas por disponibilizarem os vídeos.Assine nosso canal no youtube e veja muito mais vídeos sobre o Universo de Tolkien AQUI.

Sobre Filmes

Box com todos os filmes da Terra-média é anunciado

Box com as 2 trilogias de Peter Jackson e extras (clique para ampliar).
Box com as 2 trilogias de Peter Jackson e extras (clique para ampliar).

Por: Sérgio Ramos.

Publicado em: 17/08/2016.

Finalmente, chegou a notícia que muitos fãs da Terra-média e dos filmes de Peter Jackson esperavam: a Amazon anunciou o lançamento do Box Edição Limitada de Colecionador da Terra-média, incluindo os seis filmes de Peter Jackson que adaptaram para o cinema as obras de J. R. R. Tolkien: O Senhor dos Anéis e O Hobbit.

Embora a data de lançamento tenha sido retirada do site, o anúncio havia sido feito para o dia 04 de outubro desse ano.

O box de blu-rays inclui:

  • 30 discos contendo os 06 filmes de Peter Jackson nas versões estendidas alojados em livros de couro sintético;

  • 01 prateleira de madeira ornamentada em estilo hobbit;

  • Conteúdos bônus de todas as versões anteriores dos filmes.

Além disso, a caixa conterá uma réplica do Livro Vermelho do Marco Ocidental (que seria o livro que Bilbo e Frodo escreveram contendo a narrativa de suas aventuras) apresentando em suas páginas várias artes conceituais e criações individuais de Alan Lee e John Howe.

O preço de tudo isso foi anunciado, inicialmente, em $800.00, o que corresponderia, aproximadamente, no dia de hoje, a R$ 2.640,00. No entanto, o site retirou do ar o valor, que deve ser confirmado posteriormente.

Sobre Filmes

Peter Jackson: “Eu não sabia que diabos estava fazendo” quando fiz O Hobbit

PeterJackson-2

Por: Sérgio Ramos.

O jornal britânico The Guardian trouxe uma revelação surpreendente dos extras do filme “O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos”: o diretor Peter Jackson admite que “estava voando” e inventando coisas enquanto gravava a trilogia Hobbit.

Segundo consta, o diretor da trilogia, Peter Jackson, confessa que filmou os filmes sem a preparação adequada para uma obra de tal magnitude.

De acordo com Jackson:

Como Guillermo del Toro teve que sair, eu entrei e assumi, e nós não voltamos o relógio um ano e meio para que eu tivesse um ano e meio para me preparar para projetar o filme, que era muito diferente do que ele estava fazendo. Era impossível e, como resultado dessa impossibilidade, eu simplesmente comecei a gravar o filme com a maior parte ainda sem estar pronta.

Você está lá no set de gravações e está voando, você tem essas massivas cenas complicadas, sem storyboards, e você está inventando tudo lá no local […] Eu passei a maior parte de O Hobbit me sentindo como se não estivesse no controle […] mesmo do ponto de vista do script de Fran [Walsh] e Phillipa [Boyens] e eu não tinha todos os scripts escritos para nossa satisfação e então era uma situação de pressão muito alta.

Continua o diretor explicando a fase em que estava mais “por fora”, logo antes da batalha final:

Nós tínhamos dois meses de gravações para ela em 2012, e em algum ponto quando nos aproximamos que eu fui aos nossos produtores e disse: “Como eu não sei que diabos estou fazendo agora, porque não tenho os storyboards e a preparação, por que nós simplesmente não terminamos antes?”

E então é que esse atraso dá tempo ao diretor para limpar a mente e ter um tempo quieto para inspiração para fazer a batalha, e começar a realmente construir algo.

Muitos fãs agora podem entender a razão pela qual o filme foi lançado do jeito que foi…

Glossopoeia

Como se escreve “O Senhor dos Anéis” em Quenya?

 

Escrevemos esse artigo em resposta ao leitor do site Walter Bastilho que nos enviou o pedido (via inbox no facebook AQUI) de que gostaria de saber como se escreve O SENHOR DOS ANÉIS nas línguas élficas, usando o alfabeto tengwar, pois queria fazer uma tatuagem. Pediu que fosse mostrado algo mais fiel possível ao que Tolkien havia escrito.

Importante ressaltar que é sua inteira responsabilidade o uso de seu corpo, não nos responsabilizamos por nada relativo a isso. Apresentamos apenas as conceituações e formas de escrita e sugestões para que você tenha uma decisão razoável sobre o assunto.

E então aproveitando nossa comemoração de 60 anos de lançamento de O Senhor dos Anéis, fizemos esse artigo com informações sobre o assunto. Esperamos que gostem.

 

elves

 

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Muitas pessoas gostam de fazer tatuagens com expressões e imagens que lembram alguma coisa dos livros ou filmes relacionados a Tolkien. Algumas preferem usar os alfabetos (em especial o Tegwar) para escrever seus nomes e frases.

Contudo, em se tratando de línguas criadas por Tolkien, deve-se ter um cuidado especial. As línguas não foram totalmente desenvolvidas, havendo uma grande lacuna em seu vocabulário, o que impossibilita que se forme algum tipo de língua falada ou escrita como as línguas reais. (veja ao artigo sobre se é possível falar élfico AQUI)

Diante da ausência de palavras e de uma gramática formada, os fãs tomaram a liberdade de criar e desenvolver seus próprios livros e cursos de línguas élficas tentando tomar como base o que foi criado por Tolkien (veja esse vídeo AQUI ). Mas, essas criações apresentam muitas variações questionáveis e não trazem uma segurança em relação a fidelidade, já que são produto de derivações não realizadas pelo professor Tolkien.

Assim, é interessante buscar sempre algo que o professor Tolkien já tenha escrito e desenvolvido, pois a segurança é ampliada, já que tal palavra se não for a definitiva ao menos é uma criação feita pelo próprio professor Tolkien e não por um terceiro.

Além dessa ausência de vocabulário, existe ainda o problema de que algumas dessas palavras sofreram muitas variações ao longo de seu desenvolvimento e não foram definitivamente terminadas. É o caso de O SENHOR DOS ANÉIS, que apresenta algumas variações.

sauron, senho do escuro
sauron, o senhor dos anéis

 

CONCEITO DE “O Senhor dos Anéis”

 

O termo “O Senhor dos Anéis” é um nome dado ao Sauron, o senhor do escuro de mordor. Parece ser um título antigo e seu significado conhecido por pessoas mais instruídas, tal como o elfo Glorfindel e o mago Gandalf.

Existem basicamente três menções do termo no livro. A primeira o nome é mencionado no singular por Pippin, que o atribui o título de Senhor do Anel para o Frodo, porém Gandalf o repreende e corrige dizendo que esse é o nome de Sauron:

Abram alas para Frodo, Senhor do Anel!

— Pssiu! — fez Gandalf, que estava entre as sombras na parte de trás do alpendre.

— Coisas maléficas não entram neste vale, mas mesmo assim não devemos nomeá-las. O Senhor do Anel não é Frodo, mas o Senhor da Torre Escura de Mordor, cujo poder está de novo se espalhando pelo mundo! Estamos numa fortaleza. Lá fora está ficando escuro”. (ver em O Senhor dos Anéis, A Sociedade do Anel, livro II, capítulo I, “Muitos Encontros”).

A expressão também foi utilizado por Gandalf, informando que os Cavaleiros Negros eram servos de Sauron: “Na verdade, mencionei-os uma vez a você, pois os Cavaleiros Negros sãos Espectros do Anel, os Nove Servidores do Senhor dos Anéis” (ver em O Senhor dos Anéis, A Sociedade do Anel, livro II, capítulo I, “Muitos Encontros”).

O elfo Glorfindel também usa o termo: “Não poderíamos levar-lhe o Anel sem que isso fosse objeto de suspeita ou observação de algum espião. E, mesmo que pudéssemos, mais cedo ou mais tarde o Senhor dos Anéis saberia do esconderijo, e avançaria com todo o seu poder naquela direção” (ver em O Senhor dos Anéis, A Sociedade do Anel, livro II, capítulo II, “O Conselho de Elrond”).

O nome foi dado ao livro de J.R.R. Tolkien, cujo primeiro volume foi publicado em 29 de Julho de 1954.

MODO INGLÊS

 

Utilizando o alfabeto Tengwar é possível serem escritas palavras em inglês. O próprio Tolkien diversas vezes escreveu em inglês usando o alfabeto dos elfos. Pode se ver em  O Senhor dos Anéis, logo no início do livro nas bordas.

“O SENHOR DOS ANÉIS” no Brasil e em Portugal é o nome traduzido literalmente do inglês “THE LORD OF THE RINGS”.

Na publicação do Catalogue of an Exhibit of the Manuscripts of J.R.R.T em 1984, pela primeira vez foi publicado a expressão “O Senhor dos Anéis” no modo inglês. Dessa forma:

the lord of the rings tengwar

Mantendo a coerência do sistema de escrita, na dedicatória do livro O Senhor dos Anéis feita para Simonne d’Ardenne, o professor Tolkien escreveu “The Return of the King” usando tengwar do mesmo modo.

HERU I MILLION

 

Na publicação do Catalogue of an Exhibit of the Manuscripts of J.R.R.T em 1984, pela primeira vez foi publicado a expressão “O Senhor dos Anéis” em élfico Quenya.

heru i million

Heru: significa “Senhor” ou “mestre”. Também utilizada no nome do rei numenoriano “Tar-Herunúmen” (Senhor do Oeste). Em Latim a palavra “Herus” tem o mesmo sentido de “Senhor”, “dono” e em Alemão “Herr” também tem o mesmo significado.

I : Pode significar tantoo” como “do”.

Million: Equivale a “dos Anéis”

Não se sabe ao certo a data em que Tolkien escreveu “Heru I million”, provavelmente tenha sido na década de 50 ou 60 do século XX, em uma de suas dedicatórias nos volumes de O Senhor dos Anéis.

Com a publicação do catálogo em 1984, durante muito tempo os fãs só conheciam essa forma de se escrever O Senhor dos Anéis em Quenya, acreditando que fosse a única versão.

 

I TÚRIN I CORMARON

 

Em Abril de 2009, uma pessoa colocou a venda pelo ebay, a segunda edição inglesa de O Senhor dos Anéis assinada por J.R.R. Tolkien para Philip Brown. Junto com o livro vinha um cartão postal escrito a caneta tinteiro pelo Tolkien.

Nesse cartão Tolkien se referiu ao Senhor dos Anéis como sendo “I Túrin I Cormaron”:

turincormaron

Tolkien não deixou uma forma escrita desse termo em Tengwar. Mas utilizando o modo Quenya apresentado nos apêndices de O Senhor dos Anéis, O Retorno do Rei, pode-se ver algo assim:

the lord of the rings tengwar1

 

I : Pode significar tantoo” como “do”.

Túrin: Significa “Senhor”. É o primeiro nome do filho de Húrin.

I : Pode significar tantoo” como “do”.

Cormaron: “dos Anéis”

Esse cartão postal foi escrito e assinado em 30 de Maio de 1973. Tolkien viria a falecer em Setembro do mesmo ano. Assim, essa parece ser a versão mais recente que se pôde encontrar, sendo possivelmente a mais próxima de algo definitivo.

A utilização de “I Túrin I Cormaron” por Tolkien não parece excluir o uso de “Heru I million” já que em uma língua há palavras que podem ser escritas de forma diferente.

CONCLUSÃO

É complicado definir qual seria versão definitiva sobre como escrever “O Senhor dos Anéis” em élfico Quenya. Há duas versões, sendo uma versão anterior (Heru i million) e outra mais tardia (i túrin i Cormaron). Entende-se que a versão mais tardia pode se aproximar mais do desejo final de Tolkien, já que foi sua última escolha, porém ela não foi escrita em tengwar pelo próprio Tolkien.

Sobre Filmes

JACK and TOLLERS: Mais um projeto para filme da vida de Lewis e Tolkien!

jack and lewis

A época de filmes do Hobbit dirigidos por Peter Jackson é muito boa e produtiva para os fãs. Não apenas porque grandes filmes estão sendo lançados nos cinemas, cheios de efeitos especiais e com uma maior possibilidade de divulgação das obras de Tolkien  decorrente disso. Mas especialmente pelo fato de que novas produções menores ganham mais fôlego e possibilidades de se concretizarem, utilizando do momento em que o tema está evidenciado.

O exemplo mais claro que essa divulgação massivas dos filmes da New Line produz são filmes que buscam recontar a história do maior escritor do século XX, o J.R.R.Tolkien. Atualmente dois filmes  estão sendo produzidos, em que recontam parte da vida do Tolkien. (Veja as notícias AQUI e AQUI).

Até o momento nenhum filme foi lançado em que o Tolkien estivesse como protagonista ou como coadjuvante. De fato, a vida do professor Tolkien é cheia de momentos que podem gerar bons filmes. O professor se tornou órfão quando criança, estudou em Oxford, teve um romance digno de filmes com a Edith (que se tornou sua esposa), lutou na primeira guerra mundial (onde muitos de seus principais amigos morreram), estudou línguas antigas, na segunda guerra mundial foi voluntário de serviços de guarda e dois de seus filhos serviram na luta contra o eixo, se tornou uma figura popular após a publicação do Senhor dos anéis e isso trouxe diversas implicações em sua vida. Sem contar o fato de que era uma pessoa muito criativa e ocupada, mas um pai muito amoroso. E especialmente escreveu um dos livros mais lidos na história mundial, sendo um marco na literatura do gênero. Evidente que se torna complicado resumir os pontos relevantes da vida do professor, mas esses são aspectos que poderiam ser explorados em filmes sem dúvida, pois o professor Tolkien é um exemplo de ser humano.

O número elevado de fãs das obras do professor Tolkien faz com que um filme sobre o autor seja mais que bem vindo. Diante disso, além da produção dos filmes “Tolkien & Lewis” da Atractive Films e o filme “Tolkien” da Fox, algumas pessoas pretendem lançar outro filme com o foque na vida dos escritos Lewis e Tolkien.

THE LION AWAKES PROJECT

Em março de 2012 surgiu um projeto de filme chamado “The Lion Awakes“, cuja produção estava a cargo da Three Agree Films e o produtor executivo Wernher Pramschufev (atual produtor executivo da Atractive Films que está desenvolvendo o filme “Tolkien & Lewis”).

Mas em agosto desse ano (2013) o projeto do filme “The Lion Awakes” foi cancelado.

Não há informações adicionais do porque esse filme foi cancelado, mas ao que parece não havia fundos disponíveis o suficiente para a realização do filme. Além disso parece ter ocorrido um desacordo entre os roteiristas do filme e a direção. Os roteiristas queriam algo mais próximo da história real, sem buscar criações e fantasiar a vida dos escritores.

Diante disso, os roteiristas procuraram um novo produtor executivo. Buscando contatos, eles confiaram o seu roteiro já escrito ao Chris Dodge, produtor executivo da Third Dart Studios.

E o produtor executivo do filme “The Lion Awakes” Wernher Pramschufev decidiu montar uma nova equipe com outros roteiristas e iniciou a produção do filme “Tolkien & Lewis“, cujo roteiro ainda está sendo escrito.

Agora o produtor executivo, Chris Dodge, com o roteiro praticamente pronto em mãos, busca o apoio dos fãs que querem ver uma tradução mais fiel da vida dos grandes escritores Tolkien e Lewis.

JACK & TOLLERS – The true story of the friendship between C. S. LEWIS and J.R.R. TOLKIEN

Agora a equipe do Third Dart Studios está pretendendo realizar um filme que conte a história de Lewis e do Tolkien. Mas, de uma forma diferente.

Inicialmente o projeto não tem patrocinadores e não está relacionado com o estilo de produção de Holywood. Ou seja, eles não estão querendo um formato de filme que seja amplo, massivo e que não retrate a vida dos escritores como ela foi realmente.

A ideia é contar a história dos escritores da forma como ela aconteceu. Sem modificações para tornar a história mais atrativa etc. Por ser uma produção independente isso dará a possibilidade dos fãs terem um contato maior e moldar o estilo do filme da forma como seria mais atrativo ou mais fiel possível ao que se pretende recontar.

O projeto está em uma fase bem inicial. É necessário primeiramente buscar fundos (dinheiro) para que sejam pagas as despesas com toda a produção. Mas como se trata de uma produção independente o produtor executivo Chris Dodge decidiu levar isso aos fãs e humildemente pedir aos fãs que façam doações.

Veja o vídeo lançado por eles pedindo aos fãs que ajudem a financiar o filme (recebemos autorização deles para traduzir e legendar o vídeo, mas estamos sem tempo para isso no momento):

Dois dos maiores autores de nossa época que criaram paisagens icônicas e histórias épicas se tornam amigos durante o seu serviço na Universidade de elite do Mundo . Dentro dos muros de Oxford, C.S Lewis e J.R.R Tolkien são puxados para dentro das terras de fantasia de Nárnia e da Terra-média através do seu amor pela literatura e a línguas. Embora fossem homens muito diferentes, a sua amizade inesperada tornou-se um forte reforço e catalisador para os homens comuns da academia se tornarem vozes extraordinárias de esperança para o mundo. Ambos irão servir aos seus compatriotas lutando na Grande Guerra ;  ambos também vão descobrir o seu lugar na Segunda Guerra Mundial. Do trauma de infância à perda da Fé, das trincheiras do Somme para os salões da Academia, de um homem de fé influenciando um homem com dúvidas, para o impacto que a verdadeira amizade e duradoura tem em nossas vidas … a jornada deles juntos é lendária e seu legado de mitos continua até hoje. Jack & Tollers é uma história que nos lembra que os melhores momentos de nossas vidas acontecem com os amigos ao nosso lado .

Two of the greatest authors of our Age who created iconic landscapes and Epic storylines become friends during their tenure at the leading University in the World. Within the walls of Oxford, C. S. Lewis and J. R. R. Tolkien push outward into the fantasy lands of Narnia and Middle Earth through their shared love of literature and language. Although very different men, their unexpected friendship becomes a strong reinforcement and catalyst for ordinary men of academia to become extraordinary voices of Hope for the world. Both men will serve their Countrymen fighting in the Great War; both men will also discover their place in the Second World War. From childhood trauma to the loss of Faith; from the trenches of the Somme to the Halls of the Academy; from a man of Faith influencing a man of doubt; to the lasting impact true friendship has on our lives…their journey together is legendary and their legacy as Wordsmiths continues on to this day. Jack & Tollers is a story which reminds us the best moments of our lives happen with friends by our side.

A história do filme incluirá cenas que retratam momentos importantes na vida dos escritos. Dentre essas cenas o filme irá incluir o instante em que Tolkien estava na Batalha de Somme, na Primeira Guerra Mundial e está sendo perseguido por soldados da infantaria alemã, galopando com toda velocidade para conseguir a segurança, e Tolkien se volta para ver os soldados da infantaria de transformando em Espectros em sua fértil imaginação.

Um dos pontos chave da amizade de Tolkien com Lewis foi o processo de conversão ao cristianismo do autor de Nárnia. O filme irá explorar esse lado da vida dos escritores. Um momento em que Tolkien explica as suas razões de ser um cristão e Lewis deixa de ser ateu para se tornar um dos principais escritores cristãos do século XX.

JACK era o apelido que C.S. Lewis tinha entre seus amigos e TOLLERS era um apelido dado ao Jovem J.R.R.Tolkien.

Se tudo acontecer com planejado. O filme será lançado em Oxford, Inglaterra, em outubro de 2014. 

Para realizar as doações necessárias para a produção do filme basta criar uma conta no Indiegogo, que é um site que busca reunir fundos para projetos diversos. Muitos bons projetos já foram concretizados usando o poder da internet e esse site inovador. Um exemplo de filme que usou o site Idiegogo para reunir fundos é o filme The Rise of the Fellowship, lançado recentemente.

Então acesse mais dados sobre o filme e como doar para a realização do filme AQUI e você pode acompanhar novidades sobre o filme na fanpage AQUI.

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O Hobbit – Tv Spot 1 Divulgado

 

O primeiro Tv Spot de divulgação do filme “O hobbit – uma jornada inesperada” foi divulgado pelo facebook oficial do filme e apresenta novas falas dos personagens… A incrível frase que inicia o livro é pronunciada ao que parece pelo ator Ian holm, que interpreta o Bilbo mais velho: “In a hole in the ground there lived a hobbit…
http://www.metacafe.com/fplayer/9276426/the_hobbit_tv_spot_1.swf

O video dura apenas 30 segundos, mas já mostra pequenas novidades.Além das falas rápidas dos personagens, há cenas inéditas nesse spot (clique nas imagens para ampliar):

 

 

Gollum revoltado com alguém em um local escuro…

 

Thorin sempre desconfiado do pequeno Bilbo

 

Fonte1: https://www.facebook.com/photo.php?v=10101777833085066

Fonte2: http://www.youtube.com/watch?v=SZ6WX0EI31Q